quinta-feira,21 novembro, 2024

Embrapa Cocais realiza transferência, pesquisa e inovação em rede

O Maranhão é um estado agrícola, de grande plasticidade produtiva, riqueza e diversidade de recursos naturais. Quase metade da população do estado (39%) vive e trabalha no meio rural. São cerca de 220 mil estabelecimentos rurais espalhados nos seus 33 milhões de hectares, grande parte deles dentro dos maiores e mais importantes biomas do Brasil, a Amazônia e o Cerrado, além da zona de transição dos cocais e da baixada. 

A Embrapa Cocais, Unidade ecorregional criada em dezembro de 2009 para minimizar contrastes típicos do estado e impulsionar o desenvolvimento, tem atuação em todas essas regiões, prevalecendo o agronegócio na região da Matopiba (Cerrado) e a agricultura familiar e o extrativismo nas demais regiões. Para tal, conta com uma equipe de 46 colaboradores atuando na sede da Unidade, na capital São Luís (MA), na Unidade de Execução de Pesquisa – UEP, em Balsas (MA), e no Campo Experimental, em Arari (MA). Desde sua implantação, tem como estratégia o compartilhamento de expertises, campos experimentais e laboratórios para atender as demandas regionais do setor produtivo. 

Para cumprir sua missão, adotou a prática de se conectar com agentes de C&T e instituições públicas e privadas (produtores, agroindustriais e indutores) do estado, a Rede Embrapa e ainda produtores e agroindústrias de todos os portes, poder público e sociedade civil organizada, construindo modelo de inovação aberta para fazer entregas e diversificar fontes de recursos.

Para o chefe-geral, Marco Bomfim, essa aliança estratégica tem fortalecido o ecossistema de pesquisa e inovação maranhense, arranjos produtivos e o desenvolvimento territorial inclusivo e sustentável. “A Embrapa Cocais e parceiros estão juntos para mudar a realidade socioeconômica e ambiental do estado. É um trabalho a várias mãos. Mas, certamente, a nossa presença no estado tem permitido avançar na adoção da tecnologia e na formulação de políticas públicas. Vamos reforçar e consolidar esse alinhamento, identificar onde a Embrapa e instituições de ciência e tecnologia podem fazer a diferença e alavancar a força da rede estadual. O Maranhão ainda tem bastante fôlego para crescer e muitas demandas a solucionar. E é na força dos elos do ecossistema – ciência e tecnologia, iniciativa privada, pública e sociedade civil –, cada um destravando os processos que atravancam a inovação, que a transformação se materializa”.

Colhendo os frutos da inovação que promove impacto

A Embrapa é parceira fundamental e estratégica na consolidação do Maranhão como potência agrícola, tanto na bioecomia quanto na produção de grãos. No Cerrado maranhense, trabalha-se pela intensificação e diversificação produtiva com sustentabilidade ambiental do mercado das commodities – como soja, milho e algodão – e da bovinocultura. Os próximos passos serão novas culturas de safrinha e Integração Lavoura-Pecuária, controle de pragas, recomendações de fertilizantes e nutrientes e estratégias de compensação ambiental. 

Na Amazônia maranhense, o centro de pesquisa trabalha pelo fortalecimento da transferência de ativos já desenvolvidos pela Embrapa para os produtores da agricultura familiar na região.  As ações englobam recuperação dos sistemas agroflorestais – com ênfase em fruticultura e hortaliças – e mercado de serviços ambientais -, valorizando a floresta de pé e agregando valor aos produtos da biodiversidade.  Há também pesquisas para geração de produtos da biodiversidade sustentáveis, de valor agregado e com potencial para negócios com identidade sociocultural e tornar o babaçu âncora de um sistema agroalimentar maranhense.

Em parceria com diversas instituições de ciência e tecnologia, poder público, dentre as quais destacam-se a Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, a Universidade Federal do Maranhão – UFMA o Instituto Estadual do Maranhão – IEMA, o Instituto Federal do Maranhão – IFMA, e secretarias e órgãos do governo estadual e municipal, entre outros, e ainda em alinhamento com atores da iniciativa privada, setor produtivo e a sociedade civil organizada, a Embrapa Cocais desenvolve projetos para o fortalecimento do desenvolvimento regional sustentável, com inclusão e agregação de valor à agricultura familiar e ao agronegócio.  Vamos conhecer parte deles!

