O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) decidiu arquivar o processo que denunciava o uso de Inteligência Artificial para recriar a cantora Elis Regina no comercial da montadora alemã Volkswagen. Na produção, a artista, que morreu em 1982, aparece cantando o sucesso Como Nossos Pais, junto da filha Maria Rita.

Segundo o conselho de ética do Conar, a propaganda não fere os princípios do Código Brasileiro de Publicidade. “O colegiado considerou, por unanimidade, improcedente o questionamento de desrespeito à figura da artista, uma vez que o uso da sua imagem foi feito mediante consentimento dos herdeiros e observando que Elis aparece fazendo algo que fazia em vida“, disse o órgão em nota oficial.

Sobre o uso da técnica do deepfake – principal ponto criticado pelos consumidores –, o órgão explicou que ainda não existe regulamentação específica em vigor. Por isso, a maioria dos conselheiros optou pelo arquivamento do processo. “A transparência é princípio ético fundamental e, no caso específico, foi respeitada, reputando que o uso da ferramenta estava evidente na peça publicitária.”

Entenda o caso

A propaganda divulgada em julho mostra a cantora Elis Regina cantando a música Como Nossos Pais, de Belchior, enquanto dirige uma Kombi clássica original. Para recriar a artista, foi preciso usar deep fake, técnica de IA que faz o reconhecimento facial de imagens e vídeos de uma pessoa para reaplicar as características digitalmente em outro rosto.

Os consumidores se manifestaram afirmando que a propaganda deveria deixar claro que se tratava de uma inteligência artificial generativa híbrida.

Em nota, a Volkswagen do Brasil disse que a utilização da imagem de Elis Regina na campanha foi acordada com a família da cantora. “O objetivo da campanha era criar um momento único, por meio da inteligência artificial, reunindo Elis Regina, uma das maiores cantoras da história da música brasileira, e sua filha Maria Rita, ícone atual da MPB”, diz a nota.

Fonte: TecMundo