Mais de 60% do crescimento agrícola brasileiro nos últimos anos se deve à adoção de tecnologia, segundo pesquisa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nas últimas décadas, presenciamos um crescimento exponencial da inovação nas fazendas com a popularização da chamada agricultura de precisão. Com origem na busca por maior eficiência agrícola, ela consiste na utilização de recursos que permitem ações customizadas: em vez de atuar em todo o campo de forma única, cada área da produção é tratada de acordo com sua necessidade específica.
Hoje, algumas ferramentas de agricultura de precisão, como os sistemas de orientação, por exemplo, já estão com níveis de adoção de aproximadamente 90%, conforme aponta a associação comercial norte-americana Association of Equipment Manufacturers (AEM). Outras, porém, ainda têm bastante espaço para crescer, como é o caso dos controladores de fertilizantes. A tecnologia de taxa variável e de controle de seção, que compõem esse tipo de solução, são usadas atualmente por cerca de 50% dos agricultores, de acordo com a AEM.
“Esse tipo de produto permite que cada parte da área de cultivo receba a quantidade ideal de fertilizantes e corretivos, considerando as características daquele ponto da produção agrícola, e não uma dose média. Isso é importante porque o solo é desuniforme e as áreas de cultivo podem ter grande variação em fertilidade e necessidades químicas. Além disso, a tecnologia de controle de seção desliga automaticamente o aplicador em casos de sobreposição, eliminando o desperdício de insumos”, explica Bernardo de Castro, presidente da divisão de Agricultura da Hexagon, que desenvolve soluções digitais para o campo.
Os resultados do uso dessas tecnologias são visíveis. Com o HxGN AgrOn Controle de Fertilização, desenvolvido pela empresa, há uma economia de cerca de 20% nos insumos aplicados e ganho de produtividade de até 30% na colheita, já que o solo consegue captar todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento dos seus cultivos com qualidade.
Uma nova etapa com a agricultura digital
Com os agricultores recorrendo cada vez mais à tecnologia para alcançar seus objetivos e o aumento progressivo da conectividade no campo nos últimos anos, a evolução da agricultura de precisão para a agricultura digital vem se consolidando.
Embora sejam complementares, os dois conceitos têm diferenças: a agricultura digital trata da utilização de tecnologias digitais, ou seja, métodos computacionais, inteligência artificial, machine learning, big data, entre outras. Ela está bastante apoiada na coleta, monitoramento e interpretação de grandes quantidades de dados para auxiliar na tomada de decisões dos produtores e gestores agrícolas e melhorar a eficiência das operações — podendo, inclusive, ter suas informações utilizadas para o manuseio mais eficiente das ferramentas de precisão.
“Com a agricultura digital, é possível, por exemplo, realizar o monitoramento das máquinas e frotas em campo, registrando de segundo a segundo a posição e a atividade que está sendo realizada no cultivo e na colheita. Relatórios sobre rendimento, produtividade, distância, velocidade, entre outros pontos, são gerados para análise”, comenta Bernardo de Castro.
A partir da transferência de informações dos computadores de bordo das máquinas agrícolas para a nuvem por meio de canais de comunicação 3G, 4G, Wi-Fi ou satelital, é possível acompanhar até mesmo em tempo real tudo que acontece na lavoura, diretamente de uma central de comando remota. Com isso, gestores podem definir estratégias e realizar intervenções rápidas sempre que necessário, mesmo estando longe da produção.
Outra particularidade da agricultura digital é a sua amplitude. Ela não se restringe ao campo, abrangendo desde o momento em que a semente vai para o solo até o produto final na mesa do consumidor. Para além da produção, por exemplo, é possível monitorar todo o caminho realizado pela matéria-prima, desde sua origem até a entrega na indústria.
“O HxGN AgrOn Rastreabilidade de Matéria-Prima é uma solução instalada em colheitadeiras, transbordos e carretas de caminhões para realizar o rastreio de cana-de-açúcar. Além da localização exata de toda a produção, esse tipo de tecnologia coleta informações como a área e o tempo de duração da colheita, aumentando a qualidade e a agilidade das operações e superando a falta de infraestrutura para rastreio de cargas no campo”, reforça o presidente da divisão de Agricultura da Hexagon.
Fonte: Dialetto
Por: Portal do Agronegócio