A tropicalização da soja no Maranhão 

Uma das contribuições da Embrapa no Maranhão, por meio da sua Unidade de Execução de Pesquisa (UEP) em Balsas, foi viabilizar a produção de soja na região, onde anteriormente não havia cultivares adaptadas às condições tropicais locais. Os trabalhos de pesquisa, iniciados na década de 70 pela Embrapa Soja, permitiram a expansão da agricultura na segunda metade dos anos 80 graças às tecnologias agropecuárias adaptadas e desenvolvidas na região, responsáveis pela transformação dos solos de Cerrado maranhense, de baixa fertilidade natural, em solos aptos para a produção mecanizada de grãos. Além de cultivares desenvolvidas pelo melhoramento genético, diversas tecnologias de manejo da cultura da soja – como técnicas de manejo do solo, plantio direto e fixação biológica – vêm sendo desenvolvidas e difundidas para os produtores da região. 

Atualmente são cultivados mais de um milhão de hectares de soja no Maranhão, além de aumentos significativos de culturas associadas ao sistema de produção de grãos, incluindo milho, feijão, sorgo, milheto e algodão, entre outras, e ainda a Integração Lavoura-Pecuária (ILP). “O aumento da área cultivada com soja ao longo dos anos vem viabilizando o cultivo de outras culturas associadas, assim como a sua industrialização, gerando subprodutos para a alimentação animal, fabricação de rações e, consequentemente, agregação de valor com a produção de carnes, além da maior demanda por milho, favorecendo a rotação de culturas, o aumento da produtividade e a demanda por mais serviços e a geração de empregos e renda e a inclusão social”, explica o coordenador técnico da UEP, Dirceu Klepker. 

A agenda da Embrapa Cocais na região está sendo articulada em rede com outras Unidades da Embrapa, dentre elas a Embrapa Meio-Norte, Embrapa Algodão, Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Soja, Embrapa Pesca, Aquicultura e Sistemas Agrícolas, Embrapa Territorial, Embrapa Solos e ainda com os parceiros público e privados (setor produtivo do Maranhão e do Piauí).

Cultivares de arroz da Embrapa fortalecem cultivos no estado 

Graças ao trabalho conjunto entre Embrapa Cocais, Embrapa Arroz e Feijão e parceiros públicos e privados locais, a rizicultura maranhense vem recuperando sua capacidade de produção e colhendo bons resultados do investimento em pesquisa, transferência de tecnologia e políticas públicas. Foram articuladas, com as instituições locais de governo, políticas de incentivo ao cultivo e, para melhorar a produtividade e a qualidade do arroz, cultivares da Embrapa Arroz e Feijão adaptadas para o estado foram transferidas e adotadas por produtores. Entre elas, a BRS Esmeralda, BRS A502, todas essas para o sistema de Terras Altas. 

Para os sistemas Irrigado e sequeiro favorecido, destacam-se BRS PAMPEIRA, BRS 704, BRS 705, BRS 706 CL. O resultado desse trabalho é visível: hoje cultivares da Embrapa estão cada vez mais presentes na vida dos agricultores do Maranhão. O trabalho de avaliação e recomendação das cultivares, associado à política pública e ao serviço de pesquisa e extensão rural do governo do estado, tem permitido a distribuição das sementes em parceria com as prefeituras, fazendo-as chegar até o público-alvo, o produtor rural. 

Sem uso de fogo, Roça Sustentável 

O Consórcio Rotacionado para Inovação para a Agricultura Familiar (CRIAF), mais conhecido como Roça Sustentável, desenvolvido pela Embrapa Cocais, é uma tecnologia que busca a diversificação da produção na propriedade do agricultor familiar e permite organizar a produção da família com incremento da produção: até cinco vezes a produtividade da mandioca e em 50% a produtividade do arroz e do milho. Planta-se arroz, milho, feijão-caupi e mandioca em consórcio em faixas, separando as espécies cultivadas de forma que não haja competição entre elas por nutrientes, água, luz e espaço. 

Além do consórcio, o sistema preconiza a rotação de culturas com uso de “safrinha”, prática que intensifica o uso da terra e maximiza o aproveitamento do período chuvoso. Em eventos realizados em comunidades rurais familiares são repassadas técnicas de manejo do solo, manejo de pragas e doenças, fertilidade e arranjos espaciais. Segundo o analista Carlos Santiago, o conjunto tecnológico que compõe o CRIAF representa tecnologias sustentáveis que fazem parte das soluções para redução do fogo na agricultura, no combate à fome e à pobreza rural, por meio da produção diversificada de alimentos.

