As mudanças climáticas terão impactos significativos em todo o mundo, com a intensificação de ondas de calor como um dos principais problemas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) adverte que o fenômeno El Niño aumentará a incidência e a intensidade de ondas de calor extremas. Esse aquecimento global é especialmente evidente no hemisfério norte, com a ocorrência frequente de queimadas na Europa e nos Estados Unidos durante o verão, e temperaturas atingindo patamares acima de 40°C. Na China, verificou-se um recorde de 52°C no último mês. 

Essa frequente e intensa crescente de eventos climáticos extremos também representa riscos para a segurança do abastecimento de energia, além do aumento da demanda por refrigeração e aquecimento. Essas questões foram levadas em consideração no Acordo de Paris, que determinou que países desenvolvidos invistam US$ 100 bilhões por ano em medidas de combate às mudanças climáticas e adaptação em países em desenvolvimento. O objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa para limitar o aumento médio da temperatura global abaixo de 2°C, ou, se possível, até 1,5°C, em relação aos níveis pré-industriais. 

As energias renováveis são fundamentais para atingir essas metas, sendo previsto que elas respondam por mais de 90% da expansão global da capacidade de eletricidade. Países como China, União Europeia, Estados Unidos e Índia estão liderando esses esforços com políticas e reformas regulatórias, além da implementação de novas políticas para enfrentar a crise energética. No entanto, o Diretor Geral da Agência Internacional de Energia Renováveis (IRENA) ressalta que a transição energética global está enfrentando desafios e que será necessário um investimento expressivo em tecnologias da ordem de US$ 1,3 trilhão em 2022, com previsão de quadruplicar para mais de US$ 5 trilhões para cumprir a meta de 1,5°C. Até 2030, espera-se acumular recursos de até US$ 44 trilhões. 

Nesse cenário, o Brasil pode desempenhar um papel relevante, não apenas na segurança alimentar com o setor agrícola em crescimento, mas também na segurança energética, com oportunidades de exportar petróleo, gás, biocombustíveis e hidrogênio proveniente de fontes renováveis. Para garantir a segurança energética durante a transição, é fundamental aproveitar todas as fontes de geração, incluindo energias renováveis e combustíveis fósseis, e investir em armazenamento e flexibilidade para garantir o crescimento do país. 

Além disso, surge a questão do ESG (Environmental, Social and Governance) no setor de energia. A crescente preocupação com os aspectos ambientais, sociais e de governança torna-se cada vez mais relevante para as empresas do setor. Os investidores estão demandando transparência e ações concretas em relação à sustentabilidade e redução de impactos ambientais. Nesse contexto, a convergência energética com base em descarbonização é fundamental, visando a integração de diversas fontes de energia limpa e a redução das emissões de gases de efeito estufa. 

Para alcançar uma convergência energética bem-sucedida, serão necessárias ações coordenadas e políticas eficientes em nível global e nacional. Isso inclui incentivos para investimentos em tecnologias de baixa emissão de carbono, penalizações para emissões excessivas de CO2 e o estabelecimento de metas ambiciosas de redução de emissões. 

Portanto, a convergência energética representa uma abordagem essencial para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e garantir um futuro mais sustentável, com uma matriz energética limpa e eficiente. As empresas, governos e a sociedade em geral precisam se envolver ativamente na transição energética e contribuir, significativamente, para a preservação do meio ambiente e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. 

* Reive Barros dos Santos é conselheiro da Fictor Energia.

Fonte: Grupo Virta