Cientistas australianos estão usando drones para encontrar as poucas espécies vegetais e monitorar os efeitos que elas vêm sofrendo com as mudanças climáticas. As imagens inéditas de musgos e líquens — que não aparecem em fotos de satélite — vão fornecer novas informações sobre o frágil ecossistema que estas formas de vida compõem.
Aproveitando o verão antártico, pesquisadores de três instituições de pesquisa da Austrália estão pilotando drones nas condições adversas do continente gelado para coletar dados em locais de difícil acesso. As imagens de alta-resolução da vegetação foram coletadas próximo à Estação Casey, localizada na costa leste da Antártida, em uma região chamada Terra de Wilkes.
“Pilotar estes voos foi desafiador em alguns momentos, mas todos os sistemas performaram bem nas condições de frio extremo,” afirmou Juan Sandino, especialista em mecatrônica que fez parte da equipe que desenvolveu e controlou os aparelhos. Além dos sensores que permitiram a captura de imagens, o projeto de pesquisa envolve inteligência artificial para simulações computacionais relativas às áreas estudadas.
A vegetação da Antártida
Barbara Bollard, professora da Universidade de Auckland e uma das líderes do estudo, informa que poucas plantas sobrevivem na Antártida, sendo os musgos as maiores e mais antigas a crescer por lá. Segundo ela, “com campos de até 50 metros de largura e plantas que chegam a 500 anos.” O estudo destes vegetais é importante devido à sua sensibilidade às variações de temperatura e umidade, fazendo deles um importante indicador das mudanças climáticas.
Além das mais de 100 espécies de musgos, os líquens — associações entre algas e fungos — também são encontrados no continente, chegando a 200 espécies diferentes. Eles possuem adaptações especiais para sobreviver nas condições extremas de temperatura, como a capacidade de manter a fotossíntese ativa mesmo a −20 °C e a absorção de água da atmosfera até quando cobertos por neve.
O uso dos drones abriu novas possibilidades nos estudos destas formas de vida, permitindo visitas a ecossistemas frágeis minimizando os impactos causados, além de facilitar a chegada a locais de pouca acessibilidade.
Fonte: Conservation Biology Via: Phys.org
Por: Rodilei Morais