Cidades interioranas estão recorrendo a armadilhas e georreferenciamento para detectar focos da doença e atualizar casos
O Brasil passa por surto de dengue logo nos primeiros meses do ano. Segundo dados do Ministério da Saúde, janeiro de 2024 registrou o triplo de casos em relação ao mesmo mês em 2023, superando as 215 mil ocorrências. A situação é crítica, mas duas cidades do interior paulista, Santa Rosa de Viterbo (SP) e Serrana (SP), estão usando tecnologia como aliada no combate ao vírus.
As iniciativas ajudam não só a monitorar a situação dos mosquitos e do vírus, mas, também, a diminuir os casos de infecção e a economizar dinheiro. Por exemplo, em Serrana (SP), foram apenas 12 registros de dengue este ano.
Tecnologia no combate à dengue
No caso de Santa Rosa de Viterbo (SP), a 70 km de Ribeirão Preto (SP), o segredo foi a união de métodos convencionais de combate à dengue com armadilhas e análises laboratoriais. Veja:
- As armadilhas foram instaladas em diversos bairros da cidade para atrair o mosquito Aedes aegypti, vetor do vírus, por meio de composto não-tóxico adicionado na água parada. Isso permite a captura do inseto;
- Então, os mosquitos são encaminhados para laboratórios que realizam análises de DNA e RNA para identificar a presença dos quatro sorotipos conhecidos de dengue;
- Dessa forma, é possível controlar a proliferação do mosquito e diagnosticar a presença do vírus.
De acordo com André Nader, diretor do Departamento de Saúde da cidade, ao Jornal da USP, 96 armadilhas já ajudaram a reduzir o número de casos. Foram 399 casos em 2022 e 148 no ano seguinte, queda de 60%.
A iniciativa também resultou em economia. Segundo Nader, o investimento em 2022, quando não havia as armadilhas e análises em laboratório, foi de R$ 704 mil. Já em abril de 2023, após a instalação das armadilhas, caiu para R$ 261 mil.
Já em Serrana (SP), a 25 km de Ribeirão Preto (SP), a estratégia foi o uso de tablets e sistema de georreferenciamento. A técnica fornece dados estatísticos sobre a dengue, localização e mapeamento dos focos de criadouro em tempo real. Assim, é possível direcionar os esforços de combate rapidamente.
De acordo com Guilherme Montanari, secretário de saúde da cidade, isso ajuda no combate ao vírus, já que, antes, os dados eram computados uma vez por semana. Também há sistema de multas para os criadouros conforme o risco de saúde pública.
Tecnologia não é a única no combate ao vírus
Apesar de a tecnologia ajudar a combater o mosquito e o vírus da dengue, ela não é a única.
Para o professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Benedito Lopes da Fonseca, é importante que a população continue fazendo sua parte, não deixando que criadouros se estabeleçam em suas casas.
Ele ainda reforça que a tecnologia não pode ser estratégia de saúde pública, mas, sim, ferramenta para controle da doença.
Fonte: Olhar Digital