sexta-feira,22 novembro, 2024

Como a Inteligência Artificial pode mudar a forma como consumimos arte?

O uso de inteligência artificial para a criação de obras vem despertando discussões entre artistas de todo o mundo – principalmente depois que uma colagem digital feita por uma IA venceu o concurso promovido pela Feira Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, no ano passado.

Apesar de polêmico, é fato que a inteligência artificial está abrindo espaço nas artes. A chegada de IAs generativas, como ChatGPT, Midjourney e Dall-E, ferramentas capazes de gerar imagens a partir de textos escritos por humanos, balançou artistas e o próprio mercado da arte. Com obras geradas por computadores presentes em museus, muitos se perguntam: como a inteligência artificial pode alterar a forma como consumimos arte?

Antes de tudo: imagens de IAs são consideradas arte?

Luís Guedes, Professor da FIA Business School, explica que a plataforma Dall-E Work Art oferece, à sua maneira, um vasto campo de possibilidades e democratiza a produção de imagens que podem ser consideradas, de certa forma, artísticas – essa questão, diga-se de passagem, é controversa por si só.

Os limites da arte são discutidos por artistas, antropólogos, sociólogos, dentre outros, há séculos. A estética é um ramo da filosofia que se debruça especificamente sobre as definições do belo, tamanha é a complexidade da questão. “A jornada do consumo de arte pode ser alterada com a Dall-E e outros da mesma natureza a partir da própria gênese da arte: essa peça realizada por uma inteligência artificial pode ser considerada arte?”, pondera o especialista.

De acordo com o dicionário de Oxford, arte é “a expressão ou aplicação da habilidade criativa e imaginação humana, normalmente em forma visual como pintura ou escultura, que resulta em obras a serem apreciadas principalmente por sua beleza ou poder emocional”. Por isso, o professor pontua: se pararmos no “humana”, as imagens geradas por IAs não são arte. No entanto, ao dar um pouco mais de elasticidade ao conceito, podemos acreditar que as obras concebidas pela Dall-E podem ser “apreciadas por sua beleza ou poder emocional”.

Portanto, só resta ao apreciador e consumidor de uma obra produzida por inteligência artificial a avaliação se tal obra pode ser considerada de fato artística e, portanto, comparável em valor a uma produzida por um artista humano.

A inovação no uso de obras de IAs pelas marcas

Trazendo o tema para o campo mercadológico, Luís Guedes acredita que o primeiro impacto das imagens de inteligências artificiais se dá na agilidade entre o que pode ser concebido intelectualmente e o que pode ser efetivamente realizado.

“O lapso de tempo entre a ideia do criativo e o produto acabado diminui consideravelmente e, além disso, podem ser exploradas dezenas de possibilidades a partir de ideias iniciais. As marcas têm agora a solução de um tradeoff que durava desde sempre: a quantidade de possibilidades de comunicação e o tempo para produzi-las, a custo constante. Para mais possibilidades, precisamos de mais tempo para produzir. Agora, temos possibilidades virtualmente infinitas em um tempo menor”, comenta.

Além disso, o profissional destaca que a jornada de construção e comunicação da marca junto ao seu público consumidor ou mesmo institucional pode tomar um corpo artístico com possibilidades interessantes e em outro nível de complexidade, desde que apoiados por artistas humanos.

A experiência de compra de itens que usaram obras de IAs de alguma forma pode se dar de diversas formas, todas ligados à maneira pela qual as marcas querem se comunicar com seu público visualmente. Por isso, o especialista pontua que, num futuro breve, será possível ver uma verdadeira explosão de formas de comunicação, visando não mais um público-alvo, mas cada consumidor: “O santo graal do desenvolvimento de produtos é o nicho de um, e pode ser que estejamos rumando para lá. Um shampoo feito para o seu DNA e cujo rótulo fala diretamente com você”.

As consequências das IAs podem comprometer
o futuro das artes?

Artistas, músicos, escritores, jornalistas, dentre muitos outros profissionais que trabalham com a criatividade estão atentos ao potencial das aplicações da IA generativa – aquela que pode produzir conteúdo inédito a partir de sua base de dados e de uma lógica interna de “colagem” de elementos. Não há dúvidas que essas plataformas vieram para ficar.

“Apesar do solavanco nas coisas como elas eram, não me parece que haja alternativa economicamente sustentável aos criativos a não ser aprender a usar essas ferramentas e tirar delas o potencial que podem oferecer. Apoiar-se nelas para ir para outro lugar é a melhor forma de seguir”, considera Luís Guedes.

Uma questão apontada pelo especialista é em relação à ética das relações entre os produtores de conteúdo e seu público ou cliente: para ele, os consumidores devem ser avisados que a obra foi feita em parte ou totalmente por IA generativa, assim eles poderão avaliar a obra a partir da forma como foi gerada.

Por: Flavia Magalhães

Redação
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