Nos últimos anos, tive a oportunidade de trabalhar com várias empresas, e uma dúvida sempre aparece: é melhor ter uma área exclusiva para inovação ou incentivar todo mundo a pensar fora da caixa? A verdade é que não existe uma única resposta, e tudo depende de como cada empresa aborda a inovação.

Então, bora refletir juntos: se tua empresa já tem uma pegada inovadora, aquele ambiente onde errar não é demissão e experimentar não é uma palavra usada só para tratar café com leite na brincadeira, dá pra abrir as porteiras e deixar a criatividade rolar solta. Assim, todo mundo vira agente da mudança. Não é sobre um departamento, mas sobre uma cultura. E aí a coisa fica interessante. Porque quando cada pessoa se sente parte do processo, a chance de surgir aquela ideia maluca, mas genial, é enorme.

Agora, se o teu negócio ainda tá engatinhando nesse lance de inovação, sem cultura e apetite para arriscar, o papo é outro. Nesse caso, vale botar meia dúzia de mentes brilhantes numa sala pra fazer o que a maioria ainda não consegue: errar sem medo. Imagina uma startupzinha dentro da tua empresa, protegida dos “não pode” do dia a dia. Essa galera vai errar, tropeçar, mas também vai aprender e acertar. E quando acertar, é hora de trazer pra mesa principal e mostrar como é que se faz.

O conceito é simples e já foi discutido no paper “Scaling Edges”, um relatório do Deloitte Center. Ao formar um time exclusivo para inovar, você dá a eles a liberdade de experimentar sem a pressão do dia a dia da empresa. Esse time pode testar ideias, correr riscos e, o mais importante, aprender com os erros.

Quando esses projetos começarem a dar resultados, é hora de trazer o que funciona para o core da empresa. Assim, você integra a inovação de maneira natural, fazendo com que ela se torne parte da cultura organizacional.

Mas se você está em dúvida entre disseminar a inovação ou criar uma área dedicada, olhe para a maturidade da sua empresa. Se a cultura de inovação ainda está engatinhando, proteger um time pode ser a melhor opção. Porém, se a sua equipe já tem um histórico de inovação, dar espaço para todos se destacarem pode levar a uma transformação ainda maior.

Criar uma estrutura dedicada à inovação é como montar sua própria startup. No fim das contas, inovar é justamente sobre fazer as coisas de um jeito novo e diferente. Aqui algumas dicas:

Defina seu foco principal

Antes de criar qualquer estrutura de inovação, o primeiro passo é entender o que você realmente quer resolver. Pergunte-se: qual é o problema que minha empresa precisa enfrentar? Como essa estrutura de inovação vai ajudar nisso? Pense também em como os projetos serão desenvolvidos e quem vai participar do processo.

Leve em conta o DNA da sua empresa

Antes de investir tempo e recursos em uma estrutura de inovação, é importante garantir que isso esteja alinhado com a estratégia da sua empresa. Use a missão, a cultura e as prioridades atuais como guias para direcionar e ajustar sua estrutura de inovação.

Não tente fazer tudo de uma vez

Você não precisa montar toda a estrutura de inovação de uma vez — e nem deve. Desenvolver essa formação é um processo de aprendizado, em que você vai ajustando e construindo aos poucos, sempre em torno do seu foco principal (como falamos antes). Deixe espaço para erros e ajustes ao longo do caminho.

O importante é dar o primeiro passo

Ao desenvolver um projeto de inovação, comece com uma equipe enxuta e vá aumentando conforme necessário. Testar diferentes formações de equipes é fundamental para encontrar a dinâmica ideal. Durante a execução, crie ciclos de testes constantes: experimente diferentes abordagens, ferramentas e até metodologias. Receber feedback é uma etapa importante nesse processo, pois permite identificar o que está funcionando bem e o que precisa ser ajustado.

Com cada revisão, ajuste o trabalho, melhore a colaboração entre os profissionais e adapte as estratégias para garantir que o projeto continue alinhado com os objetivos principais. Além disso, faça pitchs regulares, tanto internos quanto externos, para comunicar o progresso e validar as ideias com stakeholders. Essas apresentações são ótimas oportunidades para controlar o rumo do projeto com base no retorno dos participantes e até para atrair novas ideias e perspectivas.

Outra coisa: não adianta contratar uma consultoria pra te dizer o óbvio. Claro, elas têm seu valor. Eu tenho uma consultoria e posso dizer isso. Uma boa consultoria pode ser aquela mentora que vai dar o empurrãozinho, te ajudar a escolher o caminho e a metodologia certa. Mas, no fim das contas, a mágica da inovação acontece quando a empresa **abraça o erro, experimenta sem medo** e aprende com o processo.

Seja com uma equipe dedicada ou uma cultura disseminada, o importante é começar. Porque a inovação só acontece no campo. E se você não tá jogando, meu amigo, tá perdendo.

Por Eduardo Paraske, co-fundador e sócio da consultoria de inovação 16 01. Possui mais de 20 anos de experiência em empresas multinacionais, com forte background em marketing, gerenciou marcas, projetos de inovação e criou estratégias para diferentes produtos e categorias para empresas. Criador do canal “Elefante Limonada”, onde explora a inovação e a criatividade de maneira descontraída e leve.

Por Eduardo Paraske