Uma expedição histórica de 30 dias a bordo do navio de pesquisa Falkor, do Schmidt Ocean Institute (SOI), descobriu um novo ecossistema em cavidades vulcânicas abaixo de fontes hidrotermais na elevação do Pacífico Leste na América Central.
Conforme divulgado pelo instituto na terça-feira (8), a expedição foi liderada por Monika Bright, da Universidade de Viena, que atuou com uma equipe científica internacional de Estados Unidos, Alemanha, Holanda, França, Costa Rica e Eslovênia.
Utilizando o robô subaquático ROV SuBastian, os cientistas derrubaram pedaços de crosta vulcânica, descobrindo sistemas de cavernas repletos de vermes, caracóis e bactérias quimiossintéticas que vivem em águas a 25ºC.
Entre os animais vistos pela equipe estavam vermes tubulares, que viajam sob o fundo do mar através do fluido de ventilação para colonizar novos habitats. Porém, como poucos filhotes desses vermes foram encontrados na água acima das fontes hidrotermais, os pesquisadores acreditam que eles navegam também sob a superfície terrestre para criar novas comunidades nessas fontes.
Isso significa que os habitats desses seres existem tanto acima quanto abaixo do fundo do mar. “Nossa compreensão da vida animal nas fontes hidrotermais do fundo do mar se expandiu muito com esta descoberta”, diz Bright, em comunicado.
Segundo explica a especialista, existem dois habitats dinâmicos de ventilação, onde animais “prosperam juntos em uníssono, dependendo do fluido de ventilação de baixo e do oxigênio na água do mar de cima”.
As fontes hidrotermais fluem através de rachaduras na crosta terrestre devido à atividade tectônica. Quando uma nova fonte hidrotermal surge, o ecossistema segue se formando rapidamente, pois os animais colonizam uma área em poucos anos.
Centistas passaram os últimos 46 anos estudando as fontes hidrotermais e a vida microbiana, mas nunca procuraram por animais sob essas fontes. A equipe de Bright é a primeira a examinar e confirmar que as larvas de vermes tubulares podem se estabelecer e viver sob o fundo do mar.
A equipe científica foi acompanhada pelo artista de Los Angeles, Max Hooper Schneider, que construiu esculturas nos sistemas de ventilação com o ROV SuBastian. Além de ajudar no ensaio artístico, o grupo de cientistas conduziu experimentos com seu robô subaquático colando caixas de malha sobre rachaduras na crosta terrestre. Quando os objetos foram removidos junto da crosta após vários dias, os especialistas descobriram animais vivendo abaixo da superfície em cavidades hidrotermais.
“Esta descoberta verdadeiramente notável de um novo ecossistema, escondido sob outro ecossistema, fornece novas evidências de que a vida existe em lugares incríveis”, afirma Jyotika Virmani, diretora-executiva do SOI.
Nos próximos meses, os cientistas estudarão os resultados de seus experimentos. “A descoberta de novas criaturas, paisagens e, agora, um ecossistema totalmente novo ressalta o quanto ainda temos a descobrir sobre nosso oceano – e como é importante proteger o que ainda não sabemos ou entendemos”, declara Wendy Schmidt, presidente e cofundadora do SOI.
Veja abaixo um vídeo com filmagens da expedição que encontrou o novo ecossistema no Pacífico: