Segundo o biólogo Claudio Campagna, praticamente todos os filhotes nascidos nesta temporada foram a óbito
A Península de Valdés, na Patagônia Argentina é um refúgio da vida silvestre, lar de espécies como baleias, pinguins e leões marinhos. Porém, uma tragédia está assolando a região: uma epidemia de gripe aviária tem matado milhares de elefantes marinhos, conforme relatado pelo biólogo Claudio Campagna, ex-pesquisador do CONICET e da WCS Argentina, em artigo publicado no jornal Clarín.
Segundo ele, praticamente todos os filhotes nascidos nesta temporada foram a óbito – mas os adultos também estão sendo afetados. Para retratar isso em números, em 2022 nasceram 18 mil bebês e morreram 2 em cada 100; este ano, o número será próximo de 100 em cada 100.
“Os especialistas se perguntam quantos animais restarão após a aniquilação”, escreveu Campagna. “O vírus da gripe aviária afeta as populações naturais de aves. De vez em quando, ele salta para as aves domésticas: as galinhas que vivem em gaiolas. Quando a doença chega à fazenda, todos os animais são eliminados. Antes, o vírus pode sofrer mutação, tornar-se muito letal e contagioso e retornar à natureza, exterminando aves e também mamíferos.”
A previsão é que as mudanças climáticas levarão a novas e mais epidemias. “Espero que nada aconteça e eu seja acusado de ser alarmista. É disso que se trata: dar o alarme, e expressar que entre as coisas mais belas do país estão os espetáculos naturais de Valdés, hoje ameaçados”, complementou o biólogo.
Diante dessa situação, o governo local, o CONICET e organizações ambientais estão se unindo para contar os animais mortos e coletar amostras para identificar a variante viral.
“Eles medem o drama, não podem fazer muito mais. Há temores por baleias e orcas. Mas o país é distraído por outros números, sem dúvida importantes, embora não mais dramáticos do que aqueles que estão subjacentes a uma tristeza quase insuportável”, finalizou Campagna.
Texto: Redação, do Um Só Planeta