Artigo publicado na revista Science mostra que essas micro dormidas totalizam cerca de 11 horas diárias e parecem ser suficientes para manter os animais ativos por semanas

Conseguir dormir e ao mesmo tempo cuidar dos recém-nascidos não é um desafio exclusivo da raça humana. No caso dos pinguins barbicha, da Antártica, que precisam proteger seus ovos e filhotes 24 horas por dia de predadores, a solução encontrada para descansar é cochilar milhares de vezes por dia, mas apenas por cerca de quatro segundos de cada vez, descobriram pesquisadores.

Em artigo recente publicado na revista Science, eles relataram que essas pequenas dormidas totalizam cerca de 11 horas por dia e parecem ser suficientes para manter os animais ativos por semanas.“Para esses pinguins, os microssonos têm algumas funções restauradoras – caso contrário, eles não poderiam durar”, comentou Won Young Lee, biólogo do Instituto Coreano de Pesquisa Polar, e um dos autores do trabalho.

Niels Rattenborg, pesquisador do sono no Instituto Max Planck de Inteligência Biológica, da Alemanha, e co-autor, acrescentou: “Esses pinguins parecem motoristas sonolentos, piscando os olhos para abrir e fechar, e fazem isso 24 horas por dia, 7 dias por semana, durante várias semanas seguidas. O que é surpreendente é que eles conseguem funcionar bem e criar os seus filhos com sucesso”.

Medição das ondas cerebrais

Reportagem da agência AP destaca que a ideia do estudo surgiu quando Lee notou pinguins reprodutores piscando frequentemente os olhos e aparentemente cochilando durante seus longos dias de cuidado com os ovos e os filhotes.

Mas era preciso registrar as ondas cerebrais deles para confirmar que estavam dormindo. E foi o que os cientistas fizeram. Utilizando sensores, eles conseguiram coletar dados de 14 adultos durante 11 dias em uma colônia de reprodução na Ilha King George, na costa da Antártida.

“Ainda não sabemos se os benefícios do micro sono são os mesmos que os do sono longo e consolidado”, observou Paul-Antoine Libourel, coautor e pesquisador do sono no Centro de Pesquisa em Neurociências de Lyon, na França.

Texto: Redação, do Um Só Planeta