Um total de 67% dos executivos do Brasil acredita que o principal desafio da transformação digital não é a tecnologia, mas sim a cultura organizacional, que acaba sendo um entrave para que as empresas inovem.
A constatação faz parte da pesquisa inédita Estudo Nacional sobre Evolução Digital e Inovação de Negócios, divulgada pela empresa brasileira de tecnologia digital Meta e pela escola de negócios Fundação Dom Cabral. Foram ouvidos mais de 100 CEOs e executivos de corporações de médio e grande porte, de segmentos diversos, que juntas superam os R$ 100 bilhões de faturamento.
Ainda segundo o estudo, 66% dos executivos afirmam não realizar diagnósticos de maturidade digital (avaliação do conjunto de ações que tornam uma empresa disruptiva) e 30% afirmam que estruturar o processo de digitalização é o principal desafio.
O documento ressalta a necessidade de promoção de uma mudança cultural nas companhias, de modo que as pessoas possam ser integradas ao processo de transformação digital. Para Hugo Tadeu, diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, é necessário que as empresas estimulem seus colaboradores para a agenda da inovação.
“As empresas precisam observar: o quanto a área de pessoas influencia a tal da segurança psicológica? Como estão fazendo o perfil dos profissionais para estimular as pautas de inovação? Sinal de alerta para as empresas, pois não adianta ter apenas tecnologia. São pessoas, precisamos estimular as pessoas”, diz o especialista.
Telmo Costa, CEO da Meta, também avalia que, para avançar na transformação digital, é necessário incorporar as pessoas no processo de tomada de decisão. “O que o contexto atual aponta é que as pessoas vêm antes de qualquer decisão sobre qual software utilizar”, disse.
Sem estratégias de longo prazo
O estudo aponta também alguns elementos da transformação digital que já vêm sendo percebidos como importantes pelos líderes entrevistados, como computação em nuvem (73%), Big Data e análise avançada de dados (68%), desenvolvimento de software e aplicativos (63%), além de Conectividade de IoT (47%). No entanto, falta às empresas mensurar o impacto da transformação digital nos negócios e adotar uma visão estratégica para a inovação.
Segundo o estudo, as estratégias que estão sendo adotadas até agora pelas empresas focam na maior parte das vezes em ações de curto prazo. 32% dos líderes ouvidos admitem que suas estratégias não contemplam o longo prazo, enquanto 34% dos executivos disseram que contemplam pouco.
Isso mostra que grande parte das empresas têm focado apenas na urgência e na sobrevivência de seus negócios, quando, na verdade, precisariam pensar em estratégias mais duradouras e no alinhamento das mudanças culturais aos avanços da tecnologia.
“Podemos perceber que a transformação digital é questão de sobrevivência. O desafio, mais do que estar à frente de tecnologias disruptivas, ter um e-commerce ou adotar o 5G, é encaixar as mudanças socioculturais e geracionais às mudanças tecnológicas”, avalia Costa.
Fonte: Época Negócios