Com foco na profissionalização de jovens trans, a filial de Porto Alegre do Espro (Ensino Social Profissionalizante) promove, na próxima segunda-feira (28), a primeira turma do projeto de Formação para o Mundo do Trabalho (FMT) na área da tecnologia e robótica exclusiva para este público. As inscrições gratuitas são para pessoas de 14 a 22 anos, em situação de vulnerabilidade social.

De acordo com Matheus Levandowski, Supervisor Educacional do Espro em Porto Alegre, a escolha do público alvo para o curso profissionalizante está baseada no fato de que apenas uma parcela pequena dessa população está empregada formalmente. “Muitos sofrem com alta evasão escolar por conta da transfobia. Outras pessoas são expulsas de casa e não têm oportunidade de capacitação profissional. Entendemos que assim vamos causar impacto social”, pondera. 

O supervisor também destaca o espaço que a tecnologia oferece para este público. “Devido à flexibilidade e a necessidade de mão de obra nas empresas, que têm olhado cada vez mais para a diversidade, é uma oportunidade”, explica. Apesar disso, ele pontua um ponto negativo: “Por causa do preconceito, muitos conseguem trabalho home office, mas precisamos inserir esses jovens em vários modelos de trabalho, remoto, híbrido, presencial… então nós buscamos sensibilizar os gestores parceiros que diversidade sempre será o melhor ativo da empresa”, considera.

O curso de tecnologia e robótica é dividido em duas etapas. A primeira, que contempla 100 horas de aulas, será voltada para o desenvolvimento de competências emocionais e soft skills, como postura profissional, trabalho em equipe, processos de comunicação, educação financeira, empreendedorismo e rotinas organizacionais. Além disso, serão ministrados conteúdos sobre ética, cidadania, diversidade, solidariedade e marketing pessoal. 

Para Matheus, é importante abordar outras temáticas além da profissional. “Nem todas as pessoas trans conseguem participar de espaços formativos com reflexões críticas. Para que possamos realizar um trabalho com impacto social, precisamos construir redes de proteção, mostrar locais onde essas pessoas possam se sentir seguras e isso agrega no profissional também, porque somos complexos, não tem como compartimentar”, refletiu. 

As 136 horas restantes serão de introdução à programação, IoT (Internet das Coisas, em português) e desenvolvimento de projetos de robótica. No total, o curso terá 59 encontros, de segunda a sexta, com 4 horas diárias. Além do curso ser gratuito, a Espro irá fornecer auxílio-transporte, lanche, material escolar e kit robótica para atividades práticas.

Fonte: Jornal do Comércio