Apaixonado por fotografia, Jorge Brivilati é o nome por trás da Bamboo Stock, plataforma colaborativa que só trabalha com filmmakers brasileiros.
Nascido na Vila Ipiranga, periferia de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, Jorge Brivilati, 35 anos, nutre um amor pela fotografia desde criança. O acesso limitado à câmera fotográfica durante a infância foi suficiente para cultivar seu interesse e o levar para a área de publicidade, ocupando cadeiras nas maiores agências do país.
Nesse universo, ele sentiu a falta de imagens que retratassem o povo e a cultura brasileira de forma genuína e que trouxessem a visão de videomakers nascidos aqui. Por isso, há três anos, criou a Bamboo Stock, banco de licenciamento colaborativo, com trabalhos feitos exclusivamente por filmmakers do Brasil. O investimento inicial foi de R$ 1 milhão.
Da publicidade ao empreendedorismo
Ainda bem novo, Brivilati já mostrava seu perfil autodidata e empreendedor. Aprendeu sozinho a linguagem HTML e passou a montar sites que alimentariam seu portfólio. Ganhou bolsa de estudo que o ajudou a desenvolver suas habilidades em web design. Seu primeiro emprego foi na Americanas, antes de mudar para São Paulo para ocupar uma vaga na agência AlmapBBDO, uma das maiores do país. A publicidade virou sua fonte de renda e a fotografia, um hobby em que investia bastante.
Brivilati acumulou passagens por outras casas publicitárias importantes, como Y&W e W/Mccann, e foi premiado em Cannes. A grande virada veio em 2012: aos 23 anos, cofundou a produtora La Casa de La Madre, junto com o amigo publicitário André Castilho.
O sucesso da empreitada demonstrou seu potencial como empreendedor, levando-o a agora liderar dois projetos importantes simultaneamente: a BRAVO Film Company, desde 2019 focada em entretenimento e publicidade, e a Bamboo Stock, plataforma de licenciamento de vídeos que tem a missão difundir a riqueza cultural do Brasil, valorizando a diversidade e a criação nacional.
A iniciativa é única ao oferecer conteúdo produzido exclusivamente por brasileiros, abrindo espaço para que a produção audiovisual nacional alcance visibilidade global. “Queremos fomentar a diversidade e, também, dar mais oportunidade para os filmmakers espalharem seu trabalho e terem uma fonte de renda real e recorrente com o licenciamento de vídeos”, defende.
Uma das principais motivações por trás da Bamboo Stock foi a percepção de uma lacuna nos bancos de imagens tradicionais. O empreendedor observa que a maioria das plataformas similares não retratava nosso país e sua população, apresentando predominantemente imagens de pessoas brancas em cenários que não condizem com a realidade local.
Representatividade
Os conteúdos da Bamboo Stock podem ser licenciados por profissionais de comunicação, marketing, audiovisual, assim como estudantes, empresas e grandes marcas. Brivilati observa que a Ancine (Agência Nacional do Cinema) limita em 20% a produção de bancos de imagens internacionais em TV. Desta forma, a Bamboo Stock traz ao mercado a possibilidade de ter mais tempo em TV aberta em suas produções audiovisuais. “Temos como foco constante reproduzir ao máximo as texturas do nosso país, das festividades, da cultura. Queremos mapear o país e criar um acervo cultural e visual”, frisa.
O empreendedor reconhece que a missão é “infinita e grandiosa”. “Nunca tivemos uma plataforma de peso que realmente se empenhasse em retratar o Brasil. Queremos que, em breve, todo brasileiro com uma câmera na mão ou até mesmo um smartphone possa contribuir com esse legado”, afirma.
Atualmente, há cerca de 90 filmmakers envolvidos no projeto. Com inclusões diárias, a meta é fechar o ano com 10 mil vídeos disponíveis. Para participar, o interessado deve preencher um formulário disponível no site da Bamboo Stock. O conteúdo será avaliado por uma curadoria e, se for adequado às produções, o profissional não precisará pagar para ter seus vídeos disponíveis. Além disso, receberá 60% pelo licenciamento de sua produção. “A maior parte do valor do licenciamento fica com o artista, porque acreditamos que ele deve receber mais pela sua obra”, salienta Brivilati.
Na outra ponta, a plataforma oferece dois tipos de licença: uma comercial (com autorizações de uso de imagem para qualquer fim) e outra editorial (foco na imprensa e em documentários). Há dois formatos de arquivos disponíveis, e a composição de valor final inclui diversos fatores, como finalidade, forma de distribuição e até tamanho da empresa. O preço do licenciamento começa em R$ 1.800, sendo o maior em torno de R$ 3.200, englobando todas as mídias.
O empreendedor conta que, no momento, está buscando definir o Product Market Fit. Sobre planos futuros, a Bamboo Stock espera se consolidar como referência mundial no licenciamento de vídeos, impulsionando a cultura e a indústria audiovisual brasileira em escala global. O crescimento projetado é de 60% para o ano, além de alcançar, no mínimo, 100 filmmakers envolvidos na plataforma.
Fonte: Pegn