Nesta segunda-feira, 5 de junho, é lembrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para evidenciar a urgência de pautas de sustentabilidade. Para se ter uma ideia, de acordo com a entidade, a poluição ambiental é responsável por 9 milhões de mortes prematuras e mais de um milhão de plantas e animais que estão em risco de extinção.
E como o assunto é bastante complexo, são várias as iniciativas que pretendem auxiliar na preservação. Você já parou para pensar, por exemplo, que jogar celulares e computadores antigos no lixo residencial pode contribuir com a degradação da natureza?
Para falar um pouco sobre como o descarte correto de aparelhos eletroeletrônicos gera uma cadeia de benefícios, o TecMundo conversou com Helen Brito, que é Gerente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree), entidade que dentre outras coisas realiza a gestão da logística reversa de produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos pós-consumo no Brasil.
O Brasil é um dos maiores produtores de resíduos eletroeletrônicos do mundo.
Brito explica que jogar aparelhos eletroeletrônicos nos lugares incorretos gera consequências como o espalhamento dos produtos nos rios e mares gerando contaminação da água, por exemplo. Além disso, há produtos como geladeiras e ares-condicionados que utilizam gases, que quando vazados acabam poluindo o ar e até prejudicando a camada de ozônio.
Também há um grande problema de informalidade, já que pessoas que trabalham com sucata podem não ter o conhecimento correto para como lidar com o material. A representante da Abree citou o caso de motores de geladeiras, que têm retirado suas partes de alumínio e o restante é jogado em lixões. O ato gera malefícios para seres humanos pois contamina o solo com componentes como mercúrio e cádmio.
“Por questões de hábito, muitos consumidores acabam colocando produtos como fones de ouvido, computadores, celulares no lixo comum ou na coleta seletiva sem saber que existe um local correto para fazer o descarte. E o que pouca gente sabe é sobre o benefício em cadeia que é gerado quando os resíduos são levados para os lugares corretos”, argumenta Brito.
Não é lixo eletrônico
De maneira popular, dizemos que produtos que não utilizamos mais são “lixos eletrônicos”. Na verdade, o correto é “resíduo eletroeletrônico”. Ao utilizarmos a palavra “lixo”, tendemos a acreditar que aquilo é algo totalmente descartável e não tem nenhuma outra utilidade.
A representante da Abree explica que, em sua maioria, os componentes podem ser reciclados e transformados em outros produtos. E para ir para a reciclagem, os dispositivos passam pela chamada manufatura reversa, que é um método que desmonta e separa os materiais provenientes de produtos eletroeletrônicos.
“Cada tipo específico de material é separado. Um exemplo, todo o plástico e alumínio dos aparelhos são colocados no mesmo local e vão para uma cadeia específica”, pontua.
As cooperativas realizam um trabalho de separação e destinação correta para cada tipo de material descartado.
Ainda segundo a ONU, a América Latina não recicla 97% de suas produções eletroeletrônicas, o que gera um grande desperdício de potencial econômico.
O trabalho com os resíduos eletroeletrônicos é importante porque, segundo o Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, a reciclagem destes materiais tem potencial para gerar dez mil empregos e injetar mais de R$ 700 milhões no país.
Quais produtos eletroeletrônicos podem ser descartados?
Apesar de ser feito há algum tempo, a formalização de políticas de reciclagem de aparelhos eletrônicos e elétricos é bastante recente. O assunto só virou lei praticamente a partir do decreto nº 10.240/2020, que instituiu a logística reversa de produtos eletroeletrônicos.
A legislação entende, inclusive, que equipamentos eletroeletrônicos são “todos aqueles produtos cujo funcionamento depende do uso de corrente elétrica ou de campos eletromagnéticos”.
Nesse sentido, é possível realizar o trabalho de reciclagem com dispositivos das seguintes linhas:
- Linha Branca: geladeiras, fogões, lavadoras de roupa e louça, secadoras, condicionadores de ar e etc;
- Linha Marrom: monitores, consoles, televisores de tubo, plasma, aparelhos de DVD e VHS, equipamentos de áudio e etc;
- Linha Azul: batedeiras, air fryer, chapinhas, liquidificadores, ferros, secadores de cabelo, espremedores de frutas e etc;
- Linha Verde: computadores desktop, notebooks, periféricos, tablets, celulares e etc.
Como descartar resíduos eletroeletrônicos corretamente?
Brito destaca que atualmente a Abree possui mais de 4 mil pontos de coleta de resíduos eletroeletrônicos em quase 1,3 mil cidades. Apesar dos desafios, ela argumenta que o assunto tem sido tratado com cada vez mais seriedade no país e que alguns números mostram isso.
“De 2021 para 2022, nós tivemos um avanço de 12 vezes na destinação correta, coleta e tratamento de lixo eletrônico no Brasil. Em 2023, estamos na metade do ano e já superamos a meta estabelecida para o ano todo. Ainda há muito a se fazer, mas as coisas estão avançando”, diz.
A representante da Abree é bastante clara sobre qual quesito é mais importante em todo esse debate: educar os consumidores a descartar corretamente os aparelhos que não serão mais utilizados ou que chegaram ao final de suas vidas úteis.
Os resíduos eletroeletrônicos podem ser transformados em outros materiais
Confira, a seguir, o passo a passo de como realizar corretamente o descarte de resíduos eletroeletrônicos:
- Separe os produtos eletroeletrônicos de outros tipos de resíduos;
- Apague todos os dados contidos nos aparelhos, como por exemplo fotos, vídeos, contatos, entre outros dados pessoais;
- Limpe, desligue e entregue inteiros os produtos que serão descartados;
- Procure o local correto para realizar o descarte no site da Abree. Basta digitar o CEP que aparece o ponto de recebimento mais próximo de você;
- Além de digitar o CEP, é preciso selecionar o tipo de produto que será descartado. A lista é composta por dezenas de aparelhos, indo de cervejeiras, passando por pistolas aplicadoras de cola e chegando em ventiladores de teto. A lista conta ainda com embalagens, pilhas e baterias;
- Basta observar no site da Abree as observações dos pontos de recebimento e levar os resíduos eletroeletrônicos até o local. A entrega é gratuita e não gera nenhum gasto para o consumidor.
Por: Carlos Palmeira