Mais e melhor produção de mandioca e farinha 

A Embrapa Cocais realiza também atividades de transferência de tecnologia para produção de mandioca em todo o estado. Uma dessas atividades, executada com parceiros diversos, é o Projeto Rede de multiplicação e transferência de maniva-semente de mandioca com qualidade genética e fitossanitária (RENIVA), da Embrapa Mandioca e fruticultura, que proporciona maior sustentabilidade e competitividade para a mandiocultura. 

O objetivo é disponibilizar manivas em quantidade e qualidade suficientes e nos períodos de maiores demandas, em função das melhores épocas de plantio. O Reniva, entre outros benefícios, tem possibilitado disponibilizar manivas-sementes em larga escala, produzir no estado cultivares livres de doenças e pragas e resgatar variedades tradicionais. Também faz parte do trabalho a realização de cursos para técnicos e agricultores em municípios maranhenses, inclusive sobre processamento da raiz de mandioca. 

Outra ação são as capacitações em Boas Práticas de Fabricação (BPF) de farinha, tradicional produto da mesa do brasileiro, em especial do maranhense. São procedimentos previstos pela legislação para assegurar as condições sanitárias adequadas no processo produtivo e garantir qualidade ao alimento e saúde ao consumidor. O objetivo é ensinar técnicas de fabricação de farinha e boas práticas de higiene na manipulação do alimento e manuseio da massa. 

“São técnicas de produção que fazem a diferença na agregação de valor à farinha, com textura e sabor diferenciado, e na conquista de novos mercados”, explica o pesquisador José de Ribamar Veloso. Durante os treinamentos, também são ensinados como fazer bom uso da manipueira, líquido extraído da mandioca quando ela é prensada no processo de fabricação da farinha e que não deve ser descartado na natureza, pois contém ácido cianídrico, venenoso. 

Biofortificação de alimentos 

A biofortificação de alimentos no Brasil, coordenada pela Embrapa, tem como essência enriquecer alimentos que já fazem parte da dieta da população mais carente a partir do aumento dos teores de ferro, zinco e vitamina A, introduzindo alimentos mais nutritivos na dieta dessas pessoas. No Maranhão, os cultivos biofortificados foram implantados desde 2006, inicialmente pela Embrapa Meio-Norte e posteriormente assumidos pela Embrapa Cocais. 

Em 2017, foi assinado um Acordo de Cooperação Técnica entre a Embrapa e o Governo do Estado do Maranhão, para transferência de tecnologia em cultivos biofortificados, visando à segurança alimentar e nutricional, especialmente para as comunidades e regiões mais carentes. A recomendação, no Maranhão, baseia-se nos cultivos de feijão-caupi (BRS Araçê e BRS Tumucumaque), mandioca (BRS Dourada, BRS Jari e BRS Gema de Ovo), batata-doce (Beauregard), milho (BRS 4104). 

Sisteminha combate a fome e a pobreza 

O Sisteminha é uma tecnologia conhecida nacional e internacionalmente por criar oportunidades para que o indivíduo possa se alimentar com o que produz, utilizando estruturas simples, e partilhar ou mesmo negociar seus produtos com vizinhos e a comunidade, ampliando benefícios econômicos e sociais. Atualmente está sendo escalada a produção para vir a ser modelo de desenvolvimento local e regional. 

A tecnologia tem o propósito de gerar retorno rápido e se apresenta de forma versátil e multiplicável. Baseia-se na atividade de piscicultura, como motor de um sistema integrado para a produção de alimentos e, quando comparado com os métodos tradicionais de cultivo, apresenta baixo consumo de água e energia elétrica. Esse modelo sistêmico para produção integrada de alimentos permite disponibilizar, para as famílias que o adotam, uma diversidade de alimentos de origem animal (peixes, ovos de galinha e codornas, frangos de corte, suínos, porquinhos da índia e outros) e vegetais e frutas diversas ricas em carboidratos, proteínas, minerais e vitaminas.

