Em um estudo publicado na revista científica Nature, físicos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) podem ter desvendado um dos grandes mistérios sobre como ocorrem as reações químicas das moléculas. Os pesquisadores explicam que, pela primeira vez, eles conseguiram observar uma ressonância na colisão de moléculas ultrafrias.

A ressonância é um fenômeno físico que ocorre quando um sistema recebe uma força de frequência igual, ou muito próxima, da frequência natural desse sistema. Por exemplo, quando uma cantora atinge uma nota específica e consegue quebrar uma taça de vidro, a ressonância causada na taça é responsável por transformá-la em pequenos pedaços de vidro.

Como a ressonância dos átomos e moléculas acontece em uma escala muito menor, até então, os cientistas não conseguiam observar como a ressonância faz as moléculas reagirem quimicamente. Agora, a equipe do MIT afirma que foi possível observar uma ressonância durante a colisão de moléculas ultrafrias — os pesquisadores sugerem que o avanço dessa descoberta, futuramente, pode ajudar a orientar e controlar algumas reações químicas.

Ressonância da molécula
“Esta é a primeira vez que uma ressonância entre duas moléculas ultrafrias foi observada. Houve sugestões de que as moléculas são tão complicadas que são como uma floresta densa, onde você não seria capaz de reconhecer uma única ressonância”, disse o professor de física no MIT e autor do estudo, John D. MacArthur, em comunicado.

A descoberta pode ajudar a entender o estado intermediário, também conhecido como ‘complexo intermediário’, dessa reação química das moléculas. A observação foi realizada em átomos e moléculas resfriadas a temperaturas pouco acima do zero absoluto, já que as condições ultrafrias facilitam a visualização dos sinais sutis de ressonância.

A primeira observação de ressonâncias aconteceu em 1998, contudo, apenas em átomos ultrafrios. Conforme os cientistas explicam, a observação das moléculas é muito mais complicada do que os átomos, por isso, eles não estavam tão certos de que conseguiriam captar as ressonâncias.

“Esse tipo de ressonância, visto primeiro em átomos simples e depois em átomos mais complicados, levou a avanços surpreendentes na física atômica. Agora que isso é visto em moléculas, devemos primeiro entendê-lo em detalhes e, em seguida, deixar a imaginação vagar e pensar para o que [a descoberta] pode ser boa”, disse comunicado o professor de física de Harvard, John Doyle, que não participou do estudo.

Por Lucas Vinicius Santos