quinta-feira,19 setembro, 2024

eSports: competições chamam a atenção de startups em busca de escala e internacionalização

Desenvolver jogos ou softwares de gestão são algumas das opções para o empreendedor que quer investir no segmento

O mercado de games no Brasil apresenta números expressivos. Cerca de 75% dos brasileiros dizem ter o hábito de acessar jogos digitais, segundo dados de 2022 da Pesquisa Game Brasil (PGB), principal levantamento do setor. Para 76,5% desse público, os jogos eletrônicos são a principal fonte de entretenimento. Em 2021, o número era 68%.

Globalmente, os dados também impressionam. Em 2021, as companhias de games movimentaram US$ 175,8 bilhões em todo o mundo. Para o final de 2023, espera-se que o faturamento do segmento alcance US$ 200 bilhões.

A pujança desse mercado impulsionou as competições de esportes eletrônicos, modalidade conhecida como eSports. Em certos aspectos, a dinâmica é bastante similar às disputas de jogos tradicionais, como o futebol. Há a profissionalização dos jogadores, a formação de times e ligas profissionais, o apoio de patrocinadores e um público fanático que acompanha de maneira entusiasmada as partidas. No centro das disputas, estão jogos como League of Legends, Counter Strike, Valorant, Free Fire, Rainbow Six Siege e Street Fighter.

Para se ter uma ideia da força do cenário, 81,2% dos gamers que responderam à pesquisa da PGB de 2022 afirmam já terem ouvido falar em eSports, enquanto 63,2% acompanham ou assistem às competições.

Esse imenso mercado, como não poderia deixar de ser, chamou a atenção das startups, de olho no potencial de escala do segmento. “Os investimentos em startups de esportes eletrônicos estão ligados a quanto mais escaláveis e internacionalizáveis esses negócios podem ser. Startups que focam em outros mercados além do brasileiro acabam recebendo volumes maiores de aporte”, afirma Ricardo Motta, responsável pela área de comunidade do Arena Hub, um centro de inovação voltado para os esportes.

Segundo Motta, quem se interessa pelo setor tem diferentes possibilidades para empreender. “É possível atuar no treinamento e agenciamento de atletas, oferecer plataformas para comunidades e pensar em outras soluções para aumentar o engajamento dos fãs, com produtos e serviços ligados aos times”, afirma.

Há boas oportunidades ligadas ao público consumidor, que é fiel às marcas que acompanha e apaixonado pelas competições. “Para aproveitar essa característica, é importante entender o meio e respeitar a paixão do público. Os produtos de eSports são focados na experiência, na imersão e na conexão forte entre consumidor e marcas”, diz Carlos Silva, CEO da Go Gamers, consultoria especializada no segmento.

“Hoje, o principal perfil do consumidor é o público jovem adulto, superenvolvido, com poder aquisitivo e que gosta de investir na experiência”, completa Silva. A fidelidade dos fãs garante às empresas que se associam aos eSports um mercado de milhares de consumidores. “Expor a sua marca num torneio com mais de 1 milhão de espectadores é muito tentador”, diz Silva.

Segundo a PGB 2022, o celular é a plataforma preferida de 48,3% dos brasileiros. Essa característica, afirma Silva, amplia as possibilidades de atuação dos empreendedores, que passam a contar com um volume maior de potenciais clientes – e com diferentes perfis, inclusive de raça (49,4% dos gamers são negros) e de gênero (51% são mulheres).

Em números

  • 19 startups atuam no segmento no país, segundo levantamento da Abstartups
  • US$ 2,8 bilhões é quanto os mercados brasileiros de games e eSports devem faturar em 2026; no mundo, a estimativa é de US$ 323,5 bilhões
  • US$ 15 milhões deve ser o faturamento do mercado de eSports brasileiro em 2026; o valor será quase três vezes maior do que a receita de 2021, que foi de US$ 5,4 milhões
  • US$ 1,1 bilhão será a receita do patrocínio de eSports em 2026
  • 47,4% será a participação brasileira na receita total do mercado de games da América Latina em 2026

Perfil dos gamers

Fonte: Pesquisa Global  de Entretenimento e Mídia 2022–2026, da PwC Brasil e pgb 2022 — Foto: PEGN

Fonte: Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia 2022–2026, da PwC Brasil e pgb 2022 — Foto: PEGN

Oportunidades

Assim como o futebol vai muito além dos jogadores em campo, os eSports oferecem diferentes possibilidades para o empreendedor. Como o mercado segue em expansão, há espaço para identificar problemas e apresentar soluções em um ambiente com pouca concorrência.

Quem quer aproveitar a projeção positiva para os próximos anos pode apostar em diferentes oportunidades de negócio, como o desenvolvimento de softwares para melhorar a gestão dos campeonatos ou uma plataforma para sediar os jogos. Confira algumas das alternativas.

Desenvolvimento de jogos
A popularização dos eSports e o avanço do mercado dos últimos anos geram demanda por jogos para plataformas diferentes, como smartphone, computadores e consoles de videogame. Há também espaço para a produção de games com protagonistas mais diversos nos quesitos raça e gênero.

Experiências no metaverso
Nesse novo mercado em alta, o empreendedor oferece a experiência dos jogos dentro do metaverso, onde as pessoas podem criar avatares para participar das competições; os consumidores também estão dispostos a comprar imóveis ou objetos digitais dentro do universo virtual.

Plataformas de streaming
O acesso a jogos via streaming continua sendo uma tendência. Há espaço no mercado para iniciativas que ofereçam o acesso aos jogos via assinatura mensal, sem que o usuário precise fazer nenhum tipo de download.

Agenciamento e oferta de profissionais
Além dos players, existe demanda por narradores, árbitros, comentaristas, psicólogos e treinadores; também dá para apostar em cargos administrativos, como diretor e gerente dos times.

Eventos presenciais
Os fãs de eSports gostam de acompanhar a transmissão dos jogos em espaços presenciais, como arenas esportivas. Ainda existe uma procura forte por locais físicos para a realização das competições.

Parceria com clubes de futebol
Times como Corinthians e Santos já investiram em esportes eletrônicos, e a tendência é que esse movimento se amplie nos clubes brasileiros – fornecer serviços para os clubes pode ser uma boa oportunidade de negócio.

Gestão dos campeonatos
Todas as etapas da competição, da inscrição aos resultados, precisam ser gerenciadas com eficiência para garantir a confiança das marcas e a boa experiência do público – sai na frente quem oferece soluções eficientes de gestão.

Conteúdo educativo
Muitos gamers querem se profissionalizar – assim como atletas tradicionais, eles precisam de treinamento, mentoria e assessoria para ter uma chance nos grandes times.

Assessoria para marcas e agências
Como o mercado é relativamente novo, muitas empresas têm interesse em patrocinar os jogos, mas não sabem como fazer isso. Há espaço para empreendedores que querem oferecer consultoria sobre como as marcas podem aproveitar esse enorme público consumidor.

Aluguel de equipamento e mobiliário para eventos
A experiência dos jogos depende de equipamentos de qualidade, como monitores de ponta e boa conexão com a internet. Aluguel de mobiliário e equipe para trabalhar nos eventos também são muito demandados.

Gamificação de processos das empresas
A linguagem dos games e dos campeonatos pode ser adaptada para empresas que queiram melhorar o engajamento com colaboradores e clientes, além de obter dados sobre seu público.

Texto: Ana Gabriela Oliveira Lima

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