Recentemente, a Meta divulgou seu plano para ampliar significativamente a presença de inteligência artificial (IA) em seus aplicativos. Em breve, o Meta AI estará em todos os lugares: no feed de notícias do Facebook, na barra de pesquisa do Instagram e até nas conversas do WhatsApp.
O modelo de linguagem Llama 3 da empresa é também, talvez, o modelo de código aberto mais poderoso no mercado, embora o quanto ele seja aberto ainda seja objeto de debate. Mas, é fato, a Meta está demonstrando sua força e apostando que a onipresença da IA realmente melhorará a experiência do usuário. Mas e Mark Zuckerberg estiver errado?
Quem já testou o recurso, principalmente nos EUA, onde foi primeiramente lançado, tem descrito a experiência com o Meta AI como cansativa. Isso é particularmente evidente no Instagram, onde a função de pesquisa, antes um meio de encontrar a conta qualquer, agora parece existir principalmente para conduzir os usuários a uma conversa com um chatbot.
A barra de pesquisa agora exibe a mensagem “Pergunte qualquer coisa ao Meta AI”. Isso reflete uma mudança drástica, especialmente quando o usuário apenas quer verificar como anda a vida de alguém.
A invasão de IA criada pela Meta, no entanto, não deve obscurecer o crescente número de conteúdos gerados por IA por usuários que estão proliferando em seu ecossistema.
No Facebook, imagens geradas por IA enganam usuários desavisados, e grupos estão começando a perceber a presença de fotografias falsas. Não são rara no Brasil, imagens falsas que mostrem cenas falsas do passado para indicar uma suposta decadência do futuro.
O que mais deve mudar?
A introdução do Meta AI, um conjunto de ferramentas destinadas a facilitar a vida dos usuários e aumentar o tempo de uso dos produtos Meta, é um movimento intencional em uma área emergente de tecnologia. Se falhar, poderá ser porque os usuários realmente não desejam interagir com a IA onde esperam ver fotos de bebês de amigos, ou porque tornou toda a experiência desagradável e uma luta para encontrar o que é real.
Contudo, o verdadeiro problema do AI vem dos usuários. Após anos combatendo desinformação sobre política e a pandemia, a IA gerou um tipo de confusão difícil de ser completamente eliminada ou mesmo detectada. Sua mera presença faz com que as pessoas questionem a realidade, mesmo quando as imagens são, de fato, reais. Nas redes sociais, a realidade nunca foi tão distorcida.
Para enfrentar esse desafio, a Meta prometeu rotular imagens, vídeos ou áudios gerados por IA em suas plataformas, mas apenas se detectar “indicadores de imagem de IA padrão da indústria”, embora não tenha especificado quais são esses indicadores.
Se a Meta pensa que o que os usuários desejam é mais IA, está ignorando o fato de que a experiência no Facebook e Instagram já indicam uma certa saturação de conteúdo feito por inteligência artificial. Precisamos de mais?