quinta-feira,19 setembro, 2024

Elas inovam na região Produção e Norte: Márcia Capellari, professora na Atitus e sócia-diretora da Semente Negócios

O currículo de Márcia Rodrigues Capellari, 44 anos, é extenso, fruto de uma vida profissional ativa e diversa. Além das experiências profissionais, ela não deixa de citar que é mãe do Yuri e do Pedro, de 16 e 10 anos, respectivamente. Isso porque a vida familiar é equilibrada com as demandas de trabalho, que se dividem entre o empreendedorismo e a docência, sempre ligadas a inovação, ciência e tecnologia, e com atuação concentrada, principalmente, na região Produção e Norte, onde hoje é referência em liderança.

Bacharela em Ciência da Computação, com graduação finalizada em 2004 na Universidade de Passo Fundo (UPF), ela está acostumada a frequentar ambientes ainda predominantemente masculinos. “Quando fiz a faculdade, éramos 2 mulheres e 48 homens. Ao final do curso, encerramos com 9 homens e 1 mulher, que era eu”, conta Márcia, que completa o relato com dados que corroboram a tímida participação feminina em algumas áreas do conhecimento: apenas 20% delas estão em áreas de tecnologia no Brasil. “A inovação parece um mundo distante para muitas pessoas, mas ela acontece todos os dias. Inovar é resolver problemas. É uma questão de atitude”, define.

Em busca do aprimoramento constante, fez mestrado em Educação na UPF e doutorado em Administração e Negócios pela Universidade de São Caetano do Sul (USCS), no estado de São Paulo, onde se especializou em liderança empresarial com foco em diversidade e inovação. Atualmente, ela se divide entre duas atividades principais: como professora e orientadora de pesquisas de mestrado e doutorado na Atitus e Instituto de Ciência e Tecnologias Digitais (ICT), e como sócia-diretora da Semente Negócios, empresa de especializada em programas de inovação em ambientes corporativos, nos quais já foram formadas mais de cinco mil mulheres.

Na Atitus, instituição de ensino superior que possui graduação, mestrados e doutorados, Márcia atua há mais de 15 anos. Por dois deles, liderou o hub de inovação da universidade, conectando a quádrupla hélice da região Produção e Norte e unindo o ensino superior à qualificação profissional e às necessidades do mercado. Também já esteve à frente da presidência da fundação Atitus, liderando a criação de um Instituto de Ciência e Tecnologias Digitais (ICT) na instituição. Ela avalia que “inovação é muito menos sobre tecnologia e muito mais sobre pessoas. Diversidade de gênero é essencial, mas, sem termos a diversidade de culturas e ideias, não existe a possibilidade de ajudar as empresas a se adaptarem e aprimorarem para construir novas soluções”.

Para além disso, participou da fundação do Instituto Aliança Empresarial Norte RS, onde atua como diretora institucional. Ainda é conselheira do grupo Parceiros Voluntários, do Meu Futuro Digital (SP) e da Lídera – Associação de Mulheres Empreendedoras, que são ações do terceiro setor para contribuir com o desenvolvimento de jovens a partir da educação e da tecnologia. Também já foi membro da governança do programa Inova RS na região Produção e Norte, auxiliando na construção de políticas públicas em inovação, ciência e tecnologia.

Participação feminina é questão sistêmica

Na visão de Márcia, a participação feminina em ambientes de inovação reflete um contexto social, político e econômico. A diversidade é uma oportunidade no universo da criatividade e da inovação. “Em mesas de iguais, não se chega a resultados diferentes, e nisso me refiro a iguais não apenas para gênero, mas para classe, etnia, raça, cultura, idade e até áreas de conhecimento”, explica.

Para sanar as desigualdades ainda presentes no mercado de trabalho e na sociedade, Márcia acredita que “é preciso envolver as mulheres no desenho das possibilidades, no desenvolvimento e na implantação de novas soluções, na construção de um ambiente mais favorável ao novo, tolerante ao erro, pois ele é parte fundamental do processo criativo”.

Ela também acredita que apenas inserir objetivos estratégicos de ter mais diversidade na gestão, diretorias, vice-presidências, presidências e conselhos de empresas não é o suficiente, “mas é alguma coisa”. Ainda assim, é preciso avançar. “Precisamos construir programas consistentes nas corporações que ofereçam não apenas o espaço, mas que outras mulheres que estejam em cadeiras de poder possam identificar outras mulheres e mentorá-las para o crescimento, se isso for um desejo da profissional que está na corporação”, completa.

Equilíbrio da vida profissional com a maternidade

Com a vida profissional sempre movimentada, o maior desafio que Márcia já enfrentou foi equilibrar a paixão pelo trabalho com o nascimento dos filhos, Yuri e Pedro. Embora as duas gestações tenham sido planejadas, ela recorda que ouviu julgamento inclusive de outras mulheres. Porém, foi no papel de mãe que um potencial ainda maior emergiu: “Descobri que antes de ser uma líder inovadora ou empreendedora, eu precisava primeiro empreender e inovar no projeto mais importante da minha vida: dentro de mim e com minha família”. Isso implicou na construção de novos hábitos e em uma rotina de autocuidado maior.

Por conta desse percurso de liderança feminina, hoje ela procura abrir oportunidades e se conectar a outras mulheres, auxiliando-as a prosperarem. “Aprendi que toda mulher deveria ter uma mentora, uma pessoa que está à sua frente ou que já atingiu o ponto onde você quer chegar. Eu tive essa pessoa na vida profissional. Identifiquei uma mulher que eu admirava no trabalho, pela forma de gestão pessoal e profissional, e pedi se ela aceitava me ensinar como ela fazia”, revela.

Márcia afirma que uma pessoa empreendedora resolve problemas do dia a dia, seja dentro de casa, nas empresas ou na sociedade. “As mulheres possuem as competências que o universo precisa no momento: intuição, coragem e sabedoria. Esses são potenciais femininos que têm muito para somar com o lado racional masculino. É hora de promover essa mudança, que vem do individual”, finaliza.

Elas inovam

Para marcar o Dia Internacional da Mulher, a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul coloca sob os holofotes mulheres que estão moldando as políticas de inovação do estado. “Elas inovam” é uma série que conta a trajetória de oito profissionais, uma em cada ecossistema regional de inovação, que inspiram e apoiam outras mulheres, liderando transformações na tríade inovação, ciência e tecnologia dentro de universidades, hubs de inovação, startups e empresas.

Fonte: Inova

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