CEO destacou a Inteligência Artificial Generativa como uma potência em diferentes setores e alertou sobre a importância do apoio ao estudo acadêmico para o surgimento de novas tecnologias promissoras
É inegável que a Inteligência Artificial Generativa é, atualmente, uma das principais tendências tecnológicas no mundo. Sua adoção vem se expandindo por diversos setores, desde a indústria até o comércio e os serviços, se tornando um pilar fundamental em diferentes contextos. Ela tem gerado resultados, promovido inovações e oferecido melhorias que muitos consideram promissoras. E na ciência, não tem sido diferente, como destacou Elizabeth Bramson-Boudreau, CEO e publisher da MIT Technology Review.
No segundo dia da Febraban Tech 2025, Bramson-Boudreau destacou dez tecnologias com potencial para impactar a economia e a sociedade. A seleção apresentada pela CEO faz parte do relatório MIT Technology Review, uma iniciativa do MIT (Massachusetts Institute of Technology) que, desde 2001, aponta as principais tendências tecnológicas a cada ano.
Da criação de células em laboratório que ajudam a reduzir convulsões ao desenvolvimento de soluções de inteligência artificial mais compactas e especializadas, a CEO afirmou que a IA representa um enorme potencial no campo da ciência.
“A inteligência generativa vai contribuir para a criação de robôs e tecnologias espaciais, tornando possível a exploração e a compreensão do cosmos, por exemplo — sem falar nos avanços da robótica humanoide em geral”
— Elizabeth Bramson-Boudreau
Com o avanço da tecnologia e os estudos sobre novas formas de aplicação da inteligência artificial, não apenas a ciência, a saúde e o meio ambiente serão beneficiados. Para a CEO, dentro de cinco anos já será possível perceber mudanças significativas também em setores como a indústria, as finanças e até mesmo a política — seja por meio da otimização de recursos, seja pelo desenvolvimento de soluções voltadas ao bem-estar da sociedade.
“Quando falamos ou pensamos sobre isso, muitos acreditam que empregos serão perdidos e que a tecnologia substituirá o ser humano. Mas, na verdade, haverá transformações, mas não perdas. O segredo está em abraçar essas novas ferramentas”
O outro lado do avanço
Apesar dos resultados positivos e do potencial já reconhecido por especialistas, Bramson-Boudreau também alertou para os riscos associados ao avanço da inteligência artificial. Se, por um lado, sua implementação representa um marco no progresso tecnológico, por outro, seu desenvolvimento pode gerar custos elevados, especialmente no que diz respeito à logística e à construção dos centros de dados.
“Estamos cientes e refletindo sobre o custo energético da inteligência artificial. Seus grandes centros de dados estão sendo construídos em regiões desérticas, com pouca disponibilidade de água e de outros recursos essenciais para o desenvolvimento da tecnologia”, destacou. Para ela, um dos principais desafios atuais é justamente encontrar estratégias que equilibrem a continuidade das pesquisas com alternativas para reduzir os altos custos e os possíveis impactos ambientais negativos.
O apoio financeiro para o desenvolvimento de novas tecnologias
E não é apenas o desenvolvimento da inteligência artificial que envolve altos custos, mas também os estudos e os recursos necessários para torná-lo viável.
Bramson-Boudreau destacou que as pesquisas acadêmicas por trás dessas tecnologias, assim como de tantas outras desenvolvidas no MIT, são essenciais para que inovações como a inteligência artificial continuem surgindo. No entanto, ressaltou que esses estudos são longos, complexos e enfrentam lacunas de financiamento que chegam à casa dos trilhões de dólares.
“O desenvolvimento dessas tecnologias é demorado e exigente, e muitas instituições de pesquisa ainda não recebem o apoio necessário. Acredito que cabe aos investidores, tanto públicos quanto privados, olhar com mais atenção para essa questão. Estudos como os do MIT já demonstram claramente a importância disso”
Para a CEO, investir em pesquisa acadêmica é garantir o futuro da ciência e o surgimento de novas tecnologias promissoras. Cortes de orçamento, falta de financiamento e restrições à entrada de novos alunos, como as impostas pelo presidente Donald Trump à Universidade de Harvard, podem comprometer seriamente o progresso.
“É dessas instituições que saem algumas das melhores ideias e mentes do mundo, pessoas que querem contribuir com o conhecimento e o avanço da sociedade. A ideia de deixar essas pessoas de fora me parece mesquinha”, finalizou Elizabeth Bramson-Boudreau.
Por Mariana Letizio*