Vamos falar das tendências e principais temas discutidos sobre saúde? A partir de agora, inauguro uma coluna na StartSe voltada 100% para falarmos sobre Saúde e as Inovações e Tendências que estão impactando o setor.
Para começar, nada melhor do que estar em um local que respira conhecimento e insights como o SXSW. Por mais um ano estive no South by Southwest e, como é de praxe, dou um foco e atenção especial para a área da saúde. Para os que não são experts de SXSW, este evento possui uma lista grande de palestras que são sempre conectadas a algumas trilhas de conhecimento durante todo o evento.
- Aprofundando nas trilhas de conhecimento do evento, uma delas, chamada de Health & MedTech, vem crescendo ano após ano, trazendo os principais temas que precisam ser discutidos na saúde.
- Tanto que foram 63 sessões que ocorreram durante 4 dias da Trilha Health & Medtech. Se considerarmos também a Trilha de Psychedelics, que está dentro do guarda-chuva da saúde, o total de sessões vai para 83.
Vou focar na trilha de Health & MedTech, que já tem muito pano pra manga (quem sabe em um próximo artigo eu faça um extra sobre a trilha de Psychedelics).
QUAL É O PAPEL DO APPLE WATCH E DO IPHONE NA SAÚDE?
Durante a sessão Driving Personal Health Forward: The Role of Apple Watch and iPhone, a vice-presidente de health da Apple, Sumbul Ahmad, trouxe diversos insights sobre como a big tech desenvolveu as funcionalidades de saúde, como frequência cardíaca/ECG, mobilidade, sono e ciclo menstrual.
Ela também mencionou que a forma de construção do backlog de funcionalidades de saúde da Apple não é algo super planejado ― acontece de forma orgânica por meio dos canais de clientes. Por exemplo:
- O Apple Watch queria apenas contar calorias quando criou o sensor de frequência cardíaca, mas acabou virando algo maior após os seus clientes começarem a usar funcionalidade para sua própria saúde
- Foi o que aconteceu com uma cliente que estava grávida e, com o alerta de frequência cardíaca muito alta, foi ao hospital e ao interagir com o corpo clínico identificou um problema sério que salvou ela e o bebê por conta dessa medição.
- Por consequência, a Apple passou a olhar de maneira diferente a funcionalidade de medição da frequência cardíaca, levando à criação de um roadmap estruturado de cuidado com o coração, que culminou na funcionalidade de ECG.
Para mim, o grande insight dessa palestra foi relacionado ao processo de integração da cadeia de valor dentro do roadmap de um produto/dispositivo de saúde. A Apple faz questão de garantir que exista uma interface para o paciente e uma para o médico, além de fazer parcerias com outros players da indústria e universidades, buscando inspirações e validações científicas para as funcionalidades que quer desenvolver. Um belo exemplo de Open Innovation.
COMO FUNCIONA A INTERFACE CÉREBRO-MÁQUINA?
O painel Hello World: Brain Computer Interface at Scale contou com alguns executivos da saúde que estão à frente de estudos avançados a respeito dos implantes das interfaces cérebro-máquina.
A empresa Synchron, healthtech que está na sua Série B de investimento, com a missão de criar um implante endovascular que possa transferir informações de todos os cantos do cérebro em grande escala, esteve com o seu CEO, Tom Oxley, e sua VP de R&D, a Riki Banerjee.
Também estava o Alex Morgan, da Khosla Ventures, investidora da Synchron na sua Série B. Mas também uma curiosidade: é uma das investidoras da OpenAI, criadora do ChatGPT.
Para fechar o line-up, estava ninguém menos que Max Hodak, CEO da Science. Porém, mais conhecido como o fundador e ex-CEO da Neuralink, empresa adquirida por Elon Musk.
Os principais temas discutidos nessa palestra:
- O tema interfaces cérebro-máquina (BCI) é bastante vasto, porém a ideia da Synchron sobre BCI é como se fosse um medical device que estimula o neurônio a realizar uma atividade específica
- O CEO da Synchron explicou que usou seu primeiro mês de residência médica para desenvolver sua tese. Isso foi depois de ele ver uma pessoa tendo um AVC na frente dele e infelizmente morreu, o que o chocou profundamente, a ponto de passar a planejar como conseguiria construir algo que evitasse essa situação
- Alex Morgan, da Khosla Ventures, comentou sobre a realidade que a Inteligência Artificial não é algo de outro mundo. Que hoje, diversos serviços de celular já possuem AI e usamos todo o tempo, desde auto-translation, aplicativos de geolocalização com o Waze
- Conclui seu pensamento dizendo que vê um futuro muito próximo onde as pessoas vão se comunicar com as AIs através de BCIs e, a partir daí, interagir umas com as outras através apenas do poder da mente
- Max Hodak, CEO da Science, trouxe uma visão muito disruptiva sobre poder conectar o nosso cérebro a uma API (Application Computer Interface) que facilite integrar a mente com outros devices através da nuvem
- Também comentou sobre sua linha de estudo na Science, onde ele parte do cenário que as veias do sangue trafegam diferentes sinais que podem falar muito sobre o que está acontecendo no corpo
- O foco da Science está em traduzir esses eletro-códigos no cérebro e nos neurônios para saber exatamente que tipo de comunicação está sendo “conversada” dentro do corpo
Fonte: Startse