quinta-feira,19 setembro, 2024

Consultora de eventos fatura mais de R$ 100 mil com empresa especializada em casais negros

Adriana Viana criou o AfroWedding em 2018 para dar protagonismo a noivos e profissionais pretos em casamentos

Desde 2012, organizar festas de casamento tem sido um bom negócio na vida de Adriana Viana, 35 anos, que fez da profissão uma luta por uma causa maior. Quando começou, a produtora de eventos trabalhava para um público mais amplo, mas sentia um incômodo cada vez que notava que pessoas semelhantes a ela, uma mulher negra, ainda eram minoria entre clientes e profissionais. “Nós negros éramos sempre a mão-de-obra: manobrista, copeiro, auxiliar de cozinha. Mas eu não nos via na linha de frente”, diz. Daquele desconforto surgiu a ideia de criar uma assessoria que colocasse a comunidade negra em lugar de destaque.

O planejamento da empresa Afrowedding (uma junção do termo “afro” com a palavra inglesa “wedding”, que significa casamento) foi feito durante uma noite de insônia da empreendedora, em 2018, enquanto ela se recuperava de uma lesão que a deixou oito meses sem andar. Viana lembra que, ao rezar para tentar dormir, teve a inspiração de montar o empreendimento que mudaria os rumos do seu trabalho e de 40 casais negros desde então.

No ano seguinte, a consultoria, localizada em São Paulo, já estava em pleno funcionamento, com a proposta de não só focar em casamentos afrocentrados (união afetiva entre pessoas negras) como também a de fortalecer o ecossistema de trabalhadores pretos do mercado de festas em diversos estados. “A sociedade negra começou a se identificar com esse projeto porque a gente apareceu não como mão-de-obra, mas como pessoas que executam de fato o trabalho e que fazem isso bem”, afirma Viana.

A montagem da assessoria foi feita com um investimento próprio de R$ 10 mil. A produtora reaproveitou equipamentos e materiais de trabalhos anteriores para a estrutura, como rádios e computadores, e foi reinvestindo na empresa com os recursos adquiridos com oito casamentos realizados em 2019. O primeiro aporte financeiro externo, lembra Viana, só chegou em 2022, com o programa de aceleração Afrolab, da PretaHub, no valor de R$ 32 mil.

Imersão nos casamentos

A Afrowedding oferece serviços a partir de R$ 5,2 mil. De acordo com Viana, o trabalho envolve assessoria personalizada, que pode ser total ou parcial, na qual ela busca entender as necessidades do casal para o planejamento das bodas. Nos pedidos dos clientes, temas como decoração e roupas que façam menção ao continente africano e produção de casamentos LGBTQIA+ já apareceram.

Afrowedding já organizou 40 casamentos,  dentre eles o de Daiana & Joshua — Foto: Afrowedding

Afrowedding já organizou 40 casamentos, dentre eles o de Daiana & Joshua — Foto: Afrowedding

Para organizar as festas, Viana conta que escolhe imergir pelo maior tempo possível na história e na vida do casal. O nível de aproximação envolve evitar realizar mais de um casamento por dia para que ela possa estar presente na celebração. Por mês, a empresa realiza em média quatro festas. “Eu não trato os meus casais como mais um. Faço um trabalho humanizado, gosto de conversar, entender a expectativa e saber daqueles pontos silenciosos que têm na história de cada casal”, diz Viana.

Além dos casais negros, a empreendedora conta que recebe propostas para organizar festas de uniões de pessoas de outras etnias que se identificam com o projeto. Ela conta que não deixa de atender esses clientes, desde que as datas não sejam conflitantes com as festas de seu público-alvo.

Propósito de vida

Com a renda resultante da consultoria, a empreendedora consegue se dedicar totalmente ao trabalho na Afrowedding. No ano passado, faturou R$ 98 mil com a empresa. Em 2023, já superou esse valor, com R$ 147 mil arrecadados até o momento. Mais do que um trabalho, a produtora considera a empresa seu propósito de vida e afirma que a consultoria quebra paradigmas ao mostrar que casais negros podem fazer grandes casamentos e podem ser exemplos de celebração do amor.

“É importante a gente se acolher. O que eu vejo com a empresa é que ela acolhe vidas, ela ama, ela fortalece e ela mostra à sociedade que nós estamos vivos, casamos, construímos família e fazemos grandes eventos” diz. “Quero deixar de legado uma sociedade inclusiva, na qual a gente possa alcançar aquilo que a gente quiser, possa se amar e ser feliz”, complementa.

Fonte:Pegn

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