Estudo sugere que a cooperação estratégica entre os humanos é um comportamento herdado há pelo menos 30 milhões de anos de um ancestral comum com babuínos.
Assim como seres humanos, pelo menos uma espécie de primata tende a desenvolver estratégias complexas para cooperação dentro de um grupo. Foi o que descobriram cientistas do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) em um experimento com babuínos da Guiné.
O estudo mostrou que, tal como os humanos, os babuínos da Guiné desenvolvem estratégias complexas para selecionar parceiros para cooperação, baseando as suas decisões em interações passadas. Eles tendem a interagir mais com os pares que cooperam com eles do que com aqueles que se mostram egoístas.
Humanos fazem isso quase que naturalmente. O exemplo dado pelos cientistas é de crianças que ajudam seus colegas na escola emprestando anotações de aula. A criança que é beneficiada com isso tende a retribuir o favor quando necessário. Os babuínos mostraram comportamento semelhante na estrutura do estudo montada pelo cientista.
No experimento, 18 babuínos da Guiné foram separados em pares e colocados frente a frente, separados por uma divisória transparente, para que pudessem observar o comportamento do parceiro. Cada babuíno tinha sua própria tela sensível ao toque, com a qual já estavam acostumados em pesquisas anteriores no centro.
Um dos babuínos foi então apresentado a várias imagens em sua tela. Pressionar uma imagem liberaria uma guloseima saborosa – alguns grãos de trigo – só para eles. Mas pressionar outra imagem daria a recompensa aos dois babuínos – uma decisão que o parceiro do outro lado da tela veria.
Dez dos babuínos não compreenderam a tarefa. Para os oito restantes, os pesquisadores realizaram quase 250 mil testes em pares aleatórios, ao longo de 95 dias.
Em quase todas as interações, os babuínos selecionaram “a imagem que recompensava a ambos”, disse Anthony Formaux, especialista em psicologia animal e principal autor do estudo publicado na revista Science Advances, segundo o Phys.org.
Então os pesquisadores aumentaram a dificuldade. Os babuínos tiveram duas opções: uma dava uma guloseima ao macaco do outro lado da tela, enquanto a outra não fazia nada.
Os babuínos que davam guloseimas aos seus colegas tiveram maior probabilidade de receber outras em troca. Mas se um babuíno fizesse a escolha “egoísta” de não recompensar o seu parceiro, o parceiro iria mais tarde “puni-lo”, procurando outro animal para interagir.
“Foi incrível!” disse Formaux. “Eles adaptaram a sua estratégia de acordo com a dificuldade e os custos que lhes foram impostos.”
Para os pesquisadores, o estudo permite sugerir que a cooperação estratégica entre os humanos é um comportamento herdado há pelo menos 30 milhões de anos de um ancestral comum com esses animais.
Texto: Um só Planeta