Em um ano que o setor de videogames segue para um novo recorde de US$ 150 bilhões em negócios de fusões e aquisições, financiamentos e ofertas públicas iniciais de ações (IPOs), o Dia Internacional do Gamer, celebrado nesta segunda-feira (29), é ainda mais significativo.
No Brasil, as empresas aproveitam para realizar ações comemorativas e oferecer descontos aos jogadores. “O público gamer é consumidor ativo e fomenta todo o ecossistema de negócios em volta”, defende o CEO da Tipspace, plataforma de monetização de partidas, João Sobreira.
Ele participou da criação e desenvolvimento de algumas das principais marcas do segmento na América Latina como Prêmio eSports Brasil, Flamengo eSports e Final Level.
O dia e o gamer
O dia internacional do gamer foi criado em 2008 por um grupo de revistas espanholas — a Hobby Consolas, a PlayMania e PC Mania – e não há uma explicação histórica por trás desse dia.
Segundo a Pesquisa Game Brasil 2022, principal estudo sobre o mercado de games no país, três em cada quatro brasileiros jogam videogames, e as mulheres são maioria. Elas representam 51% das pessoas que jogam no Brasil. Já 49% do público gamer se identifica como pardo ou preto, seguido por pessoas que se declaram brancas, com 46%.
No quesito faixa etária, os adolescentes entre 16 e 19 anos são a maioria, representando 17,7% do público de games no país, seguidos de pessoas entre 25 e 29 anos, com 13,6%.
Alíquotas reduzidas
O CEO da Tipspace explica que “o setor de games na América Latina vai crescer acima de 7% ao ano faturando mais de U$8,7bi, os gamers nunca foram tão ativos como hoje”.
Em relação a divisão por classe social, 29,1% dos gamers brasileiros têm renda familiar média entre R$ 2.090,01 e R$ 4.180.
Vale lembrar que, a partir de 1º de julho deste ano, a alíquota de partes e acessórios dos consoles e das máquinas de videogame caiu de 16% para 12%. No caso de videogames com telas incorporadas (portáteis ou não) e suas partes, a alíquota foi zerada. Antes da medida, a alíquota era de 16%.
Em agosto do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro editou um decreto reduzindo IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de jogos eletrônicos e acessórios. Mas, o preço dos videogames continuam expressivos, podendo ultrapassar cinco mil reais.
A influência do metaverso
O estudo também revelou que o público que joga no Brasil já está antenado em conceitos como o metaverso, que é bem relacionado à indústria de jogos eletrônicos.
63,8% dos gamers brasileiros já conhecem o metaverso, enquanto 59,3% e 54,5% gostam da ideia de ver filmes em ambientes digitais e participar de shows de música dentro de jogos, respectivamente.
A Pesquisa Games Brasil 2022, feita pelo Sioux Group e Go Gamers em parceria com a Blend New Research e a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), ouviu 13.051 pessoas em 26 estados e no Distrito Federal entre 11 de fevereiro e 7 de março de 2022.
Para João, “os games sempre estiveram presente no metaverso, o melhor exemplo hoje de metaverso no mundo são os servidores de GTA RP, que simula completamente a vida real dentro do jogo”.
O CEO também defende que os jogadores sempre estiveram na vanguarda do que se diz respeito a moedas digitais, “a maior parte dos grandes jogos já tinha moedas internas para efetuar as micro-transações que ocorrem dentro do jogo”.
A blockchain potencializa a privacidade e liquidez dessas moedas internas, já tendo vários jogos utilizando como plataforma de receita como por exemplo o Axie Infinity, maior GameFi do mundo, explica ele.
A carreira de gamer
Para esse mundo ainda pouco explorado, são inúmeras as possibilidades de carreira que vão desde de ser gamer a profissões ainda nem criadas.
O setor traz diversas possibilidades de investimento como estúdios de desenvolvimento de games, publicadoras de jogos, agências, times de e-sports, startups de game tech, campeonatos, produtos ligados a web3, metaverso, blockchain, entre outros.
“O mercado de trabalho é extremamente promissor para quem é gamer”, declara João. “As empresas sempre precisam de novos talentos e novos tipos de profissões surgem a todo momento, por isso o mercado é muito dinâmico e altamente tecnológico, sempre inovando e trazendo novidades”.
Por Gabriela Mackert Occhipinti