Governo também manteve a proposta de que o Google fosse proibido de pagar para outras empresas darem ao seu mecanismo de busca posicionamento preferencial em seus aplicativos
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos reiterou, na última sexta-feira (7), seu pedido de dividir o Google, em um sinal de que o governo de Donald Trump está seguindo a mesma linha de Joe Biden, reduzindo as esperanças das empresas de tecnologia de que as políticas antitruste atuais seriam menos agressivas.
Segundo o jornal The Washington Post, o Departamento de Justiça reafirmou sua proposta de novembro do ano passado de que o Google seja forçado a vender seu navegador Chrome para atender a uma decisão de um juiz que concluiu que a big tech havia mantido ilegalmente um monopólio ao pagar navegadores da web e fabricantes de celulares para apresentar seu mecanismo de busca.
A proposta “reafirma que o Google deve alienar o navegador Chrome — um importante ponto de acesso de pesquisa — para fornecer uma oportunidade para um novo rival operar um portal significativo para pesquisar na internet, livre do controle monopolista do Google”, escreveram os advogados do Departamento de Justiça no processo.
O governo também manteve a proposta de que o Google fosse proibido de pagar outras empresas para dar ao seu mecanismo de busca posicionamento preferencial em aplicativos e telefones.
“A conduta ilegal do Google criou um gigante econômico que causa estragos no mercado para garantir que – independentemente do que aconteça – o Google sempre vença”, disse o governo em seu documento.
Ao mesmo tempo, o governo retirou sua demanda de que o Google vendesse suas participações em startups de IA depois que a Anthropic AI argumentou que precisava do dinheiro do Google para competir na indústria de rápido crescimento.
Segundo o jornal The New York Times, inicialmente, o governo também sugeriu que o Google fosse forçado a vender qualquer participação em produtos de IA que pudessem competir com seu mecanismo de busca. No entanto, o Departamento de Justiça alterou essa exigência, pedindo apenas que a empresa notifique autoridades federais e estaduais antes de investir em IA.
Outra alteração na proposta foi em relação ao sistema operacional Android. O governo cogitou exigir a venda do Android, mas agora quer apenas mudanças nos modelos de negócios.
Peter Schottenfels, porta-voz do Google, afirmou ao The Washington Post que “as propostas abrangentes do DOJ continuam a ir muito além da decisão do tribunal e prejudicariam os consumidores, a economia e a segurança nacional dos Estados Unidos”.
Entenda o caso
Durante um julgamento de 10 semanas em 2023, o governo alegou que o Google bloqueou concorrentes ao firmar acordos com Apple, Mozilla, Samsung e outros para ser o mecanismo de busca padrão quando usuários abriam um smartphone ou uma nova aba no navegador. O Google pagou US$ 26,3 bilhões por esses acordos em 2021, segundo provas apresentadas no tribunal, informou o The New York Times.
O Google argumentou que seus acordos não violaram a lei e que os usuários escolhem seu mecanismo de busca porque ele é melhor na obtenção de informações do que o dos concorrentes.
No ano passado, o juiz Amit P. Mehta, do Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Columbia, considerou que o Google manteve ilegalmente um monopólio no setor de buscas online ao pagar navegadores e fabricantes de smartphones para destacar seu mecanismo de busca. O Departamento de Justiça propôs, então, que a empresa fosse obrigada a vender o Chrome.
Mehta deve ouvir os argumentos do governo e da empresa sobre as soluções propostas em abril.
Por: Thâmara Kaoru