Inovação aberta vai melhorar a cadeia produtiva da mandioca e a cerveja Magnífica 

A Embrapa Cocais lidera ainda um projeto de pesquisa e transferência de tecnologia que objetiva melhorar a produtividade das lavouras de mandioca e a qualidade das raízes, matéria-prima para a produção da cerveja Magnífica, cerveja tipicamente maranhense feita com mandioca produzida no estado do Maranhão. A cervejaria Ambev fez a demanda à Embrapa Cocais, que propôs testar 250 clones e 12 cultivares da Embrapa Mandioca e Fruticultura recomendadas para outros estados, além de variedades locais já usadas pelos produtores do estado, para selecionar genótipos com alto teor de amido. 

“Procura-se produtividade acima de 30 toneladas por hectare e teor de amido igual ou maior a 30%. A pesquisa repercutirá também na quantidade dos demais produtos de mandioca, como a farinha”, complementa o pesquisador líder do projeto Guilherme Abreu. Para o gerente agro da Ambev, Vitor Antunes Monteiro, a cervejaria tem preferência por fazer negócios bons não só para a empresa, mas também para parceiros, fornecedores, consumidores e sociedade como um todo. “Para isso, tecnologia é fundamental e a Embrapa, a melhor parceira”.

Feijão-caupi enriquecido com molibdênio 

O Feijão-caupi é uma das principais culturas alimentares cultivadas por agricultores familiares no estado do Maranhão, principalmente na região da Amazônia Maranhense. Embrapa Cocais, Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) estão juntas no desenvolvimento de pesquisa para uso do molibdênio no feijão-caupi para enriquecer as sementes e aumentar a produção e produtividade da cultura a um baixo custo. Pesquisas realizadas até o momento resultaram em indicativo de dose e época de aplicação, restando etapas de validação em campo e ambientes distintos.

ILPF: mais alimento na mesa com baixo impacto ambiental 

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma tecnologia de produção sustentável desenvolvida pela Embrapa, em pleno processo de expansão no Brasil, que permite o uso da terra de maneira integrada para produção de lavoura, pecuária e floresta em consórcio, rotação e/ou sucessão em uma mesma área. O Sistema ILPF muda e otimiza a forma de uso da terra, permitindo a recuperação de áreas degradadas ou alteradas, e o alcance de patamares cada vez mais elevados em quantidade e qualidade dos produtos (grãos, produtos madeireiros e não madeireiros e carne e leite), qualidade ambiental e competitividade. 

No Maranhão, há Unidades de Referência Tecnológica (URTs) da tecnologia de sucesso em municípios de diversas regiões com foco na produção de grãos, bem como na recuperação de áreas degradadas de pastagem e a redução das emissões de gases de efeito estufa.  

ILPF com babaçu 

Dados da pesquisa, em andamento, mostram resultados promissores da presença dessa palmeira nativa em áreas de pastagem e da manutenção do extrativismo do babaçu como atividade produtiva das comunidades tradicionais do entorno de propriedades voltadas à criação de gado bovino de corte. O experimento foi implantado em 2017, na Fazenda Muniz, no município de Pindaré-Mirim, no estado do Maranhão.

A primeira vantagem é o alto potencial de impacto social, uma vez que valores substanciais de renda obtida pelas comunidades do entorno podem ser acrescidos a partir da extração e aproveitamento integral dos frutos da palmeira. Além disso, pode gerar impactos agronômicos e zootécnicos positivos para a pecuária. 

“A descoberta abre perspectivas para a integração das pastagens com o babaçu no estado do Maranhão e em outros ambientes da Amazônia e de Cerrado onde há ocorrência natural dessa palmeira nativa com as pastagens”, visualiza o chefe de pesquisa e desenvolvimento, Joaquim Costa. Os estudos estão sendo conduzidos pela Embrapa Cocais em parceria com UEMA, IFMA, BASA, Rede ILPF, Agência de Cooperação Técnica Alemã – GIZ, Agrisus, entre outros.

Alimentos com babaçu projetam a biodiversidade maranhense

A Embrapa Cocais, em parceria com a Embrapa Agroindústria Tropical, a UFMA e quebradeiras de coco de várias comunidades, vem trabalhando projetos para incrementar a quantidade e a qualidade dos coprodutos do babaçu feitos com a amêndoa. Entre eles, a bebida tipo leite e o análogo de queijo, alimento tipo leite condensado, bebida tipo café, farinha de amêndoa, amêndoa ralada, produto tipo hambúrguer e processamento do gongo (larva retirada do coco babaçu, que serve como alimento). 

