O GHGSat já rastreia a poluição por metano desde sua órbita em volta da Terra. Agora, vai começar a medir o dióxido de carbono
Um novo satélite, lançado no início deste mês, é o primeiro capaz de medir com precisão a quantidade de CO2 emitida por uma usina de energia ou fábrica específica. Empresas poderão adquirir os dados para verificar as estimativas de suas emissões e, teoricamente, encontrar novas maneiras de reduzi-las.
Governos e organizações sem fins lucrativos também podem pagar pelos dados para identificar emissões ocultas. “Esperamos ver uma discrepância em alguns casos entre o que é relatado e o que realmente está acontecendo”, diz Stephane Germain, fundador e CEO da GHGSat, empresa que desenvolveu o satélite.
Satélites da NASA e da Agência Espacial Europeia podem medir o CO2 globalmente, mas não são projetados para detectar emissões de locais específicos. Outro projeto, o ClimateTrace, usa satélites e outros dados de sensoriamento remoto para encontrar fontes de emissões – de minas de carvão a criações de gado – e estimar as emissões com base no tamanho da instalação e outros fatores. Mas o GHGSat é o primeiro a medir as emissões específicas de CO2 diretamente.
A empresa, junto com algumas outras, já conta com sensores em órbita que podem detectar metano, um gás de efeito estufa ainda mais potente. Empresas de petróleo e gás estão usando esses dados para encontrar e corrigir grandes vazamentos.
“Em alguns casos, eles têm centenas de milhares de equipamentos e instalações em todo o mundo”, diz Germain. “Eles querem ajuda para encontrar rapidamente os maiores vazamentos, porque podem não ter a tecnologia em cada instalação para detectar esses vazamentos.”
Segundo ele, nos últimos dois anos os dados da empresa ajudaram a mitigar o equivalente a cinco milhões de toneladas de emissões de CO2. O metano, principal componente do gás natural, é crítico por ser um gás de efeito estufa muito poderoso – a curto prazo, retém cerca de 80 vezes mais calor do que o CO2.
Milhões de toneladas métricas vazam apenas nos EUA a cada ano. Deter esses vazamentos pode gerar benefícios imediatos para o clima. Quando as empresas também conseguirem rastrear as emissões de CO2 via satélite, é provável que descubram outras mudanças que podem fazer e o que priorizar.
“Haverá diferentes quantidades totais e magnitudes, e pode haver diferentes distribuições de fontes. Poderemos descobrir que certos tipos de processos ou certos tipos de instalações têm discrepâncias maiores e alguns devem ser priorizados”, explica.
Embora a equipe esteja começando com fontes fixas de poluição, como fábricas, também é possível usar a tecnologia para medir gases de efeito estufa de navios de carga e aviões.
Texto: Adele Peters