Pesquisadores da Universidade da Cidade de Hong Kong (CityU), na China, em parceria com engenheiros da Tencent, desenvolveram um novo dispositivo de renderização eletrotátil vestível, capaz de simular a sensação de toque com alta resolução espacial e em tempo real.
Segundo os cientistas, esse equipamento pode ser utilizado para emular o tato em ambientes de realidade virtual (RV), ou ajudar a aumentar a sensibilidade das mãos de profissionais como astronautas e mergulhadores, que precisam trabalhar usando luvas mais grossas.
“Embora tenha havido um grande progresso no desenvolvimento de sensores que capturam digitalmente recursos táteis com alta resolução e alta sensibilidade, ainda não temos um sistema que possa efetivamente virtualizar o sentido do toque, ou que possa gravar e reproduzir sensações táteis no espaço e no tempo”, explica o professor de engenharia mecânica Yang Zhengbao, coautor do estudo.
Sensível e seguro
As técnicas existentes para reproduzir estímulos táteis se baseiam em sistemas de estimulação mecânica ou elétrica. Na primeira, os atuadores mecânicos provocam sensações táteis estáveis e contínuas. O problemas é que esses equipamentos são volumosos, limitando a resolução espacial quando integrados a um dispositivo portátil ou vestível.
Já os estimuladores elétricos emanam sensações de toque no eletrodo em contato direto com a pele. Ao contrário dos dispositivos mecânicos, eles podem ser leves e flexíveis, oferecendo maior resolução e resposta mais rápida. No entanto, eles dependem de pulsos de corrente contínua e alta voltagem para penetrar na camada externa da pele.
“Para tornar nosso sistema mais eficiente e seguro, nós criamos um dispositivo vestível para a ponta dos dedos, capaz de emular sensações táteis como pressão, vibração e texturas em tempo real. Além disso, em vez de uma corrente contínua, ele utiliza uma corrente alternada de alta frequência, reduzindo a tensão para menos de 30 Volts”, acrescenta Zhengbao.
Tato virtual
Para aumentar a sensação tátil no dispositivo, os pesquisadores colocaram sensores de contato entre os eletrodos físicos. Com essa abordagem, eles conseguiram ampliar a resolução espacial dos estimuladores em mais de quatro vezes, passando de 25 para 105 pontos interação.
Segundo os cientistas, esse nível de percepção tátil pode ajudar pessoas com deficiências visuais a reconheceram as letras do alfabeto, sem a necessidade de aprender o sistema Braille, ou ser utilizado em aplicativos e jogos de realidade virtual para adicionar o sentido de toque dentro de um ambiente digital.
“No futuro, esperamos que nossa tecnologia beneficie um amplo espectro de aplicações no mundo real, como a transmissão de informações de forma mais realista, treinamento cirúrgico à distância, teleoperações e entretenimento multimídia, proporcionando um feedback tátil semelhante ao natural”, encerra o professor Yang Zhengbao.
Por: Gustavo Minari