“Trabalhe duro ou vá embora”, disse Elon Musk, o mais novo CEO do Twitter, aos funcionários da rede social. Na última quarta-feira, 16, Musk enviou um comunicado aos colaboradores dizendo que a “cultura hardcore”, pelas palavras do homem mais rico do mundo, seria implementada na empresa. Os colaboradores que não estivessem de acordo com as jornadas de trabalho extensas e intensas seriam desligados da empresa com direito a três meses de indenização.

Isso tudo não foi comunicado por meio de uma palestra ou uma reunião. O ultimato da nova cultura foi enviado aos colaboradores através de um e-mail uma semana após a primeira reunião de Musk com seus funcionários, que, por sua vez, aconteceu uma semana depois de um corte de 50% da força de trabalho global da rede social. “Se você tem certeza de que quer fazer parte do novo Twitter, clique sim no link abaixo”, dizia a mensagem. Os que não clicaram no link foram desligados da organização.

Não é a primeira vez que Musk revela seu gosto pelo workaholismo. Durante a pandemia de covid-19, o empresário protestou contra e desafiou as ordens de isolamento social para que seus funcionários voltassem a trabalhar presencialmente na fábrica da Tesla em maio de 2020. Ainda sobre a pandemia, Musk publicou que ficar em casa durante a quarentena fez com que as pessoas pensassem que não precisam trabalhar duro. Não é de hoje que Elon Musk é considerado um chefe exigente.

Desde que o empresário assumiu o comando do Twitter, mais de 7.500 funcionários foram demitidos. Além disso, as políticas de trabalho remoto e de dias de folga devem ser encerradas. Os últimos acontecimentos da cultura organizacional da empresa não afetam apenas as mais de sete mil pessoas que foram demitidas ou os funcionários que vão precisar se adaptar ao novo modelo de trabalho. Os valores de uma organização causam impactos de dentro para fora.

Para começar, algumas empresas já suspenderam seus contratos de publicidade no Twitter. A General Motors e a Volkswagen retiraram seus anúncios da rede social por não saberem como será a gestão do novo dono da plataforma. Enquanto algumas marcas saem da rede, contas bloqueadas devem voltar à ativa. Elon Musk reativou a conta de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, que havia sido bloqueado por discurso de ódio em janeiro de 2021, quando incitou seus apoiadores a invadir o Capitólio, sede do Congresso americano.

Por fim, o impacto chegou aos consumidores finais: os usuários do Twitter. Por conta de todas as mudanças, os usuários da rede social estão descontentes e temem uma possível queda da plataforma. Como nada é insubstituível no mundo digital, o Koo, uma rede social indiana que funciona como o Twitter, ganhou notoriedade nos últimos dias. Alguns famosos brasileiros já entraram na onda e criaram um perfil no Koo, como o ator Paulo Vieira, a cantora Clarice Falcão, o influenciador Casimiro e o ator Bruno Gagliasso. Inclusive, na última sexta-feira, 18, o Koo App se tornou o assunto mais falado no próprio Twitter.

De acordo com o cofundador da plataforma, Mayank Bidawatka, o Koo já se estabeleceu como a segunda maior rede social de microblog do mundo. Bidawatka disse ainda que vão “contratar alguns desses ex-funcionários do Twitter, na medida em que estamos expandindo e crescendo […] Eles merecem trabalhar onde seu talento seja reconhecido. Micro-blogging é sobre o poder das pessoas. Não de supressão”.

As polêmicas ao redor do Twitter mostram a grandeza do impacto da cultura organizacional. Os valores de uma empresa não afetam apenas a vida dos funcionários internos, mas também a escolha dos consumidores de fora. Em apenas alguns dias de mudança organizacional, o Twitter já perdeu pessoas de dentro e fora da empresa.