Solução detecta golpes em tempo real com análise vocal e inteligência artificial, reduzindo riscos sem afetar a experiência do cliente
O crescimento de crimes digitais no Brasil tem levado companhias a buscar ferramentas com capacidade de resposta imediata. Segundo o DataSenado, 24% da população acima de 16 anos foi vítima de algum golpe virtual em 2024, o que representa mais de 40 milhões de pessoas. Nesse contexto, tecnologias como biometria de voz e inteligência artificial (IA) vêm sendo incorporadas por empresas com o objetivo de reforçar a segurança dos processos.
A startup brasileira Minds Digital lançou o FraudShield, sistema que identifica padrões vocais e comportamentais para evitar acessos indevidos. O CEO Marcelo Peixoto afirma que “o número de tentativas de golpes cresce sem controle”, e defende que é preciso “investir em soluções robustas para barrar criminosos”.
Três categorias de fraudes foram destacadas pela empresa como foco principal da tecnologia: roubo de identidade, manipulação por engenharia social e clonagem de voz.
No primeiro caso, a biometria vocal atua como um segundo fator de autenticação. Como a voz contém características únicas de cada indivíduo, torna-se uma camada adicional que dificulta invasões mesmo com dados comprometidos. A solução se integra a sistemas existentes sem gerar atrito na experiência de quem utiliza o serviço.
Em relação à engenharia social, a IA analisa interações em busca de indícios de tentativa de manipulação. A técnica explora vulnerabilidades humanas, coletando informações sensíveis por meio de engano, e pode ser o início de ataques com sequestro de dados. O FraudShield mapeia essas ocorrências em tempo real e também contribui com treinamentos direcionados a partir do comportamento do usuário.
Outro ponto crítico é o uso de deepfakes. Com apenas poucos segundos de gravação, vozes podem ser replicadas por IA e utilizadas em ligações falsas. Segundo o Sterling Bank, esse tipo de golpe tem se espalhado rapidamente por meio de plataformas digitais, incluindo redes sociais. O FraudShield aplica inteligência baseada em aprendizado profundo para detectar variações sutis e impedir esse tipo de falsificação.
De acordo com Peixoto, a tecnologia é capaz de processar sinais em menos de um segundo e bloquear ações suspeitas antes que gerem impacto. O executivo destaca que cerca de 4,7 mil tentativas de fraude ocorrem por hora no Brasil, número que exige mecanismos mais eficientes de contenção.
A solução oferece ainda painéis com indicadores de fraudes evitadas, prejuízos potenciais e canais mais vulneráveis. Pode ser aplicada em chamadas telefônicas, aplicativos e serviços de mensagens, permitindo cobertura ampla e integração com diferentes ambientes operacionais.
O sistema foi desenvolvido para atuar em diferentes setores, como bancos, telecomunicações, varejo e atendimento ao consumidor. A personalização é feita conforme o perfil de risco e a dinâmica do canal de atendimento. “Criamos uma plataforma que atende essa demanda, garantindo segurança sem comprometer a experiência do cliente”, explica o CEO.
Além de aumentar o controle interno, o recurso contribui para o cumprimento de regulamentações e normas de proteção de dados. A biometria vocal, nesse sentido, também é vista como alternativa ao uso exclusivo de senhas ou tokens.
O cenário internacional também pressiona por respostas mais eficientes. O Brasil ocupa hoje a segunda posição no índice global de risco de fraude, atrás apenas da China, conforme relatório da Visa. Esse dado reforça a urgência por sistemas capazes de agir de forma antecipada.
Especialistas do setor consideram que o uso de biometria integrada à IA representa uma mudança de paradigma nas estratégias de prevenção. Com a evolução das ameaças digitais, a tendência é que soluções desse tipo deixem de ser diferenciais e passem a se tornar obrigatórias na estrutura de defesa das empresas.
A expectativa da Minds Digital é expandir o alcance do FraudShield, acompanhando a demanda por segurança em canais digitais. A proposta é consolidar a biometria de voz como um instrumento escalável e compatível com o cenário atual de ameaças em tempo real.
Por: Tiago Souza