Ao longo dos últimos anos, a inovação tem sido uma das principais agendas prioritárias para executivos, empreendedores e pesquisadores. Neste universo de mentalidades antagônicas, tem de tudo. Existem atos de defesa por uma inovação baseada em princípios de gestão, com boa governança e resultados concretos. Da mesma forma, sugere-se a criação de ambientes para testes e sem foco exagerado para o bom e velho retorno sobre o investimento. Também existem os defensores do investimento a fundo perdido, pois é preciso buscar a ruptura tecnológica e até mesmo na busca pelo estado da arte nas ciências. Quem estaria certo?
Como professor e pesquisador, não poderia fugir da regra. É preciso a boa e velha pesquisa, com o levantamento de dados, testes adequados, metodologia e evidências concretas sobre o que realmente poderia ser uma agenda inovadora. Considerando a pesquisa em alta qualidade, sugere-se uma análise histórica dos dados e a possibilidade para adotar técnicas de simulação, em busca de tendências futuras.
Neste sentido, o Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), tem dedicado esforços para estruturar uma plataforma tecnológica, em parceria com universidades de ponta, empresas parcerias e institutos de governo, financiando o desenvolvimento da plataforma forecasting. Trata-se de um projeto de pesquisa, resultado de mais de 10 (dez) anos de iniciativas com empresas de grande e médio porte, bem como órgãos públicos. O objetivo é o levantamento de dados quantitativos, qualitativos e validação dos resultados com especialistas temáticos.
Além dos resultados da Pintec (Pesquisa de Inovação Tecnológica), resultado das pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a coleta de dados de fontes internacionais importantes e de empresas relevantes no contexto da inovação tem sido frequente pelos pesquisadores da FDC, com avaliações mensais sobre o desempenho da inovação no Brasil e mundo. Os resultados permitem o ranqueamento dos países e empresas avaliadas, compreendendo o que são práticas empresariais de sucesso e até mesmo de fracasso.
Todos os dados (e claro, as evidências das pesquisas) permitem uma série de testes estatísticos, compreendendo a relação de causa e efeito entre as variáveis analisadas, destacando por exemplo, como os investimentos em inovação poderiam aumentar a produtividade das organizações. Outros fatores também são analisados, como a importância dos investimentos em P&D (pesquisa e desenvolvimento), na estruturação de indicadores de resultados, na qualificação de equipes e na promoção de parcerias com o ecossistema local. Nada melhor do que ter evidências, resultado de pesquisa séria, com a boa sugestão dos melhores caminhos para a implementação de uma agenda adequada para inovar, considerando o perfil do seu proponente. Gasta-se menos tempo com achismos e desvaneios inapropriados.
Logo, os dados levantados pela FDC, além da revisão de literatura realizada ao longo destes últimos anos sugerem alternativas viáveis e apuradas para qualquer organização inovar, independente do seu porte e setor de atuação. O ponto de partida chama-se rotina. É preciso criar uma agenda disciplinada para a geração de ideias e um ambiente favorável para a implementação. Para tanto, a visão futura de um projeto ou negócio deve estar bem estabelecida. Para um empreendedor ou para um executivo em alto cargo decisório, isto poderia ser traduzido como sonho ou planejamento estratégico.
Outros dados também trazem uma perspectiva eficaz para inovar. Por exemplo, saber estruturar rotas tecnológicas, bem como parcerias com outras instituições, fomentaria a busca por conhecimento novo e o desejo pela transformação incremental ou radical do negócio. Claro, é preciso estruturar um funil de projetos, priorização e indicadores de resultado.
Os piores resultados para a agenda da inovação envolveriam uma centralização desta pauta em temas tecnológicos, isoladamente. Ou seja, pensar que as principais tecnologias poderiam trazer desempenhos superiores não é uma forte evidência, trazendo custos elevados e em alguns casos, baixa eficiência. Quando as novas tecnologias são combinadas com uma clareza de mercado, clientes e o potencial de replicação em um novo modelo de negócio, tem-se um bom desempenho.
De uma forma geral, ao longo dos últimos anos um conjunto de variáveis de negócio, mercado, investimentos e pesquisa tem sido analisadas, destacando dados quantitativos, bem como aspectos qualitativos e explicações com um bom nível de profundidade tem sido adotadas para sugerir um bom caminho para a agenda da inovação. O tempo do festim e a compreensão da inovação como um ambiente de gente muito animada deveria
ser superada, treinando os interessados em busca de metodologias adequadas e utilizando as técnicas adequadas ao seu contexto. Menos opinião, mais dado e ciência como sugestão. Vale a dica.
Por: HUGO TADEU