Meta planeja lançar chatbots com diferentes personalidades para atrair usuários jovens. Mas tratar IA como seres humanos tem desvantagens
Em 2021, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, consciente da incapacidade do Facebook de atrair jovens usuários, instruiu suas equipes a intensificarem seus esforços na geração Z e a focar menos na base de usuários ativos, que é significativamente mais velha. E a inteligência artificial, ao que parece, desempenha um papel fundamental nesta iniciativa.
O “The Wall Street Journal” informou que a empresa em breve anunciará uma linha de chatbots de IA com “personalidades”
NOSSA MENTE TEM UMA INCLINAÇÃO NATURAL PARA INFERIR QUE ALGO QUE PODE FALAR É HUMANO.
definidas em seus aplicativos sociais. Um deles, chamado Bob the Robot (Bob, o robô), é capaz de escrever códigos, mas também se descreve como “mestre da irreverência”, de acordo com o jornal. Outro, o Alvin the Alien (Alvin, o alienígena), tem muita curiosidade sobre a vida e os hábitos dos usuários.
A Meta também estaria explorando a possibilidade de permitir que celebridades e criadores interajam com fãs e seguidores por meio de seus próprios chatbots personalizados.
Atribuir uma personalidade a um chatbot não é algo novo. A Microsoft fez isso há algum tempo com o Tay. Mais recentemente, o Snap lançou o MyAI, que foi construído com base no ChatGPT, da OpenAI. Já o Character.AI permite que os usuários criem bots com personalidades ou interajam com outros inspirados em pessoas famosas.
Mas será que deveríamos interagir com a IA como se fosse humana? Um novo relatório do grupo de defesa de direitos dos consumidores Public Citizen responde a essa pergunta com um enfático não.
“Nossa mente tem uma inclinação natural para inferir que algo que pode falar é humano e não está preparada para lidar com máquinas que imitam nossas características únicas, como emoções e opiniões”, escreve o diretor da pesquisa, Rick
OS DIAS DOS CHATBOTS GENÉRICOS E SEM PROPÓSITO ESPECÍFICO PROVAVELMENTE ESTÃO CONTADOS.
Claypool. “Esses sistemas podem manipular os usuários em transações comerciais e isolá-los ao assumir papéis sociais normalmente desempenhados por pessoas reais.”
Apesar de tais preocupações, os dias dos chatbots genéricos e sem propósito específico provavelmente estão contados. O conhecimento básico e generalizado que os modelos adquirem com o treinamento passará a ser uma exigência mínima e os bots se destacarão por suas habilidades e “personalidades”.
Vamos torcer para que, no futuro, não tentem se passar por humanos ou usem seu surpreendente domínio da linguagem para persuadir ou manipular.
CHATGPT AGORA ENTENDE IMAGENS E SONS
Além de personalidades, os chatbots de IA também estão ganhando novos sentidos. Os primeiros grandes modelos de linguagem que os alimentavam eram treinados apenas em texto e não podiam compreender sons ou imagens.
Mas, recentemente, a OpenAI anunciou que o ChatGPT agora tem a capacidade de processar dados sonoros e visuais. Um usuário pode, por exemplo, mostrar ao bot uma imagem e, em seguida, conversar em áudio sobre ela.
É importante observar que ele não apenas classifica imagens ou converte a fala em texto, mas também compreende os significados. Uma possibilidade de uso é apresentar uma foto do conteúdo de uma geladeira para que o ChatGPT dê ideias de refeições com base nos ingredientes disponíveis, além de fornecer as receitas. Talvez ele realmente tenha ganhado “olhos e ouvidos”, como a empresa afirma.
Vale ressaltar que a OpenAI sugere usar os novos recursos do ChatGPT para “contar histórias de ninar para crianças ou encerrar debates durante um jantar” – o que é bem parecido com o tipo de coisas que a Amazon quer que façamos com a Alexa. No entanto, ela não foi criada com base em um grande modelo de linguagem, muito menos em um que processe dados sonoros e visuais.
Por enquanto, se você quiser tocar uma música para o ChatGPT, precisará inserir manualmente o áudio na conversa. Mas bastaria colocá-lo em um dispositivo independente com microfones sensíveis e, de repente, teríamos um assistente de voz inteligente alimentado por IA que vai muito além do que os modelos atuais, como Alexa e Siri, são capazes de fazer – pelo menos agora.
Texto: Mark Sullivan