sexta-feira,22 novembro, 2024

Do mercado de trabalho à educação: quais os impactos da IA

Que atire a primeira pedra quem nunca usou um artigo da Wikipedia para fazer um trabalho da escola, ou uma calculadora para realizar contas matemáticas no trabalho — seja no escritório de contabilidade, em um simples comércio e por aí vai. Fato é que os adventos surgem conforme a tecnologia avança e isso gera impactos em diversos setores da sociedade.

A bola da vez são as plataformas de inteligência artificial que chegaram a patamares sem precedentes de sofisticação. O Midjourney e DALL-E 2, por exemplo, são capazes de gerar imagens artísticas com base em pedidos de prompt de usuário, ou seja, textos que são convertidos em desenhos chamativos pelo nível de detalhamento (às vezes meio grosseiros, claro).

Entre essas inúmeras ferramentas, o ChatGPT é um dos mais impressionantes. Por meio de processamento de linguagem natural com IA, o chatbot é capaz de redigir textos que se assemelham ao que é produzido por humanos. As respostas aos prompts são compartilhadas com base em um vasto banco de dados disponível para a plataforma da OpenAI, e podem ir do simples ao complexo: desde uma piada ruim a uma dissertação inteira de um mestrado. Tudo isso a poucos cliques e minutos de conclusão.

Deste modo, não é de se espantar que a tecnologia vem alarmando as mais variadas esferas da sociedade, sobretudo àquelas que dizem respeito ao mercado de trabalho e educação. Procuramos compreender de que forma esse tipo de inteligência artificial pode nos impactar — seja para o bem ou para o mal.

Mercado de trabalho em risco?
A revolução industrial foi responsável por tirar trabalhadores de seu ofício, sobretudo de funções braçais — posteriormente substituídas por máquinas e robôs. Agora os supostos ameaçados da vez podem ser aqueles que exercem atividades intelectuais, como redatores, educadores, fotógrafos, designers e até mesmo engenheiros de software.

O advogado especialista em direito do trabalho previdenciário, Janius Aredes, concorda que a inteligência artificial pode substituir e encerrar algumas profissões, reduzir outras, mas também auxiliar muitos profissionais em suas tarefas.

“A inteligência artificial é uma realidade que já acontece no nosso dia a dia no uso do celular, GPS, Alexa, Siri, técnicas de marketing digital, como o remarketing e lookalike, dentre outros. A perspectiva é que, paulatinamente, ela [a inteligência artificial] venha substituir várias profissões, visando reduzir falhas nos processos operacionais, otimizá-los, auxiliar nas tomadas de decisões diante de sua base de dados.”

Aredes também afirma que IAs como o ChatGPT podem comprometer o desempenho de quem busca colocação no mercado de trabalho, mas também podem ser vistos como aliados.

“O profissional que tem acesso fácil e rápido das informações pelo uso do ChatGPT pode não desenvolver seu lado pragmático de conhecimento empírico e científico, não realiza o senso crítico, não participa efetivamente do processo de desenvolvimento de argumentos para a conclusão do projeto, por isso o domínio sobre o assunto pode ser raso, visto que a inteligência artificial é quem faz tudo. Por outro norte, o ChatGPT é um aliado na medida em que entrega informações valiosas de forma rápida, reduz ou elimina muitas tarefas que se precisa fazer.”

Apesar de todas essas teorias e afirmações, ainda está muito cedo para bater o martelo e sentenciar o fim de determinadas profissões. O robô conversador pode demonstrar um nível muito avançado de complexidade textual, mas ainda peca pelas imperfeições de uma plataforma que ainda está em aprimoramento. De todo modo, pode ser bem provável que algumas funções e cargos sejam substituídos ou automatizados futuramente, ao passo que outros trabalhos têm grandes chances de se tornarem ainda mais imprescindíveis.

Aliado ou rival na educação?
A educação é um dos pontos mais cruciais envolvendo o uso IA. As novas ferramentas podem facilitar a produção de cópias e plágios sem que os alunos se esforcem intelectualmente para realizá-los. Em compensação, essas mesmas plataformas tendem facilitar a vida estudantil, revisando assuntos, otimizando processos de produção e poupando tempo nos afazeres de modo geral.

Algumas instituições de ensino ao redor do mundo já vêm banindo o ChatGPT. É o caso de algumas escolas públicas de Nova York, que restringiram o acesso a ferramenta em sua rede e estão priorizando a realização de atividades in loco ou aplicando provas orais. Uma medida semelhante foi tomada pela Sciences Po (Instituto de Estudos Políticos de Paris). Por meio de comunicado aos alunos, ela comunicou o banimento da IA e de mecanismos semelhantes da instituição, inclusive propondo até mesmo a expulsão de alunos que façam o uso indevido da tecnologia.

Demonstrando uma visão mais otimista, o doutor, mestre e professor de direito da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) Antonio Kozikoski, defende que as inteligências artificiais podem ajudar no crescimento educacional, mas é função das instituições guiar o aluno para que a tecnologia se torne uma aliada, e não uma inimiga.

“Cabe às universidades ensinar competências para os estudantes, e não mais conteúdo, necessariamente. As Universidades devem incentivar o desenvolvimento de um raciocínio crítico e estimular os estudantes a formular as perguntas certas. Dadas as perguntas certas, a inteligência artificial pode entrar para apresentar as respostas mais adequadas para os desafios apresentados. Logo, as universidades que insistirem em modelos mais tradicionais serão impactadas de maneira negativa. Já as universidades que estão mais atentas aos novos perfis educacionais poderão avançar ainda mais com o uso da inteligência artificial.”

Kozikoski ainda explica como funciona um modelo de ensino baseado em competências que ele utiliza em suas aulas. Nesse método, os acadêmicos são incentivados a desenvolver o raciocínio crítico dentro da sala de aula a partir do uso de metodologias ativas de ensino.

“Utilizando-as, os professores passam a atuar não mais como simples distribuidores de conteúdo, mas sim como facilitadores para que os próprios estudantes encontrem as melhores respostas para os problemas apresentados. A partir dessa premissa, há total espaço para a utilização das novas tecnologias — inclusive a inteligência artificial —, dentro da própria sala de aula, tudo com a mediação/moderação dos professores. Assim, capacita-se o estudante para competências digitais sem que se abra mão do convívio e das relações interpessoais, extremamente necessárias para a construção de um profissional preparado para novos desafios.

Mas e você, qual é a sua opinião sobre esse novo momento que o mercado de trabalho e a educação vivem frente às novas ferramentas de inteligência artificial? Você acha que elas vieram para piorar os segmentos ou tendem a se tornar aliadas? Entre nas redes sociais do TecMundo e deixe o seu comentário.

Redação
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