O ano de 2022 não foi positivo para as criptomoedas. A principal delas, o Bitcoin, viu seu valor cair cerca de 60% desde janeiro. Apesar disso, empresas brasileiras estão apostando nas criptomoedas para fidelizar clientes, entre elas o banco digital Nubank e a gigante do e-commerce Mercado Livre.
No Brasil, o segmento de criptomoedas cresce, mas ainda tem uma fração do tamanho visto nos EUA. A receita para o segmento no País é estimada em US$ 489 milhões, um crescimento anual de 35%, enquanto no mundo o segmento avança, em média, 6,7%. No mercado americano, o movimento é de US$ 18,5 bilhões. Por aqui, a receita média por pessoa é de US$ 64,66, menos da metade da média global de US$ 135, segundo dados da consultoria Statista.
Para Arthur Igreja, especialista em tecnologia e autor do livro Conveniência é o Nome do Negócio, a principal utilidade de uma criptomoeda feita por uma empresa é a criação de “clube de fãs”, ou seja, estabelecer ou ampliar o relacionamento com os consumidores para entender seus padrões de consumo. Igreja afirma que, apesar de a bonificação usando uma criptomoeda ter valor diferente do dinheiro, dado no cashback (dinheiro de volta), ela pode significar uma redução de custos às empresas.
O anúncio mais recente de criptomoeda foi feito pelo Nubank, que criou a chamada NuCoin. Em projeto-piloto, a moeda será utilizada de forma tímida no primeiro momento. “O objetivo do Nubank ao desenvolver sua própria criptomoeda é oferecer aos clientes benefícios como descontos e vantagens à medida que acumulam NuCoins”, informa a empresa. Ou seja: inicialmente, a criptomoeda apenas será utilizada para recompensar os usuários do cartão de crédito e da conta digital.
O Mercado Livre é outra empresa que criou uma criptomoeda própria com o intuito de oferecer esse ativo como uma bonificação em compras feitas no seu site. A ideia é de que a moeda seja um cashback mais moderno.
A abordagem do Mercado Coin é mais clara. A criptomoeda, uma parceria com a argentina Ripio, poderá ser usada para compras no marketplace da empresa e também poderá ser negociada ou até resgatada em reais no aplicativo do Mercado Pago. A Mercado Coin começa valendo US$ 0,10 e passará então a obedecer à lógica de precificação do mercado, variando de acordo com oferta e demanda.
O uso das moedas digitais como recompensa já entrou de olho nas plataformas de benefícios. A Dotz, fundada em 2000, também terá sua própria moeda digital. Segundo Roberto Chade, presidente da Dotz, a empresa, além de garantir a troca por produtos, já tem há quase um ano a opção de troca de pontos acumulados por moedas digitais de terceiros. Agora, terá uma opção própria: “Em breve lançaremos a DotzCoin”, diz.
Fabio Santoro, diretor da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (ABEMF), diz que um bom programa de fidelidade ajuda a fugir da guerra de preços. “O programa de fidelidade ajuda a aumentar o gasto com uma categoria e também a aumentar a presença da empresa na vida do cliente. Isso transforma consumidores em advogados de uma marca, como acontece na Apple ou Harley-Davidson”, afirma Santoro.
Na visão de Ayron Ferreira, diretor de pesquisa da Titanium Asset, gestora de recursos especializada em criptoativos, a criação de criptomoedas por empresas é comum, mas muitas falharam e perderam muito valor após a permissão da compra e venda desses ativos fora de seu sistema próprio. “A diferença dessas criptomoedas é que elas têm grandes marcas por trás. Isso pode dar a elas legitimidade, mas é preciso que elas sejam úteis (para a clientela)”, diz.
Com informações de Estadão Conteúdo
Imagem: Shutterstock
Por: Mercado e Consumo