Quando pensamos no futuro da tecnologia e em robôs, muitas vezes imaginamos formas humanoides que tentam nos imitar, como nos filmes Eu Sou A Lenda (2007) e A.I – Inteligência Artificial (2001). Mas uma nova exposição em São Paulo traz outra narrativa – bem mais fofa – para a evolução das máquinas.

Convivendo com robôs é a nova mostra da Japan House, centro dedicado à cultura japonesa na Avenida Paulista. A exposição — cuja curadoria é do artista plástico francês Zaven Paré — conta com 11 robôs categorizados como de companhia, serviço ou entretenimento. Todos foram emprestados ou adquiridos diretamente de empresas que os fabricam no Japão.

No dia a dia lá no Japão, essas máquinas ajudam seus donos — seja em hospitais, escolas ou domicílios mesmo. “O presente no Japão nos conta um pouco sobre o futuro em todo o mundo”, comenta Paré, em entrevista a GALILEU. Para ele, o país asiático é uma espécie de laboratório. “Alguns desses robôs demonstram como é possível motivar e interagir; são robôs empáticos, que trazem apelos emocionais e expressões universais como o ato de bater palmas ou um olhar mais expressivo”, explica o curador.

Compaixão e empatia

O primeiro robô que os espectadores encontram ao entrar no espaço da mostra é o Paro. Ele tem a aparência de uma foca-harpa (Pagophilus groenlandicus) de pelúcia e usa chupeta. No Japão, ele é muito usado em hospitais, para tratar ansiedade e estresse, principalmente em idosos com demência. “Assim que se recria um vínculo afetivo, você permite à pessoa fixar melhor a memória”, explica Zaven Paré.

Fotografia do Paro, que imita uma foca de verdade — Foto: Marina Melchers
Fotografia do Paro, que imita uma foca de verdade — Foto: Marina Melchers

Essa fórmula se repete em outros robôs da mostra com formato de animais — a exemplo do aibo, um cachorrinho robótico. “Quando a pessoa interagir com eles, vai inclinar seu rosto a 10 ou a 25 graus, como se estivesse falando com um bebê ou um animal”, especula o curador. “Eu estudo comportamento, e quando a pessoa faz essa inclinação significa um sentimento de compaixão e empatia sendo exposto.”

Aibo, cãozinho robótico — Foto: Marina Melchers
Aibo, cãozinho robótico — Foto: Marina Melchers

No caso de aibo, isso acontece também porque ele é capaz de seguir o movimento das pessoas com os olhos, piscar e até pegar bolinha e dar a pata. Fabricado pela japonesa Sony, o cachorrinho robô é feito a partir de tecnologia de inteligência artificial conectada à nuvem.

“Mãozinha” robótica

Na categoria de robôs de serviço expostos na mostra da Japan House está “HAL – Hybrid Assistive Limb”. Projetado para melhorar a capacidade física de pessoas, ele pesa 14 quilos e é acoplado nas pernas para auxiliar a movimentação. Seu público-alvo são idosos, pessoas com deficiência ou que perderam força nas pernas.

Fotografia que mostra o HAL, utilizado em pessoas que tem dificuldades em locomoção — Foto: Marina Melchers
Fotografia que mostra o HAL, utilizado em pessoas que tem dificuldades em locomoção — Foto: Marina Melchers

Para que funcione, a máquina envia sinais de comando do cérebro até os músculos através dos nervos quando a pessoa tenta se mexer. “Acredito que [na exposição] o HAL deve ganhar muita atenção do público adulto, principalmente”, diz Paré. “Ao observar um exoesqueleto, é possível criar uma conexão instintiva, pois as pessoas se projetam envelhecendo.”

Serviço

Convivendo com robôs

  • Duração: 14 de novembro 2023 a 31 de março de 2024
  • Preço: gratuito
  • Horários: terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h é possível reservar horário)
  • Endereço: Av. Paulista, 52 – Bela Vista, São Paulo – SP