Campina Grande completa 159 anos nesta quarta-feira (11).
O município de Campina Grande, no Agreste da Paraíba, é referência quando o assunto é tecnologia e inovação. A cidade recebeu o primeiro computador do Nordeste Brasileiro na década de 60 e, mais recentemente, instalou o primeiro laboratório experimental de 5G do Nordeste, além de enviar mão de obra capacitada da cidade para o mundo.
A instalação do primeiro computador foi responsável por dar início à “vocação da cidade” para a área da tecnologia, avalia o professor de engenharia elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e diretor de operações do Virtus, que é um núcleo de pesquisa, desenvolvimento e inovação em tecnologia da informação e automação, Danilo Santos. Ele afirma que o equipamento trouxe professores e pesquisadores especialistas que transmitiram seus conhecimentos e transformaram o ensino de Tecnologia da Informação na região, mas a cidade não se limitou em termos de inovação.
“Campina Grande inova em todas as áreas do conhecimento, desde a criação do algodão colorido pela EMBRAPA, até a UFCG ser uma das principais universidades em depósitos de propriedade intelectual, o que envolve tecnologias químicas, de alimentos, agrícola, entre outras diversas. Continuamos escrevendo a história de inovação que se iniciou há mais de 60 anos”, avaliou o professor.
Há apenas três anos, a cidade foi escolhida para sediar o primeiro laboratório de rede experimental 5G do Nordeste, na UFCG, no bairro Bodocongó. O objetivo era desenvolver soluções aplicadas nas áreas de software e automação.
Com a tecnologia já disponível para os brasileiros, o projeto também coordenado pelo professor Danilo Santos, mudou o foco e agora concentra sua atenção nas fábricas do futuro, onde a conectividade das redes 5G se juntam com a inteligência artificial. É “usar a conectividade para trazer inteligências para as fábricas do futuro”, explica o professor.
O laboratório também foi transformado em um Centro de Competência da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) no Nordeste e a mesma equipe de pesquisadores coordena a nova linha de pesquisa.
Reconhecimento do potencial tecnológico
O professor explica que esses investimentos demonstram o reconhecimento do potencial e capacidade de desenvolvimento tecnológico de Campina Grande, além de facilitar o acesso da universidade a novas tecnologias e ampliar sua visão sobre os desafios da indústria.
“Isso faz com que o corpo acadêmico possa transmitir esse conhecimento para alunos e pesquisadores em geral. Isso permite formar profissionais mais qualificados, os quais vão aplicar esses conhecimentos na sociedade, ao mesmo tempo, que são capazes de no futuro capacitar outras pessoas, ou seja, criando um ciclo de inovação e capacitação tecnológica na cidade para o futuro”, avalia o professor.
Campina Grande e o futuro da indústria com 5G
O professor explica que o mundo vive a “revolução da indústria 4.0”, que seria marcada por uma indústria controlada remotamente a partir da conectividade, por exemplo, com equipamentos ou robôs que possam trocar informações em tempo real. Segundo Danilo, isso permite que novos patamares de produtividade sejam alcançados e isso já está acontecendo com a ajuda do 5G, sendo ele um dos principais fatores dessa “revolução”.
“O 5G foi projetado pensando nesse cenário, ou seja, o 5G permite que altas taxas de transmissão sejam atingidas, ao mesmo tempo que milhares de equipamentos estejam conectados ao mesmo tempo”, explicou o professor.
O Virtus está trabalhando em soluções para fábricas inteligentes onde conectam robôs, máquinas e outros dispositivos a uma rede 5G. Segundo o professor, isso permite que os pesquisadores explorem muitas possibilidades, como, por exemplo, o uso de inteligência artificial e câmeras inteligentes para o controle de braços robóticos de modo remoto.
Danilo Santos afirma que o 5G também permite que redes privadas sejam instaladas em fábricas, portos, refinarias, entre outros locais. As redes permitem que a indústria tenha uma rede sem fio particular, onde elas podem explorar novas aplicações, o que também facilita aplicações de inteligência artificial (IA).
“Várias indústrias no Brasil já estão explorando essas redes privativas, e a tendência é que cada vez mais essa tecnologia seja democratizada no setor como um todo. Particularmente, aqui na UFCG, especificamente no Núcleo VIRTUS, já vemos esse movimento da indústria, e já estamos preparados para isso”, disse Danilo Santos.
Fonte: g1 PB