Além de ter proporcionado visões espetaculares em várias regiões do Brasil e do mundo, o primeiro e único eclipse total da Lua de 2022, ocorrido entre as noites de domingo (15) e segunda-feira (16), também representou um problema.
Isso porque as três espaçonaves de investigação lunar atualmente ativas são movidas a energia solar, e conforme a face da Lua constantemente iluminada pelo Sol era coberta pela sombra da Terra, algumas delas iam perdendo sua capacidade de carregamento de baterias.
Obviamente, os cientistas responsáveis pelos projetos do Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) da NASA, do orbitador Chandrayaan-2, da Índia, e do rover Chinês Yutu-2 já previam todas as vezes que essas espaçonaves enfrentariam a ocorrência desse evento. Logo, elas estão preparadas para esses períodos de cerca de 85 minutos de escuridão absoluta.
Saiba quais foram as medidas adotadas pelas equipes durante o eclipse total da Lua
Desde que o LRO, por exemplo, começou sua missão em órbita lunar, em setembro de 2009, a espaçonave já experimentou 12 eclipses lunares totais. Segundo sua equipe, o melhor a fazer nesses casos é desligar seus instrumentos científicos.
“Quando o LRO passa por longos eclipses, qualquer drenagem em nossa bateria não é ideal, então desligamos os instrumentos e esperamos até que possamos recarregar completamente a bateria antes de ligar os instrumentos de volta”, disse o cientista do Projeto LRO Noah Petro, em entrevista ao site Space.com. “Também aquecemos a espaçonave para que, quando estivermos na sombra da Terra, ela e seus instrumentos não esfriem muito. Já fizemos isso várias vezes, então é um conjunto bem ensaiado de procedimentos”.
Há algumas semanas, a equipe LRO iniciou os procedimentos de ajuste de órbita. “Realizamos uma pequena queima de nossos motores para ajustar ligeiramente nossa órbita de modo que minimizamos o tempo na escuridão. Essa queima e manobras subsequentes colocaram o LRO na melhor posição para minimizar o tempo na escuridão e nos preparar para domingo à noite/segunda-feira de madrugada”, disse Petro.
Lançado em 22 de julho de 2019 (50 anos após o pouso lunar da Apollo 11), o indiano Chandrayaan-2 foi submetido à inserção orbital lunar em 19 de agosto daquele ano. Desde então, a espaçonave já havia experimentado um único eclipse lunar total, em 26 de maio de 2021.
Assim, como o LRO, ele é alimentado por matrizes solares, o que indica que, provavelmente, também foi desligado durante o eclipse, embora não tenha havido nenhum comunicado oficial da Organização Indiana de Pesquisa Espacial a respeito dos procedimentos a serem adotados.
Já no caso do rover chinês Yutu-2, no entanto, foi diferente. Ele “escapou” dos efeitos “negativos” do eclipse lunar total, assim como fez em maio de 2021. Enquanto o LRO e o Chandrayaan-2 são satélites que ficam orbitando a Lua, o Yutu-2 é um veículo explorador que pousou no outro lado da Lua em janeiro de 2019, como parte da missão Chang’e 4.
Estar na superfície da Lua significa que o Yutu-2 está sujeito a dias e noites lunares, cada um dos quais dura aproximadamente 14,5 dias na localização do rover. Como um veículo movido a energia solar, o Yutu-2 não pode operar durante as noites lunares e, portanto, desliga por mais de duas semanas de cada vez.
Tendo em vista que os eclipses lunares totais só ocorrem durante luas cheias, em que o lado mais distante da lua está na escuridão total, o rover sempre está no meio da noite lunar durante esses eventos, de modo que já se encontra desligado.
Fonte: olhardigital.com.br