sábado,23 novembro, 2024

Conheça o trabalho da Agência de Inovação do IFMT

A Agência de Inovação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) surgiu em 2008 a partir da necessidade de gestão da política de propriedade intelectual, do assessoramento a pesquisadores e empresas, buscando incentivar a proteção de novas tecnologias desenvolvidas nos diversos campi do Instituto. A chefe do Departamento de Inovação Tecnológica do IFMT, Fernanda Caldeira, explica que em 2004 foi regulamentada a chamada Lei de Inovação Tecnológica que possui o intuito de estimular as parcerias entre instituições acadêmicas e o setor privado. Segundo ela, esse processo era considerado bastante engessado devido a aplicação das normas gerais de Direito Administrativo brasileiro, mas com o estabelecimento da lei se tornou mais flexível.

Fernanda, que é mestra em administração e atua na área de pesquisa e inovação há cerca de 13 anos, relata que no Brasil, infelizmente, ainda existe uma mentalidade de que a universidade não produz nada, só gera gastos. Isso ainda ocorre porque não existe divulgação de tudo que é produzido dentro das instituições, diz ela. O IFMT possui uma vitrine tecnológica com diversos projetos, inclusive, invenções patenteadas.

“Muitas vezes os pesquisadores podem desenvolver algo extremamente importante, que irá trazer benefícios para a sociedade e ajudar no desenvolvimento do país, mas acaba sendo engavetado. Mesmo após a regulamentação da lei, demorou para termos esse espaço. O governo do estado mobilizou recursos para criação da Agência em prol do fomento da inovação. Nós queremos deixar de mandar tudo para fora e ter uma estrutura de pesquisa e inovação aqui em Mato Grosso”, afirma.

O Instituto Federal possui uma vasta infraestrutura de pesquisa, desenvolvimento e inovação espalhada por todos os campi do estado, com inúmeros laboratórios. Por exemplo, o campus de Cuiabá Bela Vista, possui laboratórios de química analítica, solos e sedimentos, monitoramento de água e ar, microbiologia de alimentos, entre outros. Já o campus Octayde Jorge da Silva, também de Cuiabá, é mais focado na área de tecnologia e mecânica, possuindo laboratórios de instalações elétricas, mecânica, informática e máquinas elétricas. Dentro desses espaços é possível encontrar equipamentos como: balança analítica, microscópios, fotômetro de chama digital, geladeira vertical, estufas bacteriológicas, capela de exaustão, destilador de água, dentre outros. O Instituto possui laboratórios exclusivos para o desenvolvimento de pesquisas, mas os alunos do ensino médio também são estimulados a trabalhar com a inovação tecnológica.

Um dos projetos patenteados é o Sistema de insensibilização de peixes por meio do uso de corrente elétrica alternada. Criada por Daniel Oster Ritter, Marilu Lanzarn e Marcelo Luiz da Silva, a invenção tem como objetivo promover a insensibilização instantânea de peixes por meio do uso de corrente elétrica alternada. Esse processo proporciona uma minimização do estresse e, consequentemente, melhora da qualidade da carne devido à preservação das reservas energéticas na musculatura do animal.

Por dentro dos laboratórios

O 360 News teve a oportunidade de conhecer alguns desses laboratórios de pesquisa presentes no Campus Bela Vista. Acompanhados pelo coordenador e professor, Edgar Nascimento, podemos ver de perto a estrutura completa desses ambientes.

A mestranda em ciência e tecnologia de alimentos, Hellen Leimann Winter e sua professora Marilu Lanzarin apresentaram o laboratório de microbiologia de alimentos, nele são realizados projetos de análise que verificam a qualidade higiênico sanitária de produtos que estão sendo comercializados. A estudante conta que são procurados possíveis microrganismos deteriorantes presentes em alimentos que possam trazer danos à saúde do consumidor.

“Existe uma legislação que diz quais são os parâmetros microbiológicos para cada alimento, nos baseamos nessa legislação e verificamos se os produtos se adequam a ela. A partir disso publicamos artigos mostrando o que está certo e o que precisa melhorar para atingir o padrão correto de qualidade higiênico sanitária”, diz a mestranda Hellen Leimann.

A pesquisadora e graduanda de engenharia de alimentos, Deyse Miranda, relata que durante o auge da pandemia de covid-19 o laboratório de biotecnologia foi utilizado para auxiliar no diagnóstico da doença. Devido a rápida disseminação do vírus, a Prefeitura de Cuiabá acabou tendo dificuldades com a alta demanda de exames, foi quando o IFMT entrou para ajudar no processo.

Visitamos também os laboratórios de solos e sedimentos e o de monitoramento de água, onde o professor de química, Josias Coringa, contou sobre um projeto que vem sendo realizado em parceria com a Coca-Cola. Esse projeto utiliza a farinha de pequi, que é feita a partir da casca da fruta, com o objetivo de eliminar fósforo, nitrogênio e outros materiais tóxicos para o meio ambiente no tratamento terciário de afluentes. O projeto ainda está em desenvolvimento e não possui resultados ainda.

“A nossa instituição possui laboratórios de ponta, eles são muito bem equipados. Você não encontra uma infraestrutura como essa em qualquer lugar. Eu fico aqui e nem vejo a hora passar. O laboratório para instituição e para nós profissionais é a essência do trabalho. É aqui que se erra, é aqui que se acerta. Esse lugar é o meu orgulho”, explicita o professor.

Foto: Rebeca Paes

Josias aponta sobre a impaciência de algumas pessoas em querer um resultado imediato, mas que, quando se trata de pesquisas acadêmicas, isso não acontece pois é um trabalho que leva tempo para ser finalizado. A sociedade precisa conhecer a nossa realidade para ver que as pessoas que estão aqui dentro são extremamente capacitadas, diz ele. O químico atua há 27 anos na instituição e se mostra um grande apaixonado pela ciência.

A pesquisa científica é a base para a inovação e são nas instituições públicas de ensino brasileiras que a produção de conhecimento e tecnologias encontram um terreno fértil para se desenvolverem. Portanto, o desenvolvimento de qualquer país está diretamente relacionado ao investimento nesse setor. No final das contas, inovação e pesquisa são um bem público.

Texto por: Victória Oliveira.

Fotos: Rebeca Paes. 

Victória Oliveira
Victória Oliveirahttp://www.360news.com.br
Victória Oliveira é jornalista e estudante de cinema integrante do time 360 News. Especialista em escrever sobre atualidades, tecnologia, cultura e entretenimento.

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