Da agulha ao fio de algodão que constrói as marcações da história da costura, a técnica que também é arte, desde o período da pedra lascada (Paleolítico) é usada para confeccionar trajes destinados à proteção e para resguardar a pele do frio.
Desde a sua origem, tida como uma tarefa majoritariamente reservada às mulheres, a costura foi transmitida de mãe para filhas ao longo dos anos e, ainda hoje, é evocada em casas em que o empreendedorismo surge como saída para manter famílias de mães solteiras ou que encontram-se desempregadas.
Em uma breve pesquisa na internet, não é difícil encontrar dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) que comprovam o fato. Na rolagem da página, verifica-se que o quarto trimestre de 2021 registrou 10,1 milhões de mulheres à frente de um negócio no país. Ainda, de acordo com a mesma pesquisa, as empreendedoras que também ocupam o cargo de chefes da casa correspondem a 49% do total, número 2% maior do que em 2017.
Para as mulheres da comunidade que frequentam o Centro Comunitário Sal da Terra, localizada na região do bairro Shopping Park, em Uberlândia (MG), conforme os pratos de comida tornavam-se cada vez mais vazios e carentes de esperança, a costura ganhou espaço para aquecer corações e rechear a vida com os nutrientes que faltavam.
No lugar em que tudo era compartilhado, a vontade de transformar a realidade em que estavam inseridas também começou a ser passada pelo contato de mãos calejadas pelo tempo. O projeto, que ganhou o nome de “Aroeiras” em referência à árvore que cresce no cerrado, foi possibilitado pela Enactus da Universidade Federal de Uberlândia (Enactus/UFU), que atua ativamente com ações em diversos outros setores do município, e conta com jovens que desejam impulsionar comunidades ao seu redor.
Daí em diante, por meio de oficinas de costura, upcycling (reutilização de produtos na criação de novos) e criatividade, as mulheres que fazem parte do projeto puderam criar produtos e vendê-los para gerar renda para suas famílias.
O nobel para estudantes
Dedicado a ações que resolvem questões sociais urgentes no âmbito da segurança alimentar, acesso à água, energia e educação, o Prêmio Hult é conhecido mundialmente como o “nobel para estudantes”.
Graças às ações vinculadas ao Projeto Aroeiras, os membros da Enactus UFU foram indicados para a edição 2023 e seguem para a etapa de seleção que acontecerá no Rio de Janeiro nos dias 2 e 3 de junho.
“Em longo prazo, nós pretendemos que o Aroeiras se torne uma marca e que as mulheres participantes passem a empreender com o projeto, convidando novas colaboradoras e tornando-se reconhecidas em Uberlândia”, conta Beatriz Kiehn, diretora de marketing da Enactus UFU.
Desde a sua criação em 2019, 24 mulheres já passaram pelo Aroeiras e 177 pessoas foram impactadas direta e indiretamente pelo projeto, possibilitando que elas e suas famílias estivessem mais próximas da segurança alimentar e da independência financeira.
Fonte: Comunica-UFU