Construir uma casa pode ser o sonho de muita gente — mas também é sinônimo de estresse, atrasos e orçamentos que vivem saindo do controle. Em meio a esse cenário, uma startup vem propondo uma solução prática e digital: o Delivery da Construção, plataforma que conecta quem está construindo às melhores ofertas de materiais em tempo real, centralizando todo o processo de compra e entrega em um só lugar.
Pedro Henrique Barros, arquiteto e um dos idealizadores da empresa, explica que a ideia surgiu durante suas próprias obras. “Sempre ouvia os mesmos relatos dos clientes: falta de organização, dificuldade com fornecedores, atrasos. A dor era real. Foi aí que, conversando com um amigo de Sinop, o Murilo, tivemos o insight de criar uma plataforma que conectasse quem constrói diretamente às lojas, com agilidade e menor custo”, conta.
O funcionamento da plataforma é simples. Ao invés de lidar diretamente com lojistas, o cliente faz seu pedido via plataforma e recebe orçamentos em pouco tempo. A empresa intermedia a compra, busca os itens e os entrega na obra com freteiros parceiros, otimizando tempo e recursos.
Hoje, o modelo de negócio evoluiu para um software as a service (SaaS), com assinaturas para quem está construindo ou reformando. O assinante acompanha pedidos, orçamentos e negociações de forma automatizada, com opção de comprar diretamente pelas lojas ou pela própria plataforma.
“O trabalho hoje consome muito mais do que 8 horas de expediente. A gente continua no WhatsApp, respondendo clientes, misturando trabalho e vida pessoal. No fim das contas, sobra pouco tempo para o essencial: cuidar dos filhos, ir à academia, viver. A proposta do Delivery é justamente essa: economizar tempo e dinheiro para quem está construindo.”, afirma Pedro.

Ao facilitar a cotação e a compra de itens como cimento, areia, cal e ferro, o Delivery da Construção impacta diretamente o varejo e os profissionais do transporte. A startup aproveita a ociosidade de freteiros em centros urbanos, conectando essa força de trabalho com as demandas da obra.
“Geramos mais negócios para os lojistas e oportunidades para quem tem caminhão e está parado. Criamos uma cadeia em que todos ganham”, reforça o arquiteto.
Além disso, o sistema permite compras fracionadas por loja: se o cimento está mais barato em um fornecedor e o ferro em outro, o cliente faz uma única compra e a plataforma cuida da divisão e repasse aos lojistas.
A jornada empreendedora da startup contou com apoio de programas como Start Up (Sebrae), Programa Centelha e, mais recentemente, TecNova (Finep/Fapemat), que concedeu uma subvenção de R$ 425 mil. Os recursos estão sendo aplicados na criação dos apps (Android e iOS), melhorias no design e aplicação de inteligência artificial. “O app está em constante evolução. Cada melhoria exige uma reconstrução. Mas isso é essencial para escalar o negócio e atender mais pessoas com menos esforço humano”, pontua Pedro.
A história da empresa também é marcada por conexões inesperadas. O engenheiro e programador Deivson Monteiro se identificou com a dor que a solução buscava resolver e acabou se envolvendo diretamente no projeto. Com visão prática e técnica, desenvolveu a plataforma da empresa e, mais tarde, tornou-se sócio — contribuindo de forma decisiva para a evolução do negócio.
“Foi uma virada fundamental. Ele vivia o problema na prática e trouxe uma visão técnica que fortaleceu o projeto. Hoje, o Deivison é parte essencial da equipe”, diz Pedro.
Com a operação em Sinop e Cuiabá, o plano agora é escalar para outras cidades do Brasil e para o exterior. A dor que motivou o nascimento da plataforma – falta de agilidade e organização na compra de insumos – é uma dor nacional e até mundial.
“Estamos estruturando o crescimento de forma consistente. A tecnologia nos permite isso. O setor da construção ainda é muito analógico, mas estamos mostrando que é possível digitalizar, ao menos, o que é básico e recorrente”, finaliza.