Os drones já são usados em diferentes circunstâncias, de serviços de entrega até em guerras. Agora, cientistas italianos propõem o uso dos veículos aéreos não tripulados no atendimento de emergências médicas, em locais de difícil acesso. A proposta surgiu após realizarem uma série de simulações de missões em desfiladeiros na região Tirol do Sul, localizada ao norte da Itália.
Liderado por pesquisadores da Eurac Research, o estudo testou a eficácia do atendimento com drones em áreas onde são normalmente solicitados resgates de emergência. Na região, são registradas 50 paradas cardíacas por ano e, em alguns casos, o atendimento médico não chega no tempo necessário.
Além dos problemas no coração, drones podem acelerar o atendimento em casos de fraturas, contusões e outros tipos de lesões traumáticas. “É particularmente difícil localizar pessoas feridas aqui. Os telefones celulares não têm sinal e a área é de difícil acesso”, explica Michiel van Veelen, médico que trabalha como socorrista e um dos autores do estudo, em nota.
Vale a pena usar drones em situações de emergência?
No estudo, publicado na revista científica American Journal of Emergency Medicine, os autores simularam 24 operações de resgate, auxiliadas por drones ou não. Entre todas as vantagens, a principal foi a questão do tempo, um fator fundamental quando são consideradas emergências médicas.
Segundo os pesquisadores, o tempo médio para localizar o paciente foi de 14,6 minutos no grupo apoiado por drones e 20,6 min no outro. Enquanto isso, o tempo para iniciar o tratamento foi de 15,7 min quando a equipe era apoiada por drones, sendo que, no controle, o mesmo processo levou 22,4 min. Em média, a tecnologia reduz 30% do tempo necessário.
A questão é que, por enquanto, os drones não são infalíveis, especialmente quando as condições climáticas estão adversas, como ventos fortes ou tempestades. No experimento, quatro missões falharam por problemas técnicos.
Como os drones ajudam a missão de resgate?
Aqui, cabe destacar que os drones funcionam para a localização de vítimas de acidentes, através das câmeras. Só que o equipamento também pode transportar pequenas embalagens contendo rádios, mantas térmicas, equipamentos de proteção ou ainda material de primeiros socorros. Por exemplo, com o rádio, é possível dar as primeiras instruções de atendimento, enquanto a equipe médica chega até o local.
Drones desenvolvidos para operações de resgate
Em parte paralela do estudo, os cientistas começaram a trabalhar em parceria com a startup MAVTech, que desenvolveu o drone Q4X usado no experimento. A ideia é adaptar as tecnologias existentes para melhorar a resistência dos equipamentos em condições climáticas adversas. Hoje, já é testado um drone equipado com desfibrilador, de uso simplificado, para o socorro de vítimas com problemas cardíacos.
Fonte: The American Journal of Emergency Medicine e Eurac Research
Por: Fidel Forato