sábado,23 novembro, 2024

Coppe recebe ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação em aula comemorativa de 60 anos

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, proferiu, na segunda-feira (20/3), a aula magna de recepção aos alunos do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe).  A iniciativa, parte das comemorações dos 60 anos da unidade, abordou as ações do novo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em busca de uma sociedade menos desigual.

Durante a abertura do evento, o reitor em exercício, Carlos Frederico Leão Rocha, anunciou a criação de uma rubrica voltada para a assistência estudantil para alunos da pós-graduação e ressaltou a importância de fortalecer o mercado a fim de absorver os doutores formados nas universidades.

“Formamos, em média, três mil doutores por ano, mas a UFRJ só consegue absorver 80 deles. Os outros deveriam ser absorvidos fora da universidade para promover o desenvolvimento social, tecnológico e de inovação.”

Com o auditório da Coppe lotado, Luciana Santos iniciou sua fala destacando a necessidade de uma virada na conjuntura da pesquisa no país, retomando a crença na universidade pública e nos pesquisadores. Dados da Web of Science, sintetizados pela Universidade de São Paulo, mostram que 90% da ciência brasileira é produzida nas universidades.

“Nosso governo não considera a universidade um espaço de balbúrdia, pelo contrário, a ciência está de volta ao Brasil. A pesquisa desenvolvida no país é robusta, pujante, e isso é comprovado por números”, comemorou.

 Para a ministra, o conhecimento é essencial para garantir uma sociedade livre e soberana. A grande riqueza natural e humana pode garantir ao Brasil um melhor posicionamento político e científico, buscando reforçar sua importância geopolítica e sua reinserção no mundo.

De acordo com ela, um dos projetos em desenvolvimento atualmente é o da criação do Centro Nacional de Vacinas, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais. A iniciativa investe no aumento da produção dos Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFA), que são necessários para a produção de imunizantes e foram centrais no combate à pandemia da covid-19.

Entre as outras ações planejadas pelo Ministério para os próximos anos, estão principalmente as que pretendem diminuir a desigualdade entre diversos setores da sociedade, como, por exemplo, a inclusão digital. 

“Já vivemos em um fosso de desigualdade no que se refere ao acesso às tecnologias. As mudanças no mercado de trabalho e na educação podem aprofundar ainda mais esse contraste.”

Primeira mulher à frente do MCTI, Santos defendeu, durante sua aula, uma maior inclusão de mulheres na pesquisa. O grupo ocupa 60% das bolsas de iniciação científica, porém apenas 35% das bolsas de produtividade, modalidade para pesquisadores mais experientes. O que justifica tantas mulheres terem ficado pelo caminho na carreira?

Com esse cenário, o setor já vem trabalhando para melhorias que buscam a permanência de estudantes na pós-graduação e em sua inserção no mercado de trabalho. Em fevereiro, o governo anunciou o reajuste das bolsas de pesquisa, que não sofriam alteração desde 2013. O aumento varia entre 25% e 200%. As voltadas para mestrado e doutorado, por exemplo, tiveram um reajuste de 40%.

“As bolsas são essenciais para a pesquisa, pois permitem a dedicação exclusiva e a permanência. Temos um fenômeno de fugas de cérebro e vamos enfrentar buscando garantir que as pessoas fiquem e voltem para o país”, declarou.

Coppe celebra seis décadas de sua inauguração

Na abertura do evento, o diretor da Coppe, Romildo Dias, comemorou os 60 anos do Instituto e deu boas-vindas aos novos alunos. O professor ressaltou que o Instituto é um ambiente de pesquisa, inovação e tecnologia muito rico. “Desenvolvemos tecnologias que sirvam à sociedade, um pensamento que sempre nos norteou. Temos o ponto de vista tecnológico e científico, mas também da aplicação.”

Em 1/3/1963, poucos dias após a celebração do carnaval, foi realizada a primeira aula do curso de mestrado em Engenharia Química da UFRJ, o começo de uma trajetória de sucesso em ensino, pesquisa e extensão, que culminou na criação do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), um dos maiores centros de ensino e pesquisa em Engenharia da América Latina.

Apoiada em três pilares – excelência acadêmica, dedicação exclusiva de professores e alunos e aproximação com a sociedade –, a Coppe é a instituição brasileira de Engenharia com o maior número de notas máximas concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Dez de seus 13 cursos de pós-graduação obtiveram conceitos de excelência internacional (6 e 7), atribuídos a cursos cujo desempenho é equivalente aos mais importantes centros de ensino e pesquisa do mundo.


A Coppe possui o maior complexo laboratorial de engenharia da América Latina, com mais de 100 instalações de alto nível. Foi pioneira na aproximação da academia com a sociedade, transformando conhecimento em riqueza para o país. Por meio de contratos e convênios com empresas, governos e entidades não governamentais administrados pela Fundação Coppetec, o conhecimento acumulado na Coppe é diretamente posto a serviço do desenvolvimento econômico, tecnológico e social do país. Desde sua criação, em 1970, a Coppetec já administrou mais de 13 mil contratos.


Desde 1994, a instituição mantém a Incubadora de Empresas da Coppe/UFRJ, que já favoreceu a entrada de mais de uma centena de serviços e produtos inovadores no mercado. Estimulou a criação do Parque Tecnológico da UFRJ, sediado na Cidade Universitária, que reúne centros de pesquisa de grandes empresas e vários laboratórios da Coppe, entre eles o LabOceano, inaugurado em 2003, e, à ocasião, detentor do maior tanque de ensaios para águas profundas no mundo.
Também foi pioneira ao colocar a Engenharia e suas tecnologias a serviço do combate à pobreza e às desigualdades sociais, com a criação, em 1995, da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, responsável pela capacitação e graduação de mais de 100 cooperativas.

Por Carol Correia

Redação
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