Sua primeira experiência com inteligência artificial generativa provavelmente foi por meio do ChatGPT. Mas essa tecnologia é capaz de fazer muito mais do que apenas ajudá-lo a se preparar para uma entrevista de emprego ou escrever um poema ruim. Uma aplicação particularmente útil é no combate às mudanças climáticas.
A seguir, apresentamos seis exemplos de como a IA generativa pode contribuir para a redução das emissões, desde projetar baterias e materiais mais eficientes até sugerir uma nova forma de reciclar o aço.
1. Carne à base de plantas mais parecida com a “de verdade”
Diminuir o consumo de carne e laticínios pode reduzir drasticamente as emissões de carbono. Para convencer os consumidores a abandonar a proteína animal, empresas estão buscando criar produtos que se assemelhem em sabor e aparência à carne real. Para isso, algumas estão recorrendo à IA generativa.
A startup NotCo usa uma plataforma própria de inteligência artificial para gerar novas receitas para seus produtos à base de plantas, buscando entre milhares de ingredientes aqueles que melhor combinam a textura e o sabor da versão animal.
Já a Climax, startup que produz queijo vegano, usa a tecnologia para encontrar as melhores combinações de ingredientes e, assim, melhorar as propriedades de seus produtos.
2. Baterias de veículos elétricos mais eficientes e combustíveis mais verdes
As baterias são o componente mais caro dos veículos elétricos e utilizam materiais como o cobalto, que causam problemas ambientais e sociais no processo de mineração.
Conforme os engenheiros trabalham em alternativas, alguns estão buscando soluções na inteligência artificial. A startup Chemix usa a tecnologia para projetar novas composições químicas para baterias, com base em dados de testes.
A empresa afirma que seu sistema é capaz de projetar baterias melhores – evitando o uso de cobalto, por exemplo, ou criando baterias que carregam mais rápido – em questão de meses, em vez de anos.
Outros cientistas estão usando a IA generativa para ajudar a produzir combustíveis limpos a partir de eletricidade. David Rolnick, líder de um grupo na Universidade McGill, no Canadá, dedicado a explorar como a IA pode auxiliar no combate à crise climática, está utilizando a tecnologia para acelerar o processo de produção de catalisadores usados em combustíveis verdes.
3. Prédios mais eficientes e melhores materiais
Os edifícios respondem por cerca de 40% das emissões de gases do efeito estufa, e estima-se que o ambiente construído duplique até meados do século – o equivalente à construção de 13 mil novos prédios todos os dias.
Mas uma ferramenta de IA poderia aprender com projetos anteriores, considerando como edifícios similares lidaram com questões como poluição do ar, regulação de temperaturas extremas e design de janelas para ventilação.
4. Cidades mais verdes
Na área de planejamento urbano, a IA generativa poderia ser utilizada para identificar os melhores locais para infraestruturas, como pontos de recarga para veículos elétricos, sugerir onde construir um edifício para evitar riscos climáticos ou incentivar o deslocamento a pé dos moradores, como aponta Joe DiStefano, CEO e co-fundador da Urban Footprint, empresa de desenvolvimento de software para planejamento urbano.
A Arup, uma empresa global de design e engenharia, vem usando a IA generativa para criar mapas detalhados de uso do solo com base em imagens de satélite, permitindo testar diferentes cenários futuros para um determinado bairro.
5. Energia elétrica mais limpa
A IA generativa pode ser usada para produzir “dados sintéticos” – informações realistas baseadas em parâmetros conhecidos, mas que evitam questões de privacidade, já que não são obtidas diretamente de indivíduos.
No setor energético, por exemplo, os medidores inteligentes coletam dados valiosos sobre o momento em que os clientes consomem energia, porém, muitas vezes, não podem ser acessados porque são privados.
Dados gerados por IA também podem ser usados para auxiliar no gerenciamento da rede elétrica, à medida que as energias solar e eólica ganham espaço e as empresas precisam administrá-las conforme as demandas de consumo.
Eles podem ser aplicados em tarefas como otimizar o design das redes de distribuição, inclusive sugerindo a melhor rota e tamanho para as linhas de energia, de modo a tornar a rede o mais eficiente possível.
6. Materiais mais verdes
A produção de aço é responsável por cerca de 9% das emissões globais, mais do que o triplo da poluição proveniente da indústria da aviação. Enquanto algumas empresas buscam alternativas para a produção, a Fero Labs está usando a IA generativa para aprimorar a reciclagem.
Normalmente, os operadores misturam metal antigo com quantidades maiores de ferro virgem, o que aumenta a pegada de carbono do material reciclado final.
O software da startup usa IA para criar uma fórmula personalizada a cada 10 minutos, sempre que um novo lote é processado, reduzindo a quantidade de material utilizado. A IA generativa também pode facilitar a produção circular de outros materiais, como produtos químicos e cimento.
“Precisamos garantir que a tecnologia seja entregue de maneira eficiente, a baixo custo e com o menor consumo energético possível”, defende Matt Wood, vice-presidente da Amazon Web Services, que busca tornar a IA generativa facilmente acessível.
A empresa está encontrando maneiras promissoras de reduzir o consumo de energia, o que é fundamental, pois seu objetivo é “colocar [a IA generativa] nas mãos de cada startup, em todas as áreas, segmentos e países, para que possam aplicá-la a problemas verdadeiramente complexos”.
Texto: Adele Peters/ Fast Company