Já estamos familiarizados com as fake news. O termo surgiu em 2016, durante a eleição nos Estados Unidos, e se tornou comum em nosso vocabulário. Já estamos acostumados e até treinados a identificar as notícias falsas. Porém, recentemente, começaram a circular fake news que são praticamente idênticas à realidade. A técnica utilizada para divulgar esse novo formato de notícia é conhecida como deepfake.
O deepfake faz uso de Inteligência Artificial (IA) para reunir dados e aprender como um rosto ou uma voz se comportam. Por meio de milhares de recursos com diferentes expressões e tons de voz, a tecnologia consegue criar conteúdos do zero, no qual o usuário pode manipular a imagem de uma pessoa e fazer com que a mesma fale ou faça o que quiser.
Essa técnica pode ser usada para fins de entretenimento, como para a recriação de cenas de filmes, ou para meios ilegais, como para a criação de conteúdos modificados que podem prejudicar a imagem de alguém.
O termo deepfake surgiu em 2017, um ano depois da fama das fake news. Porém, o primeiro caso que viralizou foi em 2018, onde um vídeo do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi manipulado para chamar a atenção ao crescente problema relacionado a vídeos de notícias falsas.
O conteúdo foi criado pelo ator e cineasta Jordan Peele em parceria com a plataforma de notícias Buzzfeed. “Não fique constrangido(a) se tiver sido enganado(a), mesmo que por poucos segundos. A tecnologia voltada a enganar nossos olhos e ouvidos está avançando rapidamente”, divulgou a plataforma.
É verdade: a tecnologia pode nos enganar facilmente. Recentemente, circularam vídeos do Jornal Nacional nos quais os âncoras passavam informações falsas sobre as eleições de 2022. Além disso, a próxima novela do horário nobre da Rede Globo, chamada Travessia, vai contar a história de uma mulher que foi vítima do deepfake. A protagonista da produção tem o rosto trocado em um vídeo de uma mulher correndo com uma criança no colo e, a partir disso, a trama é desenvolvida.
Podemos perceber que as discussões a respeito das consequências das notícias falsas e da transformação digital estão em alta. De fato, era mais fácil desmascarar uma notícia falsa escrita e enviada pelo WhatsApp. Bastavam alguns cliques para pesquisar o assunto e as fontes e, assim, saber se o conteúdo era verídico.
Por outro lado, quando a notícia tem vídeo e som, a credibilidade é maior. Nosso primeiro reflexo é acreditar no que estamos vendo e ouvindo, nem que seja pelos primeiros segundos.
Apesar do avanço da tecnologia, ainda é possível reconhecer um vídeo ou um som manipulado. Por meio de um olhar atento, há como reparar em detalhes da entonação da voz, do movimento dos lábios e das expressões faciais que entregam a veracidade do conteúdo.
Porém, não podemos contar com isso. Se as fake news já estão praticamente irreconhecíveis, é provável que os recursos tecnológicos continuem a aperfeiçoá-las cada vez mais. Agora, mais do que nunca, é preciso exercitar o olhar crítico para todas as informações que chegam até nós.
Por: Carlos Carvalho
Imagem: Shutterstock