Ondas de calor podem gerar e agravar problemas na tez. Saiba como se proteger e dicas para manter a hidratação nesses períodos
A recente onda de calor que deve caracterizar o fim do ano em boa parte do território brasileiro é momento de alerta para a população. O aumento das temperaturas tem efeito direto no organismo humano, incluindo o maior órgão do corpo: a pele, um tecido que fica exposto diretamente aos rigores das épocas de termômetros altos.
O Dr. Evandro Prado, coordenador do departamento científico de dermatite atópica da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) ressalta que a maior atividade das glândulas sudoríparas, responsável pela produção do suor que ajuda a regular a temperatura corporal, responde a potenciais agravamentos em casos de doenças já existentes, ou maior incidência de problemas em certos casos.
Um exemplo é a dermatite atópica, uma inflamação da pele considerada crônica, e que atinge até 20% das crianças e cerca de 3% dos adultos no Brasil. “A sudorese excessiva resultante do aumento de temperatura acarreta em um aumento da coceira e pode ser considerado um agravante da dermatite atópica”, diz Prado. Trata-se do mesmo efeito sobre a pele de um banho quente.
Prado cita outro problema afetado pelo suor: “Um exemplo são as brotoejas, que são na verdade são resultado do aumento da função de glândulas sudoríparas.” Além disso, “o aumento de temperatura também pode desencadear uma vasodilatação da pele, com consequente agravamento da vermelhidão e da coceira, que podem ocorrer principalmente nas urticárias”, alerta o especialista.
A questão da pele se soma a outros problemas do corpo que podem ser agravados durante ondas de calor. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esses períodos podem trazer maiores riscos de acidentes cerebrovasculares e de tromboses, além de apresentar complicações mais ligadas ao aumento da temperatura, como insolação, hipertermia e exaustão pelo calor. Há ainda impactos relacionados ao trabalho sob calor extremo.
Conforme termômetros chegaram a se aproximar dos 50°C em algumas regiões do país, o especialista explica que é difícil precisar uma temperatura específica a partir da qual seja preciso cautela redobrada com a pele. A dilatação de vasos sanguíneos e a produção do suor, afinal, se relacionam à sensação térmica, que dependem de pessoa para pessoa. Há também outras diferenças físicas a serem consideradas: “Indivíduos de pele branca sentem muito mais as temperaturas altas que indíviduos com pele escura.”
A OMS reforça o caráter individual desse impacto: segundo o órgão, esses efeitos dependem da adaptabilidade de cada pessoa e sua situação de vida, mas sintomas sérios podem ocorrer de supetão. Portanto, é importante ficar atento aos cuidados necessários.
Como se proteger
“Cuidados gerais são muito importantes nesses períodos de altas temperaturas. Usar roupas leves, banhos frios para o resfriamento da pele, usar protetor solar, se hidratar bem”, lista Prado. Nas situações em que for possível, limitar a exposição ao sol entre as 10 e 16h é uma boa prática.
Sobre o protetor solar, ele tem ação além da estética da pele (combatendo envelhecimento e manchas na tez) pois seu uso ajuda a diminuir o risco de câncer de pele. “O valor mínimo recomendado para um adulto é o FPS (Fator de Proteção Solar) 30. Já o uso de produtos com FPS mais elevado (50+) é indicado para crianças, pessoas em tratamento dermatológico com ácidos, com pele muito clara, antecedentes de câncer de pele ou que, por alguma razão, não consigam cumprir a obrigação de reaplicar o protetor na frequência adequada”, nos explicou em outra ocasião o dermatologista Ricardo Limongi Fernandes.
Hidratação não é apenas o copo d´água
Se ater a um consumo diário de água é ainda mais importante no calor, quando o corpo tende a secar e a circulação é afetada. Mas além do líquido em si outro aliado no calor são as frutas, capazes de manter o organismo bem hidratado além de oferecer outras benesses. As principais são:
Melão: composto 93% por água, o alimento é considerado pouco calórico, além de ser fonte de vitaminas E, A e C, ajudando em processos anti-inflmatórios e reforçando na imunidade do corpo;
Laranja: famosa fonte de vitamina C, a laranja reforça também o sistema imunológico e é boa fonte de hidratação. 87,6% dela é água, afinal;
Melancia: perde apenas para o melão com a fruta mais repleta de água da lista (92,5% de sua composição), além de agir como alimento antioxidante e anti-inflamatório;
Mamão papaia: também com alto potencial hidrante (quase 90% da fruta é água), o mamão papaia também é um aliado para quem sofre com constipação intestinal – suas fibras ajudam na soltura do intestino.
Texto: Redação, da GQ