Também foram pesquisadas novas formulações para o biscoito e o gelado, criações das quebradeiras de coco analisadas do ponto de vista sensorial e tempo de prateleira. Os estudos abarcam diferentes exigências do mercado de alimentos: nutrição, saúde, qualidade e segurança alimentar, valorização dos produtos da culinária e cultura regionais, gastronomia e turismo etc. 

Política de inovação social construída a várias mãos 

Cooperação técnica entre Embrapa Cocais, duas secretarias do governo do Maranhão e a startup Conecta Brasil 360 está desenvolvendo metodologia de implantação, monitoramento e avaliação de estratégia de inovação social no estado a ser utilizada para monitorar e avaliar os impactos dos projetos desenvolvidos com a temática babaçu e ainda proporcionar visibilidade, conexão e estruturação do empreendimento coletivo e dos negócios para os coprodutos do babaçu. 

A startup tem realizado programa de capacitação virtual intitulado ‘Trilhas do Babaçu’ para melhor estruturar o empreendimento coletivo e promover a gestão da agroindústria comunitária. O papel da pesquisa é contribuir para o desenvolvimento da tecnologia e produto social com valor de mercado, valorizando o saber tradicional e o potencial do babaçu”, explica a chefe de transferência de tecnologia, Guilhermina Cayres, líder dos projetos sobre alimentos com babaçu.

Cadeias Sustentáveis fortalecem valor da soja e do babaçu 

Está em curso projeto, em parceria com a Rede ILPF e financiado pela agência de cooperação técnica alemã GIZ para fortalecer as cadeias sustentáveis de valor da soja e do babaçu no Maranhão. Primeiramente, as ações abarcaram a cadeia da soja e atualmente estão sendo realizadas atividades nas comunidades de quebradeiras de coco. O projeto está sendo realizado em conjunto com agentes de ciência e tecnologia, como IFMA, UFMA, UEMA, iniciativa privada, organizações não-governamentais e outros agentes das cadeias de valor. 

Vinculado a este projeto, há a parceria da Embrapa Cocais com o The Good Food Institute – GFI e a Funarbe para o desenvolvimento de hambúrguer à base de babaçu. O objetivo é ampliar e consolidar a Rede Babaçu como estratégia de conexão de ‘stakeholders’ e geração de produtos sociais sustentáveis, de valor agregado e com potencial para negócios com identidade sociocultural, a partir da espécie da sociobiodiversidade, que é o babaçu. 

Westphalen Nunes, representante da Agência GIZ no Brasil, destaca que a agenda para o babaçu vai percorrer a abordagem da cadeia de valor, gargalos, boas práticas, saúde e segurança para as quebradeiras de coco, novas parcerias e novos produtos, comercialização, entre outros temas. “Queremos que o babaçu possa gerar mais renda e qualidade de vida às quebradeiras, mais opções de produtos de qualidade para o mercado consumidor e mais riqueza com desenvolvimento sustentável para o Maranhão”.

Torta de babaçu permite produzir carne de caprinos mais saudável 

A Embrapa, o IFMA, a UEMA e Universidade Federal do Piauí (UFPI) vêm desenvolvendo um processo agropecuário para formular rações balanceadas para caprinos incluindo a torta da amêndoa do coco babaçu em substituição parcial a ingredientes tradicionais, como milho e soja. Busca-se reduzir o custo da ração ofertada aos animais sem reduzir o desempenho dos animais. 

Animais que foram alimentados com a dieta contendo o coproduto agroindustrial do babaçu apresentaram uma carne de qualidade e mais saudável para o consumo humano, o que possibilita agregação de valor a esta cadeia produtiva. A pesquisa também tem como parceiros a Rede ILPF, GIZ e a Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Chapadinha. 

Essa primeira fase foi realizada em ambiente controlado e agora será realizada uma validação a campo, com produtores locais, buscando se alcançar o mesmo sucesso nos resultados obtidos. A equipe também está avaliando atualmente os efeitos da inclusão de torta de babaçu sobre o desempenho e qualidade da carne de ovinos.

Balde Cheio em Rede traz esperança a produtores 

O Balde Cheio é uma metodologia inovadora de Transferência de Tecnologias para promover o desenvolvimento sustentável da pecuária leiteira, atendendo a demanda de extensionistas de entidades públicas e privadas e de produtores de leite de todo o Brasil. Para tal, usa-se propriedades produtoras de leite, usualmente de base familiar, participante do projeto como “sala de aula prática”. 

