Vitalik Buterin, um dos criadores do blockchain Ethereum, criticou nesta semana a direção adotada por empresas em relação ao metaverso. Na visão do desenvolvedor, o termo se tornou um “nome de marca” e acabou se desviando das intenções originais ligadas à ideia de expansão da realidade virtual.
Buterin falou sobre o tema durante sua participação em uma conferência na Coreia do Sul. Nela, ele destacou que “o metaverso está mal definido e muitas vezes é visto mais como um nome de marca do que como um produto”. O comentário parece fazer referência à Meta, que não foi citada diretamente por ele mas mudou seu nome em 2021 para fazer referência ao metaverso.
O criador da Ethereum compartilhou a sua definição para o termo: “Ele é imaginado como um universo virtual em que todos vão poder participar e que não seria controlado por ninguém. É também frequentemente associado à realidade virtual, onde nossas necessidades seriam mais simples, algo semelhante a querer um notebook sem ter o notebook”.
Entretanto, Buterin opinou que, apesar do metaverso ser constantemente associado à realidade virtual, o conceito poderia ir além. Ele comentou que a associação “é super útil, mas [o metaverso] não é realmente um universo”, defendendo uma outra abordagem para a ideia.
O desenvolvedor disse ainda que, para que o metaverso funcionasse de forma bem-sucedida, seria preciso criar algo que combinasse “todos os diferentes elementos de um mundo virtual que já temos, como criptoativos, realidade virtual e alguns elementos de inteligência artificial, tudo do jeito certo”.
Os comentários de Vitalik Buterin ocorrem em meio a um cenário de perda de espaço do metaverso em relação a outras tecnologias e conceitos inovadores desde 2023. Antes disso, ele chegou a ser um dos tópicos mais discutidos por empresas e especialistas, atraindo a atenção de milhões, mas com poucos avanços práticos.
Pouco tempo depois, não é incomum encontrar avaliações de que o metaverso estaria “morto”. O tema saiu da pauta principal de diversas empresas e muitos ainda apontam ceticismo em relação à possibilidade da passagem da vida “real” para um ambiente virtual.
Ao mesmo tempo, defensores do conceito avaliam que novos avanços tecnológicos ocorreram e que o setor de tecnologia segue investindo e pesquisando o tema, mesmo que de forma mais discreta. Um estudo recente da consultoria PwC vai na mesma linha, projetando que a área deve gerar R$ 4 trilhões para companhias até 2030.
Em entrevista, Junior Borneli, fundador da escola de negócios StartSe, apontou que o metaverso tem potencial para crescer nos próximos anos, mas ainda depende de alguns avanços tecnológicos para dar mais concretude às suas propostas. No momento, porém, ele avalia que o termo acabou virando “sinônimo de fracasso”.