O vácuo deixado pela retração dos fundos de venture capital, locais e globais, novos ou antigos, foi rapidamente preenchido por um novo tipo de veículo de investimento em startups: os fundos de investimento corporativos. Os CVCs, abreviação de Corporate Venture Capital, fundos criados por empresas para investir em startups, foram responsáveis por 31% das transações nos primeiros 6 meses do ano, segundo a Abvcap.
A representatividade desse tipo de investimento quase dobrou: no ano passado, os fundos de corporate venture foram responsáveis por 16% das transações. A parcela de investimentos do tipo fica acima da média global – no médio prazo, a proporção deve se alinhar à média global.
No mundo, 25% das transações são realizadas por CVCs e o Brasil tem seguido a mesma linha, de acordo com Gabriela Toribio, coordenadora do comitê de fundos corporativos da Abvcap e gestora da Wayra Brasil e Vivo Ventures.
Empresas gigantes estendem seus braços de inovação
Para abraçar uma categoria crescente e investir, de fato, em inovação fora das empresas, já são 84 empresas no país com fundos de corporate venture em operação. Outras 37 estão no processo para criar seus próprios veículos de investimento. Unimed, BRB, Itaipu e Afya foram algumas das entrantes no espaço nesse ano.
A maioria dos CVCs ativos no Brasil estão concentrados nos segmentos de TI, bancário e indústria, mas há um crescente interesse dos fundos de CVC em investimentos ligados a teses de ESG – especialmente climatetechs, mobilidade e descarbonização.
Segundo trimestre demonstrou apitite das empresas
Somente no segundo trimestre do ano, foram 25 transações com participação de CVCs, mais que o dobro da movimentação dos primeiros três meses do ano e 8,7% a mais que o mesmo período de 2022. Foram R$ 680 milhões movimentados de abril a junho pelas transações.
Além do vácuo deixado pelos outros tipos de veículos de investimento do venture capital, as transações aumentam em linha com a maturidade dos fundos: a maioria levantou capital nos últimos dois anos e agora precisa aportar em startups.
No curto prazo, deve haver um aumento da participação desses veículos em transações, de acordo com Sandro Valeri, fundador da Slat Ventures. No início, a maioria das empresas realiza investimentos com o próprio balanço e, depois, lançam seus veículos de investimento com gestão própria ou terceirizada.
Para se ter uma ideia, o Bradesco, um dos pioneiros do mercado, investiu em cinco empresas somente em 2023. A Inovabra já investiu R$ 3 bilhões em 35 empresas. Para quem prefere terceirizar a gestão, o surgimento dos fundos multicorporate é uma opção. A MSW Capital lançou o segundo veículo do tipo e conta com 4 empresas como investidoras: Baterias Moura, Embraer, BB Seguridade e AgeRio – o objetivo é captar R$ 100 milhões.
Por que importa?
O crescimento das transações de corporate venture capital reforçam a percepção de que as empresas têm disposição para investir em inovação além de suas paredes. Colaborar e, principalmente, investir em startups está mais na mesa do que nunca. Com o espaço deixado pelos outros tipos de investimento – que sofreram desaceleração – as empresas devem se tornar cada vez mais responsáveis por financiar a inovação no país.
Vale lembrar que até mesmo em plataformas online, como a Captable, a participação das empresas é frequente. Em geral, os investimentos via pessoa jurídica não são nem anunciados ao mercado, mas ocorrem em quase todas as rodadas. No caso da Sensix, agritech que realizou rodada em abril deste ano, a participação foi, de fato, de um fundo de corporate venture, a SLC Ventures, fundo da SLC, empresa listada em Bolsa.
Na Captable, qualquer um pode investir com os diferentes tipos de veículos de investimento e potencializar as chances de ver a investida crescer. A validação dada pelos players externos também reforça a imagem dos deals frente ao mercado e alarga a avenida de captação disponível para empreendedores com o sonho de construir um grande negócio. Conheça as oportunidades disponíveis e cadastre-se.
Fonte: Startse