Foi realizado nesta quarta-feira o painel “Escalando o Mercado Agritech: Desafios e Oportunidades”, no estande “The Next Big Thing”, no South Summit Brazil em Porto Alegre. Diogo Garcia, Sócio-diretor e Líder dos Programas de Startups da KPMG Brasil, conversou com Anselmo del Toro Arse, diretor da Solifintec, considerada a maior empresa brasileira de softwares voltados ao agronegócio em atuação hoje. Esteve na pauta o sucesso das startups criadas no Brasil e os desafios do setor.
Com uma contribuição que varia de 25% a 30% do PIB brasileiro, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP, o agronegócio é um setor chave da economia de inovação no Brasil. Garcia pontua que, em 2023, o agro também foi responsável por 30% dos 0,3% de acréscimo registrados no PIB brasileiro. Mas, segundo ele, ainda é necessário maior investimento público e iniciativas privadas que impulsionem as agtechs brasileiras para o mercado exterior. “O país precisa ser uma referência em tecnologia do agro no mundo”, defendeu.
Toro destacou que nos últimos anos alguns mecanismos de financiamento nacional foram criados, tais como InovaCred 4.0, da FINEP, Maquinas 4.0 e Serviços 4.0, do BNDES, mas “assim como estes programas ajudam o produtor a financiar a aquisição destas tecnologias, faltam ainda linhas para apoiar diretamente as AgTech na sua jornada de crescimento”, reiterou.
A Solifintec é uma das 71 startups, dentre as quais 5 são agritechs, atendidas pelo programa de startups da KPMG, chamado Emerging Giants Brasil. O programa oferece mentoria especializada para startups em fase de crescimento acelerado. A KPMG, por sua vez, é uma rede global de firmas independentes presente em 143 países. Há 109 anos instalada no Brasil, a KPMG é licenciada pela inglesa KPMG International Limited e atua no país como sociedade simples de responsabilidade limitada. A companhia atua nas áreas de consultoria, auditoria e serviços fiscais para empresas, governos, startups, agências do setor público, ONGs e instituições do mercado de capitais.
Com pouco mais de 800 funcionários, entre engenheiros, cientistas, desenvolvedores, agrônomos, administradores e muitos outros profissionais espalhados pelo mundo, a matriz da Solifintec está em Araçatuba-SP, mas são 9 filiais distribuídas em vários estados do Brasil, com subsidiárias em Cali, Colômbia (para clientes LATAM), West Lafayette, Indiana-USA, Saskatchewan, Canadá e um escritório de tecnologia em Shenzhen, China.
Maior Agtech do Brasil é responsável por uma plataforma robótica que pode mudar a forma de fazer agricultura
Nos últimos dois anos a Solinftec está focada em duas linhas: desenvolvimento de ferramentas variadas para aumentar a produtividade nos canaviais, com o programa denominado Cana+ e no desenvolvimento de uma plataforma robótica chamada Solix Ag Robotics, movida a energia solar e bateria, que promete mudar a forma de fazer agricultura.
Toro afirmou que a plataforma Solix Ag Robotics já está em fase de comercialização no Brasil e nos Estados Unidos. Segundo ele, o equipamento robótico visa reduzir os custos elevados de operação das máquinas agrícolas atuais, oferecendo uma plataforma robótica que vive no campo, funcionando vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.
Para dimensionar ao leitor o impacto desta mudança, Toro explica que, só na operação de pulverização localizada de herbicidas, esta nova tecnologia alcança uma economia de até 95% do químico, com a consequente redução do custo e aumento da produtividade.
Ao longo dos 18 anos de existência, a Solinftec recebeu vários aportes de investidores, de 7 MMUS$ Serie A em 2016, 41 MMUS$ Serie B e 52 MMUS$ serie C em 2022, e entre 2019 e 2023 obteve 93 MMUS$ em recursos provenientes da emissão de vários CRA (Certificado Recebível Agrícola). “Acho que acertamos em enxergar a agricultura como uma indústria a céu aberto”, avaliou Toro sobre o sucesso contínuo obtido nos últimos anos.
“Hoje a empresa está focada como estratégia em continuar alavancando o crescimento de nossa plataforma digital no agro, tanto no Brasil quanto nos 11 países onde a empresa está presente, e um objetivo importante é a expansão no mercado brasileiro e norte americano da nova plataforma robótica Alice, pelo potencial transformador desta tecnologia para a agricultura e o meio ambiente”, ressaltou.
O que é uma Agtech?
Chamam-se Agtech as empresas de tecnologia de sistemas para o agronegócio, como a Solinftec, por exemplo. Há também um termo mais generalista, “Agritech”, que denomina as empresas de tecnologia de todo o setor, incluindo fabricantes químicas e fabricantes de máquinas agrícolas, por exemplo.
Brasil é destaque com Agtechs no exterior
Durante o painel, Garcia ressaltou ainda que, em 2021, o Brasil já foi destaque no mundo com a Krilltech, agtech campeã do prêmio de inovação Global Tech Innovator 2021, evento realizado em Lisboa pela KPMG global, onde a startup brasileira concorreu com outras 16 empresas de diferentes países.
Vitória Miranda