Para um empreendedor, poucas coisas são mais difíceis de engolir do que sofrer um down round. Um down round é quando a startup capta uma nova rodada de investimentos com valor de mercado inferior à última. Quando isso acontece, os investidores conseguem fatias maiores do negócio por preços menores.
As “rodadas de baixa”, na tradução literal, passaram a acontecer de maneira mais marcante a partir da metade do ano passado.
De acordo com a Global Data, o volume de investimentos em startups nos primeiros nove meses de 2022 caiu 33% em relação ao mesmo período de 2021. Mais para o final do ano, desesperadas por dinheiro, algumas startups venderam participações com descontos que chegaram a 50%.
Embora as desvalorizações tenham atingido todo o mercado, quem sentiu o baque com mais força foram as gigantes.
BlockFi, Klarna e Stripe são exemplos de gigantes que tiveram que reduzir seus valuations para negociar novas rodadas. Respectivamente, seus valuations caíram de US$ 3 bilhões para US$ 1 bilhão, de US$ 45,6 bilhões para US$ 6,7 bilhões e de US$ 95 bilhões para US$ 74 bilhões.
Tudo indica que esses movimentos devem continuar acontecendo em 2023. Em um período de maré baixa, quem tem dinheiro para financiar apenas doze meses de operação, ou menos, está particularmente vulnerável a sofrer desvalorizações – e até mesmo aquelas mais saudáveis correm esse risco quando os valuations de negócios similares despencam.
FUGINDO DO DOWN ROUND
Estruturar rodadas internas é uma das maneiras que os empreendedores encontraram para evitar que o valor dos seus negócios caísse pela metade. Nelas, as startups fazem acordos com os seus investidores atuais para conseguir cheques adicionais, às vezes até oferecendo algumas vantagens, como descontos em ações em uma futura oferta pública.
Alguns investidores estão dispostos a não olhar para o valuation e injetar mais US$ 5 milhões em uma startup em que já colocaram US$ 100 milhões, por exemplo, para ajudar o negócio a se recuperar e para proteger seu investimento inicial.
Geralmente, essas rodadas acontecem quando a startup busca novos investimentos junto a fundos, mas não consegue manter o mesmo valuation da rodada anterior. Assim, a saída é aceitar cheques menores para garantir o caixa necessário para navegar durante esse período mais seco do mercado.
Outra estratégia de quem conseguiu driblar o down-round em 2022 é prometer aos investidores um break-even mais imediato, tirando o pé do acelerador no crescimento. Foi o caso da NotCo, que recebeu mais de US$ 70 milhões na rodada mais recente, sem sofrer desvalorização.
Para não correr o risco de precisar novamente de capital em pouco tempo, a NotCo já alegou que deve se tornar lucrativa em dois anos, quando o plano original previa atingir o break-even em cinco – e, para isso, sacrificará o crescimento e aumentará as margens.
Fonte: Startse