Um novo estudo mostrou que o aquecimento do Golfo do Maine, no oceano Atlântico, no último século, reverteu o resfriamento de longo prazo ocorrido há 900 anos. O estudo foi liderado por Nina Whitney, estudante de pós-doutorado da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) que, junto de seus colegas, examinou conchas e criou simulações de modelos climáticos.
Para o estudo, os cientistas reconstruíram 300 anos de variabilidade hidrográfica do Golfo através da diferenciação de registros geoquímicos do oxigênio, nitrogênio e de isótopos de radiocarbono de quahogs, um tipo de molusco comestível. Eles podem viver até 500 anos e crescem suas conchas por meio de incrementos anuais, em um processo parecido com aquele que ocorre com as árvores.
Os quahogs foram datados pelos pesquisadores e tinham bons registros das condições dos oceanos. As assinaturas químicas de suas conchas ajudaram a equipe a estudar as mudanças nas condições dos oceanos. Depois, os cientistas colocaram os resultados geoquímicos em um contexto temporal e espacial mais amplo, junto de simulações e modelos climáticos.
Whitney explica que o artigo mostra que, no fim de 1800, houve algumas grandes mudanças e o Golfo do Maine começou a se aquecer, revertendo 900 anos de resfriamento causado principalmente por vulcões. “Tanto os moluscos quanto as simulações de modelos sugerem que os gases do efeito estufa estão provavelmente causando mudanças de temperatura afetando o Golfo, mas também estão causando alterações na circulação dos oceanos”, disse.
Segundo ela, a trajetória e força das diferentes correntes oceânicas que trazem água ao Golfo do Maine mudaram pelo aquecimento na região. “A taxa de aquecimento observada no Golfo do Maine ao longo do último século ultrapassou a média de aquecimento global dos oceanos”, disse Caroline Ummenhofer, coautora do estudo, que destacou grandes consequências para os ecossistemas marinhos na região e, consequentemente, para a economia local.
Já Alan Wanamaker ressaltou que as descobertas do estudo são importantes, porque revelam quando o aquecimento recente do Golfo do Maine começou, junto das possíveis causas dele. “A realidade é que levou cerca de 900 anos para esfriar 2 ºC, e apenas 100 para aquecer 2 ºC; infelizmente, o aquecimento do Golfo do Maine vai provavelmente continuar, e deve piorar nas próximas décadas com impactos negativos em todo o ecossistema”, finalizou ele.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Communications Earth & Environment.
Por Danielle Cassita
Fonte: Communications Earth & Environment; Via: WHOI