Os primeiros anos são desafiadores para a maioria esmagadora das empresas. Para as startups VC-backed não é diferente. De acordo com um estudo da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), cerca de 70% das startups fecham antes de completar dois anos de funcionamento e após esse período, 50% não apresentam resultados.
Entender as causas desse fracasso e aprender com elas é fundamental. Em grande parte, acontece por não encontrar o formato ideal para o crescimento do negócio. Isso porque o oxigênio de toda a indústria de venture capital é growth: o retorno dos investidores está diretamente ligado à capacidade da startup escalar – 10x, 100x ou até 1000x. Entretanto, em 2023, é ainda mais necessário crescer sem cair nas inúmeras ciladas que costumam aparecer. Conheça as principais armadilhas que atrapalham o crescimento das startups nos primeiros anos.
1. Fácil é achar que o que eu faço é fácil
O crescimento de uma startup é delicado. Como costumo falar: “é muito fácil achar que é fácil”. Na prática, existem diversos fatores que podem influenciar no fracasso do negócio, como a falta de uma narrativa clara e a ausência de clareza do funil de vendas. Isso porque quando a startup entra na fase de Growth, ela precisa enfrentar novos desafios, nos quais a equipe responsável pelos primeiros anos da startup não está preparada. Para isso é preciso contar com experts.
2. Não perceber o risco
Costumo dizer que escalar investimento de R$ 300.000 para R$ 3.000.000 por mês, e ainda esperar que tudo dê certo não é realista. Mas o oposto também é verdade. Isso mesmo, reduzir investimento de R$ 3.000.000 por mês para R$ 300.000, sem ajuda, e esperar que tudo dê certo é igualmente irreal. O que é real é a possibilidade de reduzir drasticamente o investimento com consequências mais severas. Ou seja, os empreendedores que forem espertos vão mostrar que conseguem ser produtivos e eficientes.
3. Não investir em growth após uma rodada seed
Contar com uma equipe de growth após uma rodada seed significa uma virada de página e um novo patamar para o seu negócio. Portanto, fazer essa virada desamparado não é a melhor decisão. É preciso estar amparado por profissionais experientes, que saibam usar uma estratégia adequada ao estágio da empresa.
4. Contratar pessoas sem avaliar demanda
Talvez essa seja uma das ciladas mais comuns: contratar pessoas sem pré-validar as hipóteses de growth. Por exemplo, quando a contratação de um profissional sênior é feita sem antes validar a real necessidade desse perfil, esses profissionais acabam se tornando “desocupados talentosos”. Em casos assim, costumo dizer que há paixão pela solução e não pelo problema.
5. Racionalizar o caixa
Por mais que o cenário esteja obrigando as startups a fazerem um uso melhor de seus recursos, uma cilada muito recorrente ainda é queimar caixa desnecessariamente. Isso porque o crescimento exigido é acelerado, sendo preciso crescer de forma mais barata. Os fundadores não podem se dar ao luxo de arriscar investimento em coisas que eles não sabem fazer. O ideal é trazer especialistas em Growth, com track record comprovado.
6. Fazer tudo em casa
Esse efeito de recrutar milagres e acreditar que quando se contrata uma equipe o seu problema acaba é uma grande cilada. Quando entra uma pessoa ou equipe nova, o founder deve ficar ainda mais perto. Nesse sentido, contar com o apoio de uma consultoria externa especializada em growth, com experiência em diversos projetos anteriores, pode ajudar a sua empresa a crescer de forma mais acelerada.
Como última ressalva para founders destaco a importância de não desperdiçar o aprendizado dos últimos 12 meses, talvez os mais desafiadores para esse mercado. Deixe o ego de lado, é o momento de aprender com o insucesso de muitas startups e lay-offs de milhares de bons profissionais.
Fonte: Exame