No Maranhão, o projeto teve início em 2008, por meio de uma parceria entre a Embrapa Pecuária Sudeste – que desenvolveu a metodologia – e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE-MA, Regional de Imperatriz-MA. Desde então, mais de 2 mil produtores de leite foram beneficiados no estado. Atualmente, o projeto finalizou. A equipe técnica da Embrapa Cocais e Embrapa Pecuária Sudeste estão articulando com setor produtivo e outras instituições do Maranhão para iniciar uma nova fase do Balde Cheio para expansão do projeto no estado.

Ferramenta para quebra do coco babaçu é tecnologia e inovação social

Atendendo demanda de quebradeiras de coco, a Embrapa Cocais desenvolveu e validou protótipo de uma ferramenta de uso individual, mecanizado, acionado manualmente, acessível economicamente, que não descaracteriza a essência do extrativismo e auxilia no processamento integral do coco. O resultado é uma ferramenta ergométrica que permite que a pessoa esteja sentada para extração das amêndoas, evitando problemas de saúde decorrentes do sistema tradicional para quebra do coco. 

O equipamento foi desenvolvido pelo pesquisador José Mário Frazão em parceria com o engenheiro Ivanildo Madeira Albuquerque e participação ativa de quebradeiras de coco durante todo o processo. A ferramenta foi premiada pela Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2021 por sua efetividade, inovação, sistematização da tecnologia e a interação com a comunidade. 

“Com os testes de laboratório e as contribuições das quebradeiras de coco, chegou-se segunda versão, que reduz o emprego da força, pois tem mais potência no corte, acionado via alavanca”, explica Frazão. Rosa Gaspar, quebradeira da comunidade quilombola Boa Vista, município de Rosário, testou a tecnologia. “Percebi que a operação da ferramenta não necessita de força excessiva, já que possui o mecanismo multiplicador da força humana. Também senti a segurança e o conforto que o equipamento proporciona”, afirmou. 

Manejo de açaizais nativos incrementa produção

Para difundir conhecimentos sobre tecnologia da Embrapa de manejo de açaizais nativos, a Embrapa Cocais, Embrapa Amapá, Embrapa Amazônia Oriental, em parceria com Governo do Estado e ainda prefeituras, movimentos locais e todas as secretarias de agriculturas dos municípios da região, instalaram URT da tecnologia de Manejo de Açaizais Nativos em Amapá do Maranhão-MA, região tradicional em produção de açaí. 

A URT ocupa área de 7,5 hectares onde, há 10 anos produzia-se cerca de 1500 latas de açaí. Antes da aplicação do manejo tecnológico, a produção estava para menos de 200 latas do fruto. A previsão é de que, em cinco anos, a produção ultrapasse a produção original. A técnica baseia-se na limpeza e manutenção de número de plantas de açaí por touceira e na substituição de plantas de espécies arbustivas e arbóreas de baixo valor comercial por outras espécies de valor econômico, como frutíferas e florestais. 

Hortas Pedagógicas mobilizam escolas 

Política para a segurança alimentar e nutricional por meio da educação e ainda ferramenta de conscientização alimentar e ambiental e de aprendizagem para estudantes do 1º ao 9º do Ensino Fundamental desenvolvida e coordenada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e Embrapa. 

No Maranhão, foram implantadas em cinco escolas públicas municipais de São Luís da área urbana e rural pela Embrapa Cocais e parceiros municipais e estaduais. A iniciativa contou também com a parceria estratégica de um aliado estratégico no processo de ensino-aprendizagem por meio do cultivo de hortaliças: as Minibibliotecas da Embrapa.

Hortas Comunitárias: comida e renda para famílias 

A Embrapa Cocais realiza, nos municípios de São Luís, Raposa, São José de Ribamar e Alcântara e em parceria com instituições locais, o Projeto de Hortas Comunitárias para contribuir com o desenvolvimento da agricultura urbana e periurbana. O objetivo é a inclusão socioprodutiva de famílias que se encontram em condições de vulnerabilidade econômica e de insegurança alimentar. 

Nesses municípios, as hortas comunitárias são instaladas em organizações formais (associações, cooperativas e centro terapêutico) e em estabelecimentos de ensino da rede pública. O trabalho utiliza metodologias participativas, “aprender e fazendo”, capacitações e oficinas com os parceiros locais e atores sociais e educativos para formar agentes multiplicadores das tecnologias. 

Fonte: Embrapa Cocais

Redação
Redaçãohttp://www.360news.com